Publicamos aqui, na íntegra, editorial do Jornal Luta de Classes nº. 12.
No final de 2007 órgãos de imprensa burguesa – como a Revista Veja, por exemplo – deitaram e rolaram com a repercussão do Filme “Tropa de Elite” e desenvolveram a partir daí que a solução dos problemas dos morros do Rio é mais BOPE, mais tortura, mais repressão, mais extermínio nas favelas. E defenderam isso ostentando que – mesmo diante da inegável desmoralização da PM (Polícia Militar) – era possível existir uma Polícia Militar “honesta”, “incorruptível”. E que o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da PM carioca, era a prova disso.
No Jornal Luta de Classes nº 7 (Nov/2007), um artigo do companheiro Caio Dezorzi explica que um soldado do BOPE está tão sujeito à corrupção quanto um soldado da PM comum. Qualquer força de repressão será sempre contaminada pelo dinheiro do narcotráfico na sociedade capitalista. Esta é a história do exército da Colômbia de Uribe, do Peru de Fujimori e muitos outros.
E os milhões de dólares que se movem entre os olhos e as mãos do comando da PM hoje, rapidamente passariam a se mover nas barbas do exército. É por isso que a cúpula do PSDB busca preservar o exército como “única força de contenção social” ainda não desmoralizada pelo narcotráfico. Já a burguesia local do RJ e seus oficiais da PM estão desesperados com a “ocupação” de seu ponto de negócios pelo exército. É isso que explica as manchetes dos jornais burgueses “Exército mata…” e quando falam da PM sempre é “Policiais matam…” ou “PMs matam…”, mas sempre preservando a instituição.
Para os marxistas trata-se de mostrar que tanto o exército quanto a PM não são solução para o narcotráfico e que o que se passa nos morros do Rio é fruto da decomposição social provocada pelo capitalismo. O Brasil que Lula tenta vender dizendo que “descolou” da crise dos EUA e cujo crescimento econômico é elogiado pelos banqueiros e empreiteiros é o mesmo em que a juventude não tem futuro e os empregos criados são precários, rebaixados, de quinta categoria.
É por isso que morreram os três jovens do Rio vendidos por soldados para traficantes de um morro rival.
A solução, como bem coloca um artigo do companheiro carioca Flavio Almeida, publicado no site da Esquerda Marxista, é ocupar as favelas com escolas, hospitais, emprego, saneamento, arte, esporte, lazer, etc. E não com pinturas novas para as casas como está fazendo o projeto do PAC a serviço eleitoreiro para o bispo Crivella. E dinheiro para tudo isso existe, entretanto, enquanto o Governo Lula estiver aliado com os capitalistas, como Crivella, Sarney, Collor, etc., o nosso dinheiro não será usado para nada disso.
Apesar da defesa que Lula faz do regime capitalista hoje é cada vez mais evidente que só o socialismo pode interromper a escalada da barbárie nesta sociedade moribunda e podre. Por isso exigimos que o PT rompa as alianças com os burgueses e atenda as reivindicações, abrindo as condições para o socialismo. Mais do que nunca está atual o que disse Rosa Luxemburgo: “Socialismo ou Barbárie!”
Construiremos o socialismo só com luta! E os trabalhadores e a juventude não param de lutar! Há os que resistem, como os companheiros das fábricas ocupadas, os sem-terra, os sem-teto e tantos outros. No Estado de SP a greve dos professores da rede estadual segue forte e mais de 60 mil pessoas pararam o trânsito da maior cidade do hemisfério sul. Em Santa Catarina, o Movimento das Fábricas Ocupadas prepara o Tribunal Popular para Julgar a Intervenção na Cipla/Interfibra, com delegações de todo o Brasil e vários países da América Latina. Em dezenas de cidades ocorrem reuniões preparatórias ao Acampamento Nacional pela Revolução, organizado pela Juventude Revolução.
Assim, lutando e nos organizando, venceremos!