O dia 13 de agosto amanheceu de ressaca para os capitalistas. No final de semana (11/8), o seu candidato na Argentina sofreu uma derrota avassaladora, mais de 15 pontos percentuais de diferença, para a oposição — ainda que esta seja uma oposição burguesa, o velho peronismo. Os mercados caíram na segunda-feira (12/8), o valor do peso argentino caiu mais de 15%, os juros lá subiram para estratosféricos 74%. E, pior que tudo isso, o aeroporto de Hong Kong, um dos aeroportos centrais da Ásia, está parado há mais de 48h.
São sintomas. A instabilidade permanente das bolsas de valores, que recuperam “valor” depois da crise de 2007/2008, é um sintoma como a febre é sintoma de alguma doença.
Hoje, os mercados procuram deglutir o resultado das primárias argentinas e a maioria dos sites dos jornais dos EUA e Inglaterra noticiam na primeira página a paralisação de Hong Kong. Torcem para que a chama se apague, enquanto a revolução segue em câmera lenta em outros locais do mundo, como Sudão, Argélia, Honduras, Hong Kong e Porto Rico — exemplos que os operários e a juventude miram.
As crises que se espalham pelo mundo, as revoluções e revoltas começam a lembrar o ano de 1968. Para desespero da burguesia, as greves nos EUA crescem em número e cresce o número de sindicalizados. Há algo no ar muito além dos aviões de carreira e a burguesia treme de medo, aumenta seus golpes onde pode. Mas a massa operária, os trabalhadores no mundo inteiro, sente o cheiro deste medo e as mobilizações aumentam, apesar e contra as direções vendidas ao capital.
O movimento operário nos EUA tem uma larga tradição, a maior parte dele de traição por parte das direções e do esforço dos operários de passar por cima dessas direções, mas sem conseguir se constituir em um partido operário que possa dar uma voz e uma direção política à classe.
De 1947 até 1980, milhões de operários entravam em greve todo ano. A partir de 1980, essa onda grevista, que nasceu depois da 2º grande guerra, arrefece. Em 1988, apenas 100 mil operários entraram em greve no país inteiro (que tem aproximadamente 100 milhões de trabalhadores). Contudo, a onda começa a voltar, tendo 485 mil trabalhadores em greve no ano passado e aproximadamente 535 mil que entraram em greve até julho deste ano.
A Central Sindical dos EUA (AFL-CIO) é dirigida por burocratas que se venderam ao imperialismo e à burguesia desde a sua constituição nos anos 1930 do século passado. A antiga AFL durante o começo do século 19 chegou a discutir a formação de um partido político que representasse os trabalhadores, mas a prisão dos socialistas durante a primeira guerra (por se oporem a entrada dos EUA na guerra) fez arrefecer essa discussão. Depois, durante os anos 30, a formação dos sindicatos industriais (CIO) e a posterior fusão (1955) levaram a um aumento geral da sindicalização e da mobilização, na esteira das grandes greves. Após a 2º Guerra, houve uma onda de greves sem precedentes.
Porém, a direção das centrais que estava comprometida com o partido Democrata, colaborou com a CIA para destruir o movimento sindical e a influência dos comunistas nos EUA e em outros países, na linha da “guerra fria” entre EUA e URSS.
A central, desde esses anos, recusa-se a lançar qualquer candidatura independente e apoia os democratas nas eleições, mesmo em Estados onde os democratas foram os que reprimiram as greves de professores e fizeram todos os esforços para destruir seus sindicatos.
Essa situação começa a mudar. Um exemplo disso é que, nas últimas eleições sindicais do Teamtears (Sindicato dos Caminhoneiros dos EUA e Canadá), a oposição venceu nos EUA e só perdeu pela diferença de votos que não conseguiu no Canadá. A pressão sobre os dirigentes sindicais cresce nos EUA e no mundo inteiro, mas estes, como resposta, mais e mais se apegam aos capitalistas.
A ação política dos marxistas é ajudar os trabalhadores a superar essas direções traidoras e dar voz e alento para os operários e a juventude do mundo inteiro. É neste sentido que trabalha a CMI e suas seções nacionais.