Capitalismo, racismo e humilhação: muito além de danos morais

O mês de novembro marcado pela articulação dos movimentos sociais pela luta antirracista, foi um mês, como qualquer outro, repleto de casos asquerosos de racismo. Foi registrado em 2022 um aumento de mais de 100% de ataques racistas no Brasil durante o mês da Consciência Negra, em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Dois casos recentes tomaram as páginas da imprensa essa semana ,e por abarcarem aspectos distintos, mas que têm a mesma origem, nos dizem muito de como opera o racismo quando utilizado para reforçar a hierarquia racial.

Um deles diz respeito ao cantor Gilberto Gil e o outro ao músico Odivaldo Carlos da Silva. O primeiro foi agredido verbalmente no Qatar e o segundo, fisicamente, no centro da cidade de Curitiba. O nível de gravidade das agressões pode, nesse caso, ser medida em parte pelo anonimato de Odivaldo. No caso do cantor Gilberto Gil, patrimônio cultural, nacional e internacionalmente reconhecido, as agressões partiram de um grupo de bolsonaristas ressentidos, que não ousaram partir para uma agressão física a Gil, dada a sua projeção pública. Por outro lado, quando o negro é proletário, não há barreiras sociais a serem consideradas e isso por si só justifica a agressão, perseguição, humilhação e extermínio.

Na lógica que submete, encarcera e mata a classe trabalhadora negra no mundo, a compreensão de que a exploração de classe e o racismo são motores do capitalismo, juntamente com outras formas de opressão, deve urgentemente nos empurrar para outro patamar da luta antirracista.

A vida no capitalismo é historicamente orientada para a obtenção do lucro e, por isso, é incapaz de satisfazer as necessidades humanas. O racismo faz parte da caixa de ferramentas usada pelas relações de exploração de trabalho, onde as contradições são insuperáveis. Não há conscientização, conciliação, reformas de códigos e legislações, com pagamento de danos morais, que consigam romper com a repetição desse comportamento desumano e dessa hierarquia indigesta, se não questionarmos e derrubarmos o sistema capitalista.

A discriminação, a fome, o desemprego, a violência, o encarceramento e a morte são as pernas do capitalismo, decepá-las está unicamente na força e na obstinação da organização da nossa classe. O rompimento desse círculo vicioso naturalizado pela anuência do Estado Burguês só será superado com a derrubada desse mesmo Estado.

Diante disso, o Movimento Negro Socialista repudia a sequência interminável de casos de racismo no Brasil, e convida os jovens e trabalhadores para se juntarem às nossas fileiras.