Debate sobre conjuntura internacional abre 7º Congresso da Esquerda Marxista

Leia o relato do 2º dia do Congresso.

Nesta sexta-feira (11), foi realizada, por meio de uma live transmitida pelo Facebook e pelo Youtube, a abertura do 7º Congresso da Esquerda Marxista. Participaram da atividade Serge Goulart, dirigente da Esquerda Marxista, e Fred Weston, editor do site In Defense Of Marxism e membro do Secretariado Internacional da Corrente Marxista Internacional (CMI), que apresentou um informe sobre a perspectivas da situação política internacional.

Em sua intervenção de abertura, Serge apontou para a importância que tem a construção de uma organização revolucionária e a necessidade de uma compreensão marxista da situação concreta da luta de classes. “O marxismo é nosso método, nosso programa, nosso Norte. Socialismo é nosso objetivo”, afirmou.

Serge destacou que a Esquerda Marxista é um instrumento na construção de um partido revolucionário para os trabalhadores e que, diante da profunda crise do capitalismo e da situação de pandemia vivida em todo o mundo, a organização tem procurado apontar para uma compreensão científica da realidade. Enfatizou a situação vivida no país, que beira aos 500 mil mortos pela Covid-19, o papel do governo Bolsonaro e como isso impacta a consciência dos trabalhadores.

Serge relembrou que, quando Bolsonaro venceu as eleições, a maioria da esquerda falava em um perigo fascista que se avizinhava e que foi a Esquerda Marxista uma das poucas organizações que, ao não renunciar ao marxismo e à análise da realidade concreta, foi capaz de apontar para o caminho correto a se trilhar. Sob Bolsonaro, não se tem um fascismo, mas um regime em decomposição, marcado pela profunda crise das instituições que vem sustentando a Nova República.

Serge destacou o papel cumprido pela luta dos trabalhadores, em resposta às “soluções” que os capitalistas propõem para superar a crise, cortando direitos e atacando liberdades democráticas. Apontou, nesse sentido, os processos políticos que vem ocorrendo em países vizinhos, como Chile e Colômbia, entre outros, enfatizando a importância da luta dos trabalhadores. Serge chamou a atenção para a necessidade de, no Brasil, a luta central seja pela derruba do governo Bolsonaro imediatamente, destacando como exemplos da disposição de luta dos trabalhadores as mobilizações de 29 de maio e, na próxima semana, em 19 de junho. Serge enfatizou que um passo fundamental nessa luta passa pela construção do Encontro Nacional Abaixo Bolsonaro Já, impulsionado pela Esquerda Marxista e mais de 1000 ativistas de todo o Brasil, a ocorrer em 10 de julho.

Situação Internacional

Em seguida, Fred Weston, representando a CMI, apresentou um panorama da situação econômica e política internacional. Começou apontando que a pandemia segue ainda sem uma perspectiva de solução, inclusive por conta do baixo número de vacinação na maioria dos países e do desenvolvimento de variantes do vírus.

Fred chamou a atenção para o desenvolvimento do processo político nos últimos anos, destacando que, antes da pandemia, havia uma vaga revolucionária percorrendo o mundo, que se viu temporariamente freada pelo avanço da Covid-19. Contudo, o fato de não haver pessoas nas ruas não significou que o processo de consciência se estagnou. Pelo contrário, o aprofundamento da crise do capitalismo e o avanço da pandemia fez com que, diante dos ataques a direitos e do aumento da pobreza, o descontentamento por parte dos trabalhadores se ampliasse ainda mais.

Fred citou como exemplos recentes desse processo de desenvolvimento da consciência a conquista pela esquerda da maioria da direção no maior sindicato do setor público da Inglaterra e a vitória de um sindicalista combativo no processo eleitoral para a presidência do Peru. Foram citados também exemplos como o levante dos trabalhadores na Colômbia, as lutas no campo na Índia, a resistência ao golpe em Mianmar, entre outros.

Fred também chamou a atenção para o fato de que a crise econômica não nasceu por conta da pandemia, ainda que a tenha acelerado. Apontou que, se olharmos para o capitalismo em seu conjunto, veremos um sistema que está atravessando uma crise profunda e histórica. Chamou a atenção para elaborações de anos anteriores da CMI, bem como de analistas da própria burguesia, que apontavam para sintomas de uma crise econômica que se avizinhava. Fred apontou também como essa situação de crise gera miséria, fome e destruição. “O capitalismo está acelerando o caminho em direção à barbárie”, afirmou.

Nesse cenário de crise, a solução da burguesia vem passando pelos ataques à classe trabalhadora, com retiradas de direitos conquistados. Fred destacou que essa é uma receita comum a todos os países, e que se viu sendo aplicada também nos últimos anos. Ao mesmo tempo, há também o processo de aumento de concentração de riqueza na mão de poucas pessoas. O avanço, por um lado, dessa concentração de riqueza e, por outro, dos ataques são os elementos principais no desenvolvimento da consciência dos trabalhadores. Como tentativa de resposta, a burguesia amplia as ações do Estado na economia, a um preço que, apesar de possivelmente levar a uma breve recuperação econômica, deve abrir uma crise ainda mais profunda.

Contudo, Fred chamou a atenção para o fato de que, apesar do avanço na consciência dos trabalhadores, que em alguns países, como Mianmar, levou a situações insurrecionais ou mesmo pré-revolucionárias, o que falta é uma direção revolucionária que leve à tomada do poder. Diante disso, apontou para a necessidade de construir uma corrente marxista enraizada no movimento operário, esforço este que move a ação da CMI e de suas seções, como é o caso da Esquerda Marxista no Brasil.

Fred chamou a atenção, além disso, para a necessidade de formar quadros que possam nas fábricas, nas universidades, enfim, em seus locais de militância dar respostas às lutas dos explorados em todo o mundo. Por isso, apontou a necessidade de continuar a construir e fortalecer a CMI, seja no Brasil, seja nos demais países.

O congresso segue no sábado e no domingo, reunindo militantes da Esquerda Marxista e convidados de todo o Brasil, e, também, representantes de outras seções da CMI. Nesse espaço será discutida a situação política nacional, a construção da Esquerda Marxista e as tarefas da militância revolucionário para o próximo período. Em breve divulgaremos mais informações sobre os temas discutidos, bem como as deliberações do congresso.