Desde o último domingo protestos de rua estão se espalhando pelas capitais brasileiras. São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Manaus foram as primeiras, mas diversas outras estão sendo marcadas para o dia 7 de junho e a burguesia já se mostrou preocupada através de seus representantes.
Na Câmara Federal, um projeto de lei de um deputado do PSL propõe “tipificar os grupos ‘antifas’ (antifascistas) como organizações terroristas“. Na verdade trata-se de adicionar os “antifas” na Lei Antiterrorismo sancionada por Dilma para reprimir os protestos contra a Copa do Mundo de 2014. Aqui vemos as consequências de mais uma herança nefasta da traição do PT à classe trabalhadora.
O simples fato de tentar colocar um movimento que se intitula antifascista na ilegalidade revela um caráter profundamente reacionário. Mas o que a classe dominante realmente teme é que os protestos se transformem em um movimento de massas capaz de acelerar a queda do governo Bolsonaro e inflamar a crise política no país.
A mídia burguesa, por sua vez, associa o movimento apenas à luta contra o racismo e a violência policial. Essa revolta é real e foi o estopim pra a ida às ruas, mas vem junto com um forte sentimento contra o sistema e contra Bolsonaro que marca a juventude que está indos às ruas. Contribui pra isso a falta de clareza política das direções de esquerda, que mesmo com uma explosão social diante de seus olhos se recusa a organizar a classe para derrubar o governo e não coloca de maneira clara a questão da tomada do poder e da revolução.
A explosão que estamos vendo não surge do nada, é resultado de anos e anos de acúmulos. Desemprego, crise econômica e agora a pandemia deixaram o capitalismo nu diante dos olhos de todos e a morte de George Floyd foi a gota que faltava para que essa raiva transbordasse. A esquerda reformista tentou represar de todas as formas possíveis essa revolta, canalizando para as vias institucionais e eleitorais qualquer possibilidade de mudança na sociedade.
A juventude, no entanto, perdeu a paciência por todo o mundo e está preferindo arriscar suas vidas diante da pandemia do que aceitar um milésimo a mais de opressão. Os patrões sabem que quando a raiva se torna maior que o medo suas cabeças entram em jogo e não podem permitir isso.
Como vimos na última década desde a Primavera Árabe até a onda revolucionária no Chile e no Equador, passando por junho de 2013 no Brasil, os representantes do sistema lançarão mão de todas as suas armas para sufocar o movimento. Isso inclui principalmente a força física através da repressão policial, mas também as leis e a confusão política.
O mundo, mais uma vez, está grávido de revolução. As condições subjetivas estão dadas, mas a organização e um programa político revolucionário serão determinantes pra que o movimento não se perca em confusão e desânimo.
Participe dos comitês Fora Bolsonaro, seja um militante da Esquerda Marxista e lute conosco pela revolução mundial.
- Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!