Dia 24 de junho é a data de nascimento de um dos heróis negros da História do Brasil, João Cândido (1880-1969) o marinheiro elevado pelos movimentos negros à patente de almirante. Aquele que liderou, em 1910, um motim contra castigos físicos sofridos pelos marinheiros a bordo do navio Minas Gerais, que ficou conhecido como Revolta da Chibata.
Morreu sem ter sido anistiado pela Marinha, pelo Congresso Nacional e ou pelo Governo Federal. João Cândido, o Almirante Negro, ficou eternizado na discografia da Música Popular Brasileira pela voz da cantora Elis Regina (1945-1982) através da obra musical de autoria dos compositores João Bosco e Aldir Blanc, com o samba: “O mestre sala dos mares” que foi o nome alternativo dado pelos autores para driblar a censura da ditadura militar.
Recentemente na 2ª divisão/Série A do Carnaval Carioca 2017, a escola de samba Renascer de Jacarepaguá, através do enredo “O papel e o mar”, dos carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel, prestou homenagens a João Cândido e à escritora negra e ex-catadora de lixo, Carolina de Jesus (1914-1977).
Nossa homenagem a João Cândido ocorre no centenário da Revolução Russa e por isso também destacamos a inspiração do nosso Almirante Negro no movimento revolucionário dos marinheiros russos na famosa revolta do encouraçado Potemkin, tripulação da esquadra do Mar Negro que fez levantes militares reivindicando melhores condições de trabalho e alimentação.
Em 1909, João Cândido foi pela segunda vez a Europa para acompanhar o final da construção de navios de guerra encomendados pelo governo brasileiro. E na Europa toma conhecimento do movimento realizado pelos marinheiros europeus, por exemplo, que haviam derrotado a chibata na Inglaterra décadas antes, e pelos marinheiros russos com notícias de 1905 que ainda corriam à fresca.
* Almir da Silva Lima é militante do Movimento Negro Socialista (MNS) e da Esquerda Marxista