A luta por uma educação pública, gratuita e para todos diz respeito tanto aos estudantes das universidades públicas, quanto aos das privadas.
A educação é uma mercadoria bastante lucrativa para um setor da burguesia nacional. Atualmente há mais de duas mil instituições de ensino superior privadas espalhadas pelo Brasil que respondem por cerca de 80% do total de matrículas de estudantes na educação superior. Dentre essas instituições, parte significativa já foi comprada por grandes grupos educacionais, como Anhanguera, Kroton e Estácio de Sá. Em dados de 2012, o valor de mercado de cada um desses grupos estava na casa dos bilhões de reais. O trâmite recente de fusão dos dois maiores grupos, Anhanguera e Kroton, só os enriquecerá mais.
Frente à crise econômica e a uma permanente concorrência, os empresários são obrigados a reduzir custos para manter a taxa de lucro. Nesta redução, optam por medidas que acabam prejudicando estudantes e trabalhadores e sucateando as faculdades. Resultado disso é a superlotação das salas, a precarização do trabalho docente, a terceirização dos serviços e o aumento das mensalidades.
Mas se hoje o ensino superior privado é uma mercadoria bastante rentável, deve-se fazer notar o papel que a transferência massiva de dinheiro público para esses grupos exerceu, através dos programas FIES e PROUNI. Através deles os empresários obtiveram uma alta lucratividade, os estudantes ficaram endividados e o Estado, através dos incentivos fiscais, deixou de recolher valores que poderiam ser investidos na ampliação de vagas no ensino superior público.
O movimento estudantil nas faculdades privadas ainda está adormecido. A defesa de bandeiras recuadas pela direção majoritária da UNE não ajuda o movimento a se desenvolver. Contudo, diante do aprofundamento da crise política e econômica e da crescente resistência, o movimento estudantil nas faculdades privadas pode, assim como ocorreu com os secundaristas, reacender.
É necessário lutar contra a precarização das condições de estudo e de trabalho nas universidades privadas. Mas essa luta é somente o primeiro passo em uma batalha mais ampla, que deve envolver secundaristas e estudantes das universidades públicas, na defesa de educação pública, gratuita e para todos.