Os militantes da Organização Comunista Internacionalista (OCI) participaram das diversas discussões realizadas na Escola Mundial do Comunismo, evento que aconteceu na Itália de 10 a 15 de junho e marcou a fundação da Internacional Comunista Revolucionária (ICR). Durante a escola, a camarada Lucy Dias falou na mesa “Guerra e revolução: uma abordagem leninista”. Confira a transcrição.
Camaradas, no último ano tivemos a Escola Nacional de Quadros no Brasil, na qual eu apresentei o informe sobre “O Marxismo e a Guerra”. Assim, eu vou compartilhar com vocês alguns dos ensinamentos que eu extraí de tudo o que eu li sobre esta questão.
Nós podemos começar nos perguntando, e respondendo: “Por que as guerras existem?”; “Quais guerras nós apoiamos e quais delas não recebem o nosso suporte?”; “Qual é o Programa Comunista para atingirmos a paz?”.
O próprio capitalismo é baseado na acumulação, na concentração e na centralização do Capital. Esta dinâmica conduz a sociedade a crises de superprodução. E conforme Marx explicou no Manisfesto Comunista, a principal maneira de resolver a crise de superprodução é destruindo as forças produtivas.
A guerra é a melhor forma da classe dominante destruí-las, porque, ao mesmo tempo, em que ela destrói fábricas, escolas, hospitais, cidades, ela também extermina forças agrícolas, trabalhadores e nossas condições de vida.
O imperialismo levou tais contradições para um patamar ainda mais elevado. O capitalismo monopolista eclodiu em um mundo que já estava dividido entre grandes companhias e os países mais importantes. E, portanto, a fim de expandir-se para além dos próprios limites é necessário que isso seja feito por vias violentas, como as guerras, a intensificação do colonialismo, e as ditaduras – conforme ocorreu no Brasil nos anos 60 -, principalmente nos países dominados e atrasados, assim como Lênin explicou em seu “O Imperialismo”.
Os capitalistas são os responsáveis por esta violência. É uma bobagem quando eles falam sobre guerras pela auto-defesa ou guerras em defesa da democracia. Não, eles estão defendendo seus próprios lucros. Este é o motivo pelo qual a ONU, EUA, Putin, Netanyahu e diversos outros capitalistas querem prolongar ainda mais guerras. Sob o capitalismo as guerras são inevitáveis, o período entre-guerras é na verdade quando eles estão planejando outras guerras.
Agora, em relação ao Programa Comunista para obtenção da paz nós devemos compreender com bastante profundidade que o programa capitalista para a paz é, na realidade, a guerra. O socialismo é a paz.
Sob o socialismo nós podemos alcançar a paz democrática, duradoura e justa, conforme Karl Liebknecht explicou nos seus escritos sobre a Primeira Guerra Mundial. Nós dizemos Guerra Civil, não paz civil. Mas se nós interrompermos neste ponto a nossa exposição, as massas oprimidas questionarão “Eu devo morrer esperando pelo socialismo?”; “O que eu posso fazer?”. E aqui surge a importância das demandas transitórias da guerra.
Trotsky nos diz muito no “Manifesto sobre a guerra imperialista e a revolução proletária” escrito durante a Segunda Guerra Mundial. Nosso esforço, enquanto Comunistas, é de elevar a consciência e a força dos trabalhadores por meio da desmoralização da burguesia em cada país explicando que ela é a nossa principal inimiga.
Em todos os países da ONU se diz “não às bombas, por mais livros”, “não à guerra, por mais serviços de saúde”, conforme aponta o programa do Partido Comunista Revolucionário (RCP) para as eleições. E isso é ótimo, pois expões as contradições aos trabalhadores.
Na questão Palestina nós dizemos “cessar fogo, deixe a ajuda humanitária passar, o povo palestino tem o direito de regressar”. Isso é importante para oferecer respostas sobre a situação atual que enfrentam e àqueles que desejam lutar.
Lênin não teve objeções para usar a palavra de ordem “Paz, Pão e Terra”, a fim de avançar e se conectar com os desejos das massas pela paz. Mas isto ainda não acabou. Devemos ir mais longe, conectando tudo isto com a luta pelo socialismo, e mostrando a face real do imperialismo.
Nós devemos nos levantar contra as anexações violentas por meio da defesa da auto-determinação. Enquanto comunistas, nós não nos colocamos a favor de novas fronteiras, novos Estados capitalistas. Então, disso, surge a importância da palavra de ordem por apenas um Estado democrático, secular e socialista no território histórico da Palestina.
Para finalizar, a fim de acabar com as guerras imperialistas, nós precisamos de uma revolução mundial. Assim, nós precisamos potencializar nossas forças, construir seções fortes e uma Internacional forte. Enquanto os imperialistas são apenas capazes de oferecer guerras permanentes, nós defendemos a Revolução Permanente.
Obrigada, camaradas!