As massas revolucionárias da Venezuela entendem a necessidade de barrar a direita e o imperialismo norte-americano

Como se trai uma revolução? – Parte 2

Artigo publicado no jornal Foice&Martelo 132. Clique aqui, para assinar, receber e ler online o conteúdo completo de todas as edições.

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Apesar do fracasso do imperialismo no dia 23 de fevereiro em forçar a entrada da “ajuda humanitária” na Venezuela, o golpe permanece em curso. Assim como algumas organizações “de esquerda” continuam a defender a contrarrevolução e a dizer, ao mesmo tempo, que são revolucionárias. Esse é o caso do PSTU, que declarou no dia 26 de fevereiro1:

É necessário, nesse momento, que as massas venezuelanas retomem suas mobilizações contra Maduro, sem nenhuma confiança em Guaidó. Essa alternativa pró-imperialista não vai levar a nenhuma vitória real dos trabalhadores venezuelanos”.

Em outro artigo, de 25 de janeiro2, afirmaram que:

(…) somente com a mobilização independente dos trabalhadores e com a construção desta alternativa de classe se poderá derrotar a ditadura de Maduro, expulsá-la do poder, fechando a passagem ao imperialismo e à oposição burguesa do país, tão inimigos da classe trabalhadora e do povo humilde da Venezuela como o chavismo”.

Só não explicam como essa passagem ao imperialismo será fechada.

A queda de Maduro hoje significa a ascensão de Guaidó à presidência e a retomada do controle do imperialismo norte-americano sobre o país. Não se trata de defender Maduro e seu governo, mas de não colocar a carroça na frente dos bois. Já explicamos na edição passada do Foice & Martelo e em artigos anteriores qual deve ser a posição dos marxistas: derrotar Guaidó e acertar as contas com Maduro.

Na tentativa de se distanciar da “esquerda reformista”, leia-se PT, aos gritos de “Nem Maduro, nem Guaidó!”, o PSTU faz frente única com os que não conseguiram aprender com a história, nem com as lições dos bolcheviques, qual deve ser a tática no momento em que a ameaça iminente é a de um inimigo que está disposto a derramar o sangue da classe operária para restabelecer o controle do país.

O que é preciso denunciar em relação à Maduro, nesse exato momento, é a sua covardia ao se negar a prender Guaidó quando o mesmo retornou à Venezuela após um giro internacional para conseguir apoio. A tarefa imediata é enterrar o golpe em curso.

O que parece apenas uma “confusão” do PSTU, na verdade é só a expressão de seu comportamento de seita e do seu oportunismo. Na edição 123 do Foice & Martelo, em um artigo sobre a venda da Embraer, mostramos como esse partido se pronunciou alegando a defesa da “Embraer pública”, quando a maioria do capital da mesma já é privado.

É esse o partido que lança um panfleto na assembleia dos trabalhadores da Ford chamando os trabalhadores a ocuparem a fábrica, mas que na GM de São José dos Campos, onde está na direção do sindicato, aceita a proposta da patronal de retirada dos direitos sem fazer um real combate na base.

Agora, chamam os trabalhadores da Venezuela para que, “a partir do rechaço ao regime ditatorial de Maduro, não respaldem politicamente os representantes da oposição burguesa”, sendo que o combate à Maduro agora, nas ruas, está sendo feito pelos próprios golpistas. Os mesmos que queimaram um caminhão de ajuda humanitária e tentaram alegar que foram as forças de segurança venezuelanas os responsáveis.

As energias da classe trabalhadora venezuelana não estão esgotadas. No dia 23 de fevereiro, além da Guarda Nacional, centenas de civis se dirigiram para a fronteira do país para barrar a entrada da “ajuda humanitária” e impediram a concretização dos planos do imperialismo. As demonstrações dadas no último período mostram que ela ainda é capaz de se sacrificar mais em nome da revolução.

A questão que precisa ser resolvida é a subjetiva. Os trabalhadores da Venezuela precisam de um partido e de uma vanguarda capazes de levar a cabo, junto das massas, a expropriação dos grandes meios de produção.

Aqueles que defendem posições sectárias ou a legitimação do autoproclamado presidente estão a serviço da contrarrevolução. Não basta se autoproclamar revolucionário ou fazer algum discurso de aparência radical. Os marxistas são aqueles que compreendem a teoria e a aplicam na prática.

Tirem as Mãos da Venezuela!

Nem golpe, nem guerra imperialista!

Expropriar os imperialistas e a oligarquia!

Trabalhadores do mundo, uni-vos!

¹ https://www.pstu.org.br/lit-qi-fracassou-a-operacao-imperialista-guaido-trump/

² https://www.pstu.org.br/declaracao-da-lit-qi-sobre-venezuela/

 

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