Susana Prieto foi libertada! Vitória da solidariedade internacional da classe trabalhadora!

Artigo publicado no jornal Foice&Martelo Especial nº 10, de 09 de julho de 2020. CONFIRA A EDIÇÃO COMPLETA.

Susana Prieto foi libertada após uma ampla campanha de solidariedade nacional e internacional. Esse é um pequeno triunfo de nossa luta. Seu processo foi baseado em crimes fabricados, sendo que a verdadeira causa de sua prisão foi tentar atingir o movimento operário emergente no México, especialmente em Matamoros. Ela foi libertada, mas eles querem amordaçá-la, confinando-a em Chihuahua e impedindo-a de se locomover, o que fere sua liberdade de manifestação e organização. A luta deve continuar!

A Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional, saúda a libertação de Susana Prieto Terrazas, que estava presa desde 08 de junho de 2020, em clara afronta às liberdades democráticas. A criminalização dos movimentos sociais e do movimento sindical é uma prática intimidatória e persecutória e, pelo histórico de prisões políticas que ocorrem no México, ela poderia ser assassinada e ter desaparecido, como se já viu em outros episódios.

Sua libertação é uma vitória da solidariedade de classe, da força de organizações e movimentos sociais de diferentes países, inclusive daqueles em defesa do Movimento Operário 20/32, combativo impulso da classe trabalhadora mexicana contra as medidas patronais do governo de López Obrador.

A luta do Movimento Operário 20/32 deve seguir com suas pautas, mostrando a podridão da sociedade capitalista e sendo um ponto de apoio para um avanço na consciência das massas em direção à construção da revolução socialista.

O movimento 20/32

Nos primeiros meses de 2019, um dos movimentos dos trabalhadores mais importantes e representativos realizados no México nos últimos anos se desenvolveu em Matamoros, estado de Tamaulipas. O corporativismo, a corrupção e o peleguismo sindical haviam paralisado e boicotado o avanço da organização dos trabalhadores por décadas. Porém as terríveis condições de trabalho e a exploração brutal sofrida pelos trabalhadores da região fez com que uma explosão fosse inevitável. O Movimento passou a ser denominado “20/32”, pois os trabalhadores se organizaram para exigir um aumento salarial de 20% e cobraram o bônus que os patrões já pagavam, aumentando-o para 32 mil pesos por ano. Esses pontos foram parte da pauta que se cobrava do presidente Lópes Obrador, que, quando eleito, havia prometido dobrar as condições e os salários dos trabalhadores.

Uma das pessoas-chave para o sucesso desse movimento, que em questão de semanas se expandiu nas mais de 100 fábricas da região, foi a Sra. Susana Prieto Terrazas, que já tinha experiência anterior nas lutas das fábricas em Ciudad Juárez, estado de Chihuahua. Sua intervenção foi crucial para o movimento, pois não apenas lhe deu orientação jurídica, como também ajudou a consolidar a organização dos trabalhadores junto à formação do Sindicato Nacional Independente das Indústrias e Serviços, para que os trabalhadores pudessem se livrar do lastro dos pelegos sindicalistas que os “representavam” formalmente/burocraticamente. O movimento estava se consolidando, ganhando força e conseguiu fazer com que os patrões cumprissem suas exigências. No entanto, um ano após o heróico movimento e no meio da atual pandemia, houve um ataque infame orquestrado por empresários e pelo governador de Tamaulipas ao prender Susana Prieto em 8 de junho sob a acusação de distúrbios, ameaças, coerção de indivíduos e crimes contra funcionários públicos.

A prisão e sua liberdade conquistada com a solidariedade internacional!

Desde o momento da sua prisão, ficou clara a intenção dos empresários e da burguesia de se utilizar do clássico instrumento de repressão policial-judicial contra o movimento operário como forma de intimidar, perseguir e criminalizar toda a luta que vinha se realizando. A reação do movimento foi de profunda indignação, organizando ampla solidariedade de campanha nacional e internacional exigindo sua liberação, com mobilizações, inclusive nas fábricas junto aos trabalhadores em Cidade do México, Hidalgo, Puebla, Querétaro, Oaxaca, Quintana Roo, Yucatán etc.

Houve importante impulso de solidariedade pela seção mexicana da Corrente Marxista Internacional, chamada “La Izquierda”, e das companheiras do coletivo “Mulheres Socialistas Clara Zetkin”. Houve forte impulso da campanha de solidariedade por seções de diferentes pasíses, como Estados Unidos, El Salvador, Venezuela, Colômbia, Brasil, Grã-Bretanha, Itália, Espanha, Suécia, Bélgica, França, Suíça, Dinamarca, Holanda, Taiwan e Marrocos, com envios de fotos, vídeos e moções em solidariedade.

Após grande campanha de solidariedade a Susana, no dia 01 de julho ela foi libertada. A pressão estava grande. O movimento dos trabalhadores cobrava sua imediata libertação, e os patrões junto com a burguesia estavam com medo de novas explosões sociais. Trata-se de uma grande vitória do movimento. Deve-se comemorar. Nossa camarada está livre!

No entanto, também devemos nos atentar às absurdas condições de sua libertação, pagando multas e limitando seu deslocamento entre diferentes cidades e estados, buscando com isso cercear não somente seu direito invidiual de locomoção, de manifestação e organização, mas também busca limitar a ação coletiva do movimento dos trabalhadores, tendo a importante liderança de Susana impedida de se deslocar para continuar impulsionando a luta. Por isso não se deve baixar a guarda e deixar de denunciar as violações às liberdades democráticas.

Perspectivas

Da mesma maneira, deve-se acompanhar ainda os desdobramentos da libertação de Susana Prieto Terrazas, uma vez que sua liberdade foi condicionada à saída do estado de Tamaulipas, onde o movimento se organiza fundamentalmente. Tal medida é inadmissível como nova restrição às liberdades democráticas e deve ser denunciada. Toda liberdade ao Movimento 20/32 e à Susana Prieto Terrazas!

A Esquerda Marxista organizou o impulso da campanha no Brasil, enviando muitas moções e fotos com cartazes ao Consulado Mexicano no Brasil e às autoridades do governo Mexicano. A seção brasileira cumpriu sua tarefa neste combate, somando-se ao impulso feito pela Corrente Marxista Internacional (CMI), que organizou moções de mais de 50 países com solidariedade expressa em mais de 20 idiomas.

É assim que se constroi a solidariedade internacional da classe trabalhadora. É assim que se organiza uma verdadeira internacional operária.

Venha para a Esquerda Marxista! Venha para a CMI!

“Podem prender uma, duas ou três rosas, mas nunca poderão deter a primavera”

Viva a luta da classe trabalhadora!

Viva a internacional!