Cortes de verbas e o caos nas universidades federais

Vivemos um momento de grande dificuldade na educação brasileira. Inclusive reitores estão expondo publicamente a dura realidade das universidades: falta de estrutura, ruptura de pagamento das bolsas, atrasos de salários para os terceirizados e até mesmo a suspensão das aulas por tempo indeterminado por questões orçamentárias. Mas como chegamos a esta situação?

Vivemos um momento de grande dificuldade na educação brasileira. Inclusive reitores estão expondo publicamente a dura realidade das universidades: falta de estrutura, ruptura de pagamento das bolsas, atrasos de salários para os terceirizados e até mesmo a suspensão das aulas por tempo indeterminado por questões orçamentárias. Mas como chegamos a esta situação?

O Ministério do Planejamento informou no início do ano que o corte nas verbas de todos os ministérios seria de R$ 66,3 bilhões no ano (Fonte: El Pais). Diante da crise, o governo optou em tirar verbas de direitos sociais ao mesmo tempo em que aumenta os recursos para o Capital. A perda para o Ministério das Cidades foi de R$ 17,2 bilhões, seguido de R$ 11,7 bilhões para a saúde, R$ 9,4 bilhões para a educação e R$ 5,7 bilhões em transportes (Fonte: G1).

O contingenciamento orçamentário adotado pelo governo federal já tem refletido em falta de recursos nas universidades e causado preocupação na comunidade acadêmica.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) divulgou uma nota sobre o orçamento declarando que “a situação financeira das universidades federais, que em 2014 foi sofrida, passa a ser ainda mais difícil, principalmente no caso da Unifesp, em que o orçamento está aquém do porte da instituição”. Entre as medidas em análise, segundo a reitoria, “está a suspensão de contratos ou cortes parciais. (…) Não sabemos ainda quais impactos isso produzirá sobre as atividades de ensino, pesquisa e extensão, incluindo também o hospital universitário.” (Fonte: Estadao)  

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) adiou o início do segundo semestre letivo alegando que não dispunha de condições orçamentárias e de efetivo necessários para começar o semestre. Além disso, suspendeu o pagamento das bolsas de agosto e todos os projetos de extensão! (Fonte: G1).

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) já declarou que não sabe se conseguirá pagar os gastos da universidade a partir de setembro, pois já possui uma dívida de R$ 115 milhões acumulada até o fim do primeiro semestre (Fonte: EBC).

A energia elétrica da Universidade Federal Fluminense (UFF) foi cortada na quarta-feira, 19/08, em sete unidades da universidade, entre elas o prédio da Reitoria. A companhia de energia elétrica alega que o corte no fornecimento de energia elétrica ocorreu devido ao não pagamento das faturas pela universidade (Fonte: O Globo). 

Na UFSC, os atuais campi da universidade sofrem com falta de salas de aula, de um restaurante universitário que atenda efetivamente às demandas estudantis e de moradia estudantil. Apesar de todo o esforço dos discentes para persistir na luta por melhores condições de ensino, buscando propor alternativas à Universidade que atendessem às suas reivindicações, a infraestrutura do campus permanece inadequada às demandas estudantis e acadêmicas (FOnte: ANDES).

Na UFPE houve várias manifestações dos trabalhadores terceirizados que convivem com recorrentes atrasos de salários além do grande número de demissões. (Fonte: G1)

Diante desta dura realidade, que se repete em dezenas de outras instituições federais de ensino do país, os estudantes e trabalhadores da educação procuram uma saída. Segue forte a greve de professores, técnicos e, em vários locais, há também greve estudantil.

Do outro lado, a alternativa que é dada pelos economistas burgueses é uma só: corte de gastos nas áreas sociais fazendo com que o conjunto dos trabalhadores e da juventude pague pela crise. Enquanto os bancos batem recordes de lucros, assim como grandes corporações privadas (Kronton-Anhaguera, por exemplo), a única resposta dada pelo governo para a educação pública são cortes e mais cortes. 

A única saída que pode atender de fato o conjunto da população é o rompimento com o pagamento da dívida pública. É inaceitável que quase metade do orçamento nacional seja destinado para pagamento de bancos nacionais e internacionais enquanto a grande maioria dos nossos jovens ficam sem acesso à educação. Precisamos de uma educação pública, gratuita e para todos, com valorização dos trabalhadores da educação e estrutura adequada para o ensino, pesquisa e extensão. Só o conjunto dos trabalhadores e da juventude organizados poderão impor essas conquistas. 

Venceremos!