Ato em Brasília contra o PL 4330: Confronto, (des)mobilização e vergonhosa posição da direção da CUT

Um detalhado relato do camarada Mateus Mendes, diretor do Sintrasem-Florianópolis, da manifestação de 7/4 em Brasília contra o PL 4330.

Abaixo, segue um detalhado relato do camarada Mateus Mendes, diretor do Sintrasem-Florianópolis, da manifestação de 7 de abril em Brasília contra o PL 4330.

Brasília, 07 de Abril de 2015.

No dia 7 de abril foi aprovado na Câmara de Deputados o regime de urgência na tramitação do PL 4330. O projeto que significa um dos ataques mais brutais à classe trabalhadora. Para barrar a aprovação do projeto, era necessário que a CUT tivesse chamado uma mobilização de massas para estar em Brasília, que marchasse ao congresso nacional para enterrar de vez o projeto. A CUT tem força e base o suficiente para isso, porém as coisas não foram assim…

Cerca de 5 mil militantes da CUT chegam à Esplanada dos Ministérios na manhã do dia 7/4. A maioria dirigentes sindicais com passagens pagas pelos sindicatos. Somam-se militantes da Intersindical, CTB e demais movimentos populares. Os milhares de militantes ocupam o gramado em frente ao Congresso Nacional, mas em seguida, dirigentes da CUT em cima de um pequeno caminhão de som orientam para que esperem o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, e o presidente nacional da CTB, pois estão “negociando” no Congresso com os deputados. Dirigentes sindicais de diversos Estados começam a fazer falas em defesa do governo Dilma, pela Reforma Política e outras tantas palavras de ordem governistas. Aqueles que ocupavam o gramado começam a se sentar, dispersados e cansados das falas vazias. Em nenhum momento se fala em “greve”, ou “abaixo o PL 4330”, e muito menos contra as MPs 664 e 665. As palavras que ecoam é de que “assim do jeito que tá não dá!”

Enfim, sobem ao caminhão os “negociadores” e dizem que não houve um acordo. “Assim do jeito que ta não dá!” – bradava o presidente nacional da CUT no microfone. A massa esquenta e mesmo sem a ordem do caminhão marcham em direção ao Congresso. Chamam o caminhão para que desça, até que cinco PMs vão até o carro de som e provocam os militantes. Inicia-se o confronto. Armados com paus e pedras, os trabalhadores enfrentam a PM que recua assustada com a massa que marchava sobre eles. O contingente da tropa era muito pequeno e os trabalhadores estavam em plenas condições de ocupar o Congresso. Confronto, gás de pimenta, bombas de efeito moral e a PM continua recuando frente a ação dos militantes que estavam dispostos a enfrentar a tudo e a todos para impedir a votação do PL. O caminhão começa a descer rumo a entrada da Câmara de Deputados, ao mesmo tempo que centenas de militantes da CUT recuam aparentemente por conta da ação da PM. Mas por que os manifestantes recuariam de uma tropa pequena e acuada? – Não era isso!

Enquanto o caminhão descia em direção à tropa da PM, Julio Turra (OT) e Vagner Freitas (ArtSind) da direção nacional da CUT, orientam os trabalhadores a não enfrentar a polícia, pois haviam feito um acordo com o comandante da tropa!

Ora bolas! Como estes dois senhores fizeram um acordo com o comandante da PM em meio a um enfrentamento da polícia com os trabalhadores?! A massa não tinha nenhum acordo! Queriam passar por cima da PM e ocupar o Congresso! Queriam enterrar o PL 4330!

Em seguida a isto, ocorre o absurdo total: Dezenas de supostos “militantes” da CUT formam um cordão humano para proteger a PM! Sim, caros camaradas, o que parece um asqueroso absurdo, acontece de verdade. Vagner Freitas brada no microfone: “Fizemos um acordo com o comandante da PM para que recuem a tropa e os trabalhadores não ocupem!” – “Se alguém tentar confrontar a PM, levem preso!” – Sim, o presidente nacional da CUT pedia para que a tropa da PM levasse preso qualquer um que ousasse enfrentar o aparato repressor do Estado e fosse defender a derrubada do Projeto de Lei que ataca ferozmente os trabalhadores. Orientam para que os trabalhadores sigam para o complexo 2 do Congresso, param o caminhão e a manifestação dispersa.

Agora só restam poucos no gramado do Congresso Nacional completamente exaustos do confronto e ainda parecendo não acreditar no que havia acontecido. Sabiam que a única medida capaz de barrar o PL naquele momento seria a ocupação e o enfrentamento. Não foram derrotados pela PM. Foram derrotados pela sua própria direção. A direção da CUT, apesar de se posicionar contra o PL e contra as MPs, não mobiliza de fato sua base. No fundo, dá cobertura ao governo Dilma e os ataques aos trabalhadores. Nos bastidores, a direção negocia emendas no PL para garantir o recolhimento do imposto sindical, mas este Projeto de Lei deve ser completamente derrubado não emendado, sua essência é a precarização de todos os serviços e a escravidão dos trabalhadores. Ou a CUT enfrenta o governo Dilma ou serão varridos pelas massas de trabalhadores que a cada dia mais passa por cima das direções pelegas que defendem as medidas de austeridade.