Neste mês de agosto, completaram-se 121 anos da morte de um dos cofundadores do socialismo científico, ao lado de Karl Marx.
Londres, 5 de agosto de 1895, morre Friedrich Engels, o fundador do socialismo científico em conjunto com Karl Marx (1818-1883), teoria que ficou conhecida como marxismo. Marx e Engels se tornaram amigos e colaboradores desde 1843 e juntos desenvolveram uma análise crítica dos limites da filosofia existente na época, assim como das ideias socialistas utópicas que prevaleciam nas classes trabalhadoras. Consideraram que o socialismo era a gênese da emancipação do proletariado como obra do próprio proletariado e que a história da humanidade é a história da luta de classes. Desenvolveram a dialética materialista, o que permitiu uma compreensão da anatomia da sociedade capitalista e forneceram às classes trabalhadoras uma teoria que é uma “arma da crítica”, uma ferramenta valiosa para que o proletariado possa abolir a ordem capitalista existente e edificar uma sociedade comunista a nível internacional. Mas Marx e Engels foram também revolucionários na luta para constituir partidos operários, de classe, que resultou na formação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), também conhecida como 1ª Internacional.
Friedrich Engels nasceu em 28 de novembro de 1820, na cidade alemã de Wuppertal. Era integrante de uma rica família. Em 1842, foi morar na Inglaterra para trabalhar na indústria de tecidos do pai, situada na cidade de Manchester. Ao observar as péssimas condições dos trabalhadores na Inglaterra do século XIX, passou a ter uma visão crítica sobre o capitalismo. Teve contato e identificação com as idéias do socialismo, aproximando-se de Marx em 1843. A partir desta visita de Engels a Marx, a colaboração entre os dois se tornaria permanente até o final de suas vidas. Marx morreu de enfarte em 1883 e Engels continuaria o imenso trabalho de difundir o socialismo científico no seio da classe trabalhadora.
A teoria marxista
No ano de 1844, Engels escreveu a obra “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”. Nesta obra, analisou o capitalismo, apontando as injustiças sociais às quais eram submetidos os trabalhadores. Em 1845 Marx e Engels escrevem a “Ideologia Alemã”, uma profunda crítica aos filósofos alemães, obra que marca a ruptura com as ideias idealistas dos seguidores de Hegel e com o materialismo mecanicista de Feuerbach. Para Marx e Engels, a dialética de Hegel estava de cabeça para baixo e dotaram este método de conhecimento herdado da antiga Grécia com um conteúdo materialista, científico, o que permitiu uma compreensão do desenvolvimento da história humana a partir da existencia das sociedades de classes e das lutas que elas travam entre si no decorrer do desenvolvimento produtivo da humanidade.
Na necessidade de constituir um partido operário no decorrer da revolução que rondou a Europa no ano de 1848, Engels, junto com Marx, publicou a obra “O Manifesto do Partido Comunista”, obra que expõe as bases do comunismo e que é considerada hoje um patrimônio cultural da Humanidade. Nesta obra Marx e Engels expõe os objetivos do comunismo.
Neste mesmo ano, Engels participou das Revoluções de 1848, na Alemanha, Bélgica e França. Em 1850, retornou para a Inglaterra. Marx também sofreu as consequências dos eventos revolucionários na Europa e foi morar com a família em Londres.
Na década de 1850, Engels forneceu apoio financeiro para Marx escrever o primeiro volume da principal obra socialista “O Capital”. Neste trabalho Marx disseca a economia capitalista a partir da teoria do valor, uma preciosa arma a serviço da classe trabalhadora. Sem a ajuda de Engels, Marx não teria conseguido finalizar o primeiro volume desta obra fenomenal, devido às dificuldade e das condiçõs precárias da vida de sua família em Londres. Após a morte de Marx (1883), Engels foi o responsável por escrever a continuação do segundo volume desta obra e redigir por completo o terceiro, assim como os escritos sobre a mais-valia.
A Internacional e os partidos operários de massa
Engels colaborou ativamente com Marx desde Londres, para a fundação em 1864 da Associação Internacional dos Trabalhadores. Foram os primeiros passos para a contrução dos partidos operários de massa. A eclosão da Comuna de Paris pelos operários, como o primeiro governo operário da história, foi a expressão desse processo. Mas o seu fim sangrento mostrou que o movimento operário estava ainda prisioneiro de idéias socialistas utópicas e não comprendia claramente os objetivos finais de seu movimento. Em 1877 a AIT se dissolve e Marx e Engels montam em Londres um centro com o objetivo de impulssionar as ideias do socialismo científico no interior do movimento operário vivo. Em 1878, Engels escreveu o livro “Anti Dühring”, em que aponta para a necessidade da criação e implantação do socialismo científico em oposição ao socialismo utópico. Depois da morte de Marx, todo o trabalho de Engels vai ser dedicado à formação de novos partidos operários com base no socialismo científico. Deixou obras teóricas e científicas, como “A Origem da Familia, da Propriedade Privada e do Estado” (1884) e um trabalho fabuloso sobre a teoria da evolução de Charles Darwin intitulado “O papel do trabalho na transformação do macaco em homem” (1876), onde Engels, mesmo sem conhecer as modernas descobertas paleontologicas no século XX do “australopithecos afarensis”, um hominídio erecto, já antecipava os elementos que levaram ao desenvolvimento do moderno “homo sapiens sapiens”.
Foi pelo trabalho de Friedrich Engels, tanto na teoria como na prática, que foram possíveis a constituição dos grandes partidos socialistas, partidos operários de massa e a própria fundação da Segunda Internacional.