Em 14/5/1948, a partir de uma resolução da ONU, a Palestina foi arbitrariamente dividida em “Estado palestino” e “Estado judeu”. Um dia depois, Egito, Jordânia e Síria declaram guerra a Israel, vencida por este último, que resultou no desalojamento de 1 milhão de palestinos de suas casas e cidades, centenas de vilarejos destruídos e milhares de mortos.
Em 15 de maio de 1948 começava “Al-Nabka” (a catástrofe) para o povo palestino. Israel ocupa boa parte do país e expulsa milhares de palestinos, iniciando a dramática situação que se estende até hoje. Desde então, o povo palestino trava uma luta revolucionária contra o sionismo, que se tornou um instrumento do imperialismo: ao pregar uma pretensa legitimidade de um Estado judeu na Palestina, joga judeus contra árabes. Ou seja, usa a estratégia de “dividir para reinar”.
Depois de expulsar centenas de milhares de suas casas, Israel constrói um muro dividindo as famílias remanescentes em território palestino, formando o que é o maior campo de concentração permanente a céu aberto da história da humanidade. Já são milhares os palestinos detidos em prisões israelenses, inclusive crianças.
Para uma verdadeira paz, a solução só pode ser o estabelecimento de um Estado laico em toda a Palestina, com igualdade de direitos para árabes e judeus. Isso é contrário aos Acordos de Oslo de 1993, que constituíram um “Estado” Palestino em Gaza e na Cisjordânia, criando um Estado sem continuidade territorial. Esta luta só será vitoriosa com a unidade do povo palestino e a solidariedade do próprio povo trabalhador de Israel, que juntos – e na esteira da revolução árabe iniciada na Tunísia e Egito – poderão abrir caminho para a constituição de uma Federação Socialista de Povos do Oriente Médio.
Abaixo, publicamos trechos de um artigo do militante palestino Khader Ottmann. Este texto foi publicado originalmente no Jornal Luta de Classe número 11, em maio de 2008, por ocasião dos 60 anos do “Al-Nakba”.
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AL NAKBA (A CATÁSTROFE) NA PALESTINA
Khader Ottmann
Era o ano de 1948 e o então primeiro ministro Ben Gorion, do recém-criado Estado de Israel, disparou o que chamou de uma profecia. Segundo ele, o conflito árabe-israelense não duraria mais de 20 anos.
Assim, os homens velhos que chegaram a conhecer a Palestina iriam morrer e os novos que nasceriam, já nas terras ocupadas, não teriam nenhuma recordação do que um dia foi a Palestina. Logo, não haveria motivos nenhum para lutar por uma terra que ninguém conhecia. Mas, sua profecia não se fez.
Hoje, passados 60 anos, o povo palestino segue batendo o sino, batendo na parede, acordando o mundo, protestando contra os 60 anos de sistemática expulsão dos palestinos das suas casas e propriedades. Os velhos morreram, mas os novos não esqueceram a Palestina. A luta está mais acesa do que nunca e não apenas nos territórios palestinos. Aqui, no Brasil, e em outras tantas partes do mundo estamos nós, palestinos ou não, nos solidarizando com esse povo. Que vitalidade tem esse conflito? Que dinâmica tem essa causa que, apesar de tantas décadas de opressão, faz com que fique mais atraente participar da luta? Seria por conta da injustiça que se comete sob céu aberto e todos os dias? Seria pela dor e pelo sofrimento do povo palestino, que apesar de tanto tempo não esqueceu sua pátria?
Seria porque este povo vive permanente e constantemente um estado de violência covarde por parte do estado de Israel?
A pergunta que não cala é: Haverá de, um dia, o humanismo superar os interesses econômicos? Vencerão, um dia, a bravura e a resistência do povo palestino, perante a quarta maior força bélica internacional? Haverão de, as pessoas, em todo o mundo, de se posicionar ao lado do inalienável direito do povo palestino ter a sua pátria? Serão as pessoas solidárias a toda essa dor?
Por ser descendente de palestino, muita gente me pergunta na rua: Será que vale o preço que os palestinos estão pagando? Não seria alto demais? A única resposta que posso dar é de que o preço da liberdade é determinado por quem está vivenciando o terror, e o preço da autodeterminação é decidido por quem está sofrendo amargura e opressão. Não me cabe decidir se é alto ou não. Estou aqui. Mas estou solidário.