Fim de ano costuma ser época de descanso, confraternização e festas. Mas este terá um gosto amargo para os servidores públicos do RJ, assim como para muitos servidores em outros estados e para os milhões de trabalhadores desempregados no País.
Fim de ano costuma ser época de descanso, confraternização e festa. Época em que damos presentes pras crianças, abraçamos os familiares e tentamos esquecer as dificuldades que enfrentamos durante o ano todo.
Mas este ano não será assim para os professores da rede estadual do Rio de Janeiro e demais servidores, assim como para muitos servidores públicos em outros estados do País, ou para os trabalhadores desempregados.
O governo do RJ não pagou o 13º salário integralmente. Ou seja, os servidores não têm sequer mais direito de preparar um ceia decente para suas famílias. O 13º foi dividido em 5 parcelas, mas apenas a primeira foi paga. O que tem gerado um clima de indignação e preocupação. Além disso, o pagamento do salário que será recebido em janeiro foi adiado, piorando ainda mais o planejamento dessas famílias.
A “solução” sugerida pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) é que os educadores peguem um empréstimo no Banco Bradesco, e que ele se responsabilizará por ressarcir as parcelas do empréstimo. (na foto acima, filas nas agências do Bradesco para resgatar parcela do 13º e conseguir o empréstimo)
Não é o governador que vai pegar o empréstimo. São os servidores que irão contrair, individualmente, a dívida.
Parece piada. Mas não é.
Vamos imaginar que os cerca de 460 mil funcionários do estado peguem esse empréstimo e o governador não honre com sua palavra. Serão os servidores os punidos pelo descaso desse governo.
Se tem alguém que está satisfeito com essa crise são os donos do Banco Bradesco. Que podem ter milhares de novos empréstimos realizados, lucrnado com os juros e com a certeza de recebimento. Os banqueiros estão felizes da vida, afinal seu natal será bem farto. Enquanto os servidores públicos serão responsabilizados pela política de destruição do serviço público, realizada por esses governantes.
Essa situação não se limita à área da educação. Na saúde é ainda pior. Mais de 14 UPAs (Unidade de Pronto atendimento) estão fechadas ou em situações precárias, vários hospitais estão com a emergência fechada, redução dos leitos, e sem funcionários e remédios. Ou seja, as centenas de pessoas nas filas dos hospitais nem sabem se estarão em casa com suas famílias na noite de natal.
Essa é a prova de que o capitalismo funciona. Mas, só para os ricos.
De onde vem essa crise ?
É preciso explicar a raiz dessa crise, da qual tanto se fala.
Este é um reflexo de uma crise muito mais profunda. Uma crise que não é apenas do RJ, do Brasil, mas internacional. É uma crise do sistema capitalista.
Ela não nasceu agora, desenvolve-se desde 2008, os governantes fizeram de tudo para abafá-la, mas uma hora a conta bate.
Aquela marolinha que o Lula falou, agora virou Tsunami e passa carregando e destruindo tudo pelo caminho.
A política que está sendo aplicada no Estado do RJ para “solucionar” essa crise é um reflexo da política aplicada nacionalmente. O chamado Ajuste fiscal. Este é o verdadeiro golpe que está sendo implantado e pouca gente se dá conta.
O ajuste fiscal é a máxima de que “os ricos fazem a crise, e os pobres pagam por ela”.
A presidente Dilma, a criadora do slogan “Pátria Educadora”, garante o lucro dos empresários e o pagamento da fraudulenta dívida pública. Essa é sua solução. Mas de onde vai vir o dinheiro pra pagar os banqueiros? Do bolso dos trabalhadores, claro. Aumento de impostos, inflação, CPMF, ampliação do tempo pra se aposentar, etc., etc., etc.
Pra ter ideia, quase 50 % da receita nacional vai para pagar a tal da Dívida Interna e externa, enquanto isso, cerca de apenas 5% vai pra educação. Daí podemos ver a quem serve este governo e quais são suas prioridades.
É preciso dar nome às coisas. Esta não é apenas uma crise de gestão, de representatividade ou financeira. Esta é uma crise de uma sistema político-econômico, que se chama capitalismo. É uma crise de acúmulo de capital, de superprodução.
E a única solução é quebrar essa lógica.
É necessário construir uma unidade entre todos os servidores públicos, entre todos que defendem os serviços públicos como: Transporte, saúde e educação para toda a população. De forma pública, gratuita e irrestrita. É a unidade da classe trabalhadora contra os ataques, em defesa dos direitos e conquistas que pode abrir uma saída.
Com essa unidade poderemos derrotar esses inimigos, os parasitas que sugam a riqueza produzida pela maioria da população. Os secundaristas de São Paulo deram uma boa demonstração do poder da luta. Jovens e trabalhadores, organizados, unidos e mobilizados, têm a força para vencer os mais poderosos inimigos.
– Nós não vamos pagar pela crise. Abaixo o Ajuste Fiscal!
– Não pagamento da dívida Interna e Externa.
– Em defesa dos serviços e servidores públicos!
Felipe Araujo é professor de Filosofia da rede pública no Estado do Rio de Janeiro.