As manifestações do dia 15 de março foram uma exemplar demonstração da situação política, marcada pela instabilidade e o ódio crescente nas bases.
Centenas de milhares de jovens e trabalhadores saíram às ruas nas principais cidades do país para protestar contra o governo Temer e sua Reforma da Previdência. Várias categorias também paralisaram as atividades.
Em relação ao número de manifestantes, destacam-se as informações dos organizadores de 200 mil em São Paulo, 100 mil no Rio de Janeiro e 150 mil em Belo Horizonte. Curitiba e Fortaleza teriam reunido por volta de 50 mil cada, Recife 40 mil. Grandes protestos também ocorreram em Salvador, Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, Natal, etc.
Em São Paulo, a grande imprensa foi pela manhã aos pontos de ônibus e estações de metrô, ávidos por depoimentos de populares contrários à greve. No entanto, foi obrigada a noticiar que, apesar do transtorno, muitos dos usuários do transporte público declaravam apoio à paralisação.
Estas manifestações seguem o que vimos no carnaval, com os blocos de rua sendo contagiados pelo grito de “Fora Temer”, assim como nos atos do dia internacional da mulher, o 8 de março.
Lula esteve presente no ato de São Paulo, disse mais de uma vez que “nós só vamos conseguir sair dessa situação quando tivermos um presidente eleito democraticamente”. Ou seja, desvia a luta das ruas para a via eleitoral, mais especificamente preparando o caminho para “Lula 2018”. Apesar dele fazer críticas à Reforma da Previdência de Temer, “esquece-se” que ele próprio atacou a previdência com a contrarreforma de 2003, não moveu uma palha para revogar as reformas de FHC e vetou o fim do fator previdenciário, assim como sua sucessora, Dilma, que com a MP 664 (convertida na Lei 13.135/2015) restringiu o direito à pensão por morte, auxílio-doença, etc.
No final de 2016, a Esquerda Marxista lançou uma nota com o título “Crise de Temer: um 2017 explosivo se prepara!” em que dizíamos: “Ao contrário dos dirigentes burocratizados dos aparelhos, que só veem trevas pela frente, os revolucionários marxistas só podem olhar com ânimo para a atual situação, de crises e divisões entre os de cima, de esfacelamento da Nova República, de soldados que abandonam seus postos para confraternizar com manifestantes, e de crescente indignação e disposição de luta dos de baixo”.
A Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista são brutais ataques contra os direitos e conquistas da classe trabalhadora. Um governo com 10% de apoio popular querer implementar estas medidas, junto com um desmoralizado Congresso Nacional, é a receita para novas explosões na luta de classes.
Apesar das direções adaptadas, que tentam desviar e conter a mobilização das massas, a força que vem de baixo pode ultrapassar essa barreira. Só a unidade, a independência e a mobilização de nossa classe podem derrotar Temer, o Congresso Nacional e seus ataques a serviço da burguesia. O 15 de março foi mais uma demonstração do que está por vir. 2017 ainda promete grandes combates! Fora Temer e o Congresso Nacional!