Entrevista com o grupo Risco Classista do RJ: “a hora chegou, Fora Bolsonaro”

Abrimos nosso site para uma entrevista com os companheiros do agrupamento Risco Classista, do Rio de Janeiro. Os companheiros participaram da plenária Fora Bolsonaro, organizada pela Esquerda Marxista, no dia 1º de junho. E realizarão um debate, com o mesmo tema, junto à EM e outras organizações, no dia 03 de julho, no SindipetroRJ, as 18h.

 

1) Conte-nos sobre o Comitê Contra a Reforma da Previdência em São Gonçalo.

RISCO CLASSISTA: O Comitê Contra a Reforma da Previdência de São Gonçalo se reúne toda semana, às terças-feiras num dos espaços das entidades que constroem o Comitê  de São Gonçalo. O objetivo é ampliar a mobilização e fazer um chamamento a população da cidade contra o ataque aos trabalhadores e trabalhadoras que estão sendo atacados por essa Reforma. Essa semana faremos colagem de cartazes  na cidade divulgando que no dia 14 de Junho todo mundo vai parar em São Gonçalo. Dado o fato,  que a população de São Gonçalo deu mais de 60% de votos a Wilson Witzel e Bolsonaro. Nossa tarefa no Comitê  não pode se limitar ao combate a projeto de reforma da Previdência. Precisamos ir além. Impedir  que uma população tão pobre continue sendo iludida por seus algozes.  Portanto, deverá combinar Luta e formação política. Rumo à Greve Geral! [NOTA: A entrevista foi realizada antes de 14 de junho, data da greve geral].

 

2) Como a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” pode ajudar o movimento dos trabalhadores?

RISCO CLASSISTA: Para nós, o “#ForaBolsonaro” não pode ser mais uma jogada das classes dominantes brasileiras. Quem efetivamente controla o poder no Brasil, a turma da FEBRABAN, os conglomerados da mídia dominante, liderados pelo Grupo Globo, empreiteiras, agronegócios, enfim, se a gente bobear eles enrolarão o povo novamente. A turma da bufunfa já avalia que a derrubada da presidenta Dilma e a maneira como conduziram a eleição de Bolsonaro produziu muitos efeitos colaterais. Carregaram demais na dose de Fake News. As Contrarreformas e privatizações, conduzidas pelo Ministro Paulo Guedes dependiam daquele cenário produzido na eleição de 2018. O que a burguesia não contava era que ficasse exposto em tão pouco tempo a incompetência do Governo Bolsonaro. Todo o conjunto formado pela Presidência e o resto dos Ministérios constituem neste momento a defesa do “time” governamental que conduz o projeto capitalista neste Brasil de 2019. Tendo Moro no meio-campo e Paulo Guedes de artilheiro. Mas olha que defesa. A “Família Bolso”; Ernesto Araújo nas relações exteriores; Damares Alves no Ministério da Mulher, da família e dos Direitos Humanos e Weintraub na pasta da Educação. E já está aparecendo na mídia o esforço feito por Sérgio Moro antes da eleição, para merecer o Ministério da Justiça. É fato. As classes dominantes reconhecem que nesse momento perderam parte da sua capacidade de regular o jogo político-institucional. E por isso podem partir para o “plano B”. E diante de mais um impasse político institucional, iniciarem mais uma jogo de conveniência “pelo alto”. Depois de tudo armado, convocam o povão para “bater palmas”, pintar o rosto de verde e amarelo e cantar o Hino Nacional. Quem não Lembra da derrota do Movimento pelas “Diretas já!” (1984) acabando com a triste eleição Tancredo Neves e José Sarney de vice. E o que dizer do acordo com o FMI em 1999, onde nos foi imposto o estabelecimento de metas para o superávit primário e o compromisso de construir a famigerada Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº101/2000). Mais uma vez as classes dominantes, em acordo com o FMI, nos aplicaram o “crime perfeito”, de um lado a imposição de parâmetros para as finanças públicas dos estados e municípios, limitando o endividamento público com gastos em despesas salariais, de outro usa o tal superávit primário para pagamento dos juros da dívida pública. E ai daqueles que questionarem o esquema. O cenário atual é de barbárie, um arrocho brutal sobre pobres. Torneira fechada para investimentos e Serviços públicos; mais de 13 milhões no desemprego aberto fora a informalidade; 65,6 mil assassinatos só em 2017, num patamar recorde no uso de arma de fogo. E as vítimas? São jovens, negros, mulheres e população LGBTI+. Mas o bombardeio diuturno de propaganda ideológica permite anestesiar a população a procura de uma salvação. E segue o baile. No esquema dominante, as classes trabalhadoras só entram para legitimar. O Risco Classista se incorpora ao “#ForaBolsonaro” por entender que se trata de um freio nesse modelo econômico vigente no Brasil desde o início dos anos 1990. Modelo no qual a economia é aprisionada pelo esquema rentista. Com um Presidente que se notabiliza por prestar vassalagem ao império Norte-americano. E quem disser NÂO?. Toma-lhe criminalização. Dá uma olhada nos movimentos sociais. Olha as ações de guerra em áreas de favela do Rio de Janeiro. Ficamos por aqui. Vamos lembrar Bertold Brecht: “…dizem violentas, as águas deste rio que tudo arrastam; mas não dizem violentas, as margens que as oprimem.” Olhe para um lado e para o outro. Percebe as margens se fechando? Acredita que as “águas” ficarão calmas? Claro que Não, pois a hora chegou. “#ForaBolsonaro”

 

3) Explique-nos um pouco mais sobre o Risco Classista.

RISCO CLASSISTA: É um instrumento das classes Trabalhadoras. Das classes que sobrevivem do fruto de seu trabalho. A desvalorização da força de trabalho e a queda da taxa de lucro do Capitalismo, constituem um fenômeno internacional. Os impactos mais visíveis podem ser percebidos no esgarçamento do tecido social desde a última quadra de fins do século XX. Karl Marx e Friedrich Engels apontaram desde o Manifesto do Partido Comunista, que a busca por parte da burguesia em transformar as relações sociais em mercadoria, acabaria por gerar seus próprios “coveiros”. Daí nos chamarmos Risco Classista. Nos propomos a organizar o “bota-fora” desses parasitas. Só assim será possível usufruir dignamente dos recursos naturais e construir comunidades onde a vida humana seja realmente valorizada e não apenas monetizada. Queremos dar concretude à união de todos que vivem de seu trabalho. Rumo ao “autogoverno das trabalhadoras e trabalhadores”.