Os acontecimentos na Grécia estão mais uma vez nas principais manchetes dos jornais, depois de mais um dia de ação grevista militante e do novo “acordo” celebrado hoje pela União Europeia (UE). Este acordo para reduzir a dívida da Grécia é completamente insuficiente para resolver o problema e é um insulto à classe trabalhadora grega, que já vive anos de cortes brutais, enquanto a UE hesita. A única solução real para os problemas da Grécia é o cancelamento da dívida e a expropriação do capitalismo na Grécia e na Europa. Este artigo, que foi apresentado na segunda edição da revista teórica da Corrente Marxista Internacional, fornece algumas análises teóricas para as forças políticas e econômicas subjacentes à presente radicalização. Você pode fazer a assinatura da revista aqui.
Os acontecimentos na Grécia estão mais uma vez nas principais manchetes dos jornais, depois de mais um dia de ação grevista militante e do novo “acordo” celebrado hoje pela União Europeia (UE). Este acordo para reduzir a dívida da Grécia é completamente insuficiente para resolver o problema e é um insulto à classe trabalhadora grega, que já vive anos de cortes brutais, enquanto a UE hesita. A única solução real para os problemas da Grécia é o cancelamento da dívida e a expropriação do capitalismo na Grécia e na Europa. Este artigo, que foi apresentado na segunda edição da revista teórica da Corrente Marxista Internacional, fornece algumas análises teóricas para as forças políticas e econômicas subjacentes à presente radicalização. Você pode fazer a assinatura da revista aqui.
O centro da revolução mundial agora se deslocou para o continente europeu. A crise do euro assemelha-se a uma prolongada agonia de morte, enquanto um país após outro é absorvido na voragem. Reuniões de cúpula europeias “decisivas” se sucedem uma após outra, cada uma delas proclamando um fim definitivo à crise do euro. Os mercados se animam durante poucas horas ou dias e, em seguida, caem mais uma vez. O índice dos mercados bolsistas europeus assemelha-se a um termômetro que segue o processo de um paciente com doença terminal.
Esta turbulência nos mercados é um reflexo preciso do estado mental da burguesia, que se caracteriza por extremo nervosismo. Isto, por sua vez, é um reflexo do fato de que a atual crise é sem paralelo em sua envergadura, mesmo maior que a de 1929-33. Em muitos países europeus, a antes proclamada “recuperação” não teve existência. A burguesia se encontra à deriva em mares nunca dantes navegados sem nenhum mapa ou bússola. O colapso inevitável do euro, nas palavras de um estrategista burguês, tornar-se-ia o maior choque da era, ameaçando mergulhar o mundo em outra Grande Depressão.
A Europa está no olho do furacão, mas a Grécia nesta etapa se encontra em seu epicentro. Toda cadeia quebra em seu elo mais fraco e a Grécia é o elo mais fraco na cadeia do capitalismo europeu. É o doente terminal da Europa, embora também exista certo número de outros pacientes em tratamento intensivo ou esperando para serem atendidos. No final das contas, nenhum país poderá escapar da catástrofe que avulta no horizonte.
A Grécia já passou por cinco anos de colapso econômico, empurrada para baixo ainda mais a cada cambaleio do vício da austeridade. Desde 2008, seu PIB caiu quase 20%. A produção industrial caiu 34%, entre 2008 e o primeiro trimestre de 2012. O desemprego subiu dramaticamente a 24% da força de trabalho, com uma previsão de aumentar para 28% até o final deste ano. O desemprego na faixa etária entre 18 e 24 anos situa-se em 55%. No setor privado, os pagamentos mensais de salários caíram entre 50 e 55%. Quinhentos mil trabalhadores têm seus salários atrasados por mais de três meses. Os hospitais funcionam sem medicamentos, as lojas não têm alimentos e as escolas estão sem livros. Toda a sociedade grega está desmoronando. Estas condições provocaram 18 greves gerais e resultaram em uma situação pré-revolucionária – pela primeira vez na Europa nos últimos 35 anos. Ela é a imagem refletida no espelho do que irá acontecer em todos os outros países. Isto significa que a revolução europeia, com todos os seus deslocamentos e giros bruscos, começou.
Quais são as características da situação pré-revolucionária na Grécia? Primeiramente, há uma aguda crise do regime e crescente instabilidade social. A consciência do povo trabalhador começa a se emparelhar com a situação objetiva, não mais gradualmente, mas a amplos saltos. As massas começam a romper com a velha rotina e se tornam cada vez mais radicalizadas. Em tal situação, um partido revolucionário poderia se colocar à cabeça das massas e preparar o caminho para a tomada do poder. Contudo, onde tal partido inexiste, uma crise pré-revolucionária pode durar por um período prolongado de tempo, passando por diversas etapas de avanços e recuos na luta de classes. Foi esta a sorte da revolução espanhola entre 1931 e 1937.
A análise de Trotsky
No período pré-guerra, Trotsky analisou como uma situação revolucionária poderia emergir de uma situação pré-revolucionária:
“A situação revolucionária somente existe quando as condições econômicas e sociais que permitem a revolução provocam mudanças bruscas na consciência da sociedade e de suas diferentes classes. Quais as mudanças que, produzidas desta forma, podem criar uma situação revolucionária? (a) Para nossa análise, devemos considerar as três classes sociais: a capitalista, a classe média e o proletariado. São muito diferentes as mudanças de mentalidade necessárias em cada uma destas classes. (b) O proletariado britânico sabe muito bem, muito melhor que todos os teóricos, que a situação econômica é muito grave. Porém, a situação revolucionária se desenvolve apenas quando o proletariado começa a buscar uma saída, não sobre os trilhos da velha sociedade, mas pelo caminho da insurreição revolucionária contra a ordem existente. Esta é a condição subjetiva mais importante de uma situação revolucionária. A intensidade dos sentimentos revolucionários das massas é um dos índices mais importantes da maturidade da situação revolucionária. (c) Contudo, a etapa seguinte à situação revolucionária é a que permite ao proletariado converter-se na força dominante da sociedade, e isto depende até certo ponto (ainda que menos na Inglaterra que em outros países) das ideias e sentimentos políticos da classe média, de sua desconfiança em relação a todos os partidos tradicionais (incluindo o Partido Trabalhista, que é reformista, ou seja, conservador) e de que deposite suas esperanças numa mudança radical, revolucionária, da sociedade (e não numa mudança contrarrevolucionária, isto é, fascista). (d) As mudanças no estado de ânimo da classe média e do proletariado correspondem e são paralelas às alterações no estado de ânimo da classe dominante. Quando esta última enxerga que é incapaz de salvar seu sistema, perde confiança em si mesma, começa a se desintegrar e se divide em frações e camarilhas”.
Trotsky continua para explicar: “Não se pode saber de antemão, nem indicar com precisão matemática, em que momento desses processos, a situação revolucionária está madura. O partido revolucionário apenas pode descobri-las através da luta pelo crescimento de suas forças e influência sobre as massas, sobre os camponeses e a pequena burguesia das cidades etc.; e pelo enfraquecimento da resistência das classes dominantes”.
A ascensão de Syriza
A emergência de uma crise pré-revolucionária na Grécia se refletiu nos acontecimentos do último período. A crescente oposição às medidas de austeridade do governo do PASOK resultou em sua queda e na chegada ao poder do governo tecnocrático de Papademos. Este tentou manter a peteca no ar por um curto período de tempo, e terminou por se ver obrigado a convocar novas eleições. As primeiras eleições de maio viram uma dramática queda no apoio aos partidos tradicionais, o que produziu um impasse parlamentar. A impressionante ascensão no apoio à Syriza, que veio de forma predominante dos trabalhadores e jovens radicalizados, aterrorizou a burguesia grega e internacional. A perspectiva de uma coalizão de esquerda era um anátema. Isto resultou em uma campanha massiva no interesse dos capitalistas gregos, apoiada pelo capital internacional, para desacreditar Syriza no segundo turno.
“Queríamos logo a realização das eleições porque, para depois de junho, estaríamos em um governo Bolchevique”, declarou Chryssanthos Lazarides, o principal conselheiro de Nova Democracia. O objetivo de tal campanha de medo era aterrorizar a população para fazê-la votar pela Nova Democracia. O segundo turno das eleições, em junho, viu uma polarização massiva. Enquanto Nova Democracia aumentou seus votos em relação aos números obtidos em maio para ganhar as eleições, obteve isto assustando os setores politicamente mais retrógrados da classe média e fazendo-os votar pelo partido. Apesar disto, as eleições também mostraram um enorme impulso para Syriza. Com suas raízes fincadas na tradição comunista grega, isto refletiu uma ainda maior radicalização das massas.
A vitória eleitoral de Samaras somente pode ser definida como uma Vitória de Pirro. Enquanto isto, a derrota de Syriza provavelmente assinala que a pausa temporária na luta de massas, em especial depois das exaustivas batalhas durante os dois anos anteriores, não será duradoura. Novas batalhas estão em perspectiva na busca das massas gregas por uma saída da crise.
A Troika do Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia é absolutamente odiada na Grécia. A nova coalizão de direita de Nova Democracia, PASOK e Esquerda Democrática, constitui um instável governo Quisling que imediatamente abandonou sua promessa eleitoral de renegociação do Memorando. Na verdade, a eleição não resolveu nada. A instável base social de Samaras é muito frágil para se lançar a partir dela uma nova ofensiva contra a classe trabalhadora grega. Ele prometeu novos cortes de austeridade de três bilhões de euros para o restante de 2012 e 11,6 bilhões de euros para os próximos dois anos. No entanto, isto provocou a demissão do vice-ministro do Trabalho e chefe do programa de privatização em questão de semanas de sua tomada de posse. O apoio eleitoral à coalizão facilmente começará a se desgastar.
Syriza tornou-se agora um ponto de referência para os militantes avançados e para a juventude radicalizada, que começaram a ingressar em suas fileiras. O PASOK, que era o partido de massas dos trabalhadores, encolheu em tamanho e influência. Sua entrada na coalizão liderada por Nova Democracia dará continuidade a este processo. O apoio da classe trabalhadora à Syriza pode ser visto a partir da votação que recebeu nas fortes áreas proletárias de Atenas e em outros lugares. Muitos que antes apoiavam PASOK se transferiram para o lado de Syriza. O partido espera recrutar agora de 40 a 50 mil novos membros nos próximos meses através de assembleias locais. Tem potencial para se transformar no novo partido de massas da esquerda. Contudo, a liderança do partido ainda é dominada pelos reformistas que trouxeram com eles as piores características do velho partido eurocomunista, Sysnaspismos.
Syriza se compõe hoje de diferentes tendências, da direita à esquerda. Tsipras, o popular líder de Syriza, teve êxito em construir seu apoio através da projeção de uma imagem de esquerda e de opositor da austeridade. Ele se destaca na esquerda, mas deve-se dizer que seu programa é confuso. Em tal conjuntura, esta confusão é perigosa. Sua promessa de renegociar o Memorando enquanto também promete permanecer dentro da zona do euro reflete isto. Essa renegociação está absolutamente descartada por Bruxelas e Berlim, que estão exigindo que a Grécia pague suas dívidas em pleno. Eles não podem tolerar quaisquer mudanças reais em termos de redução da dívida da Grécia, porque Portugal, Irlanda e o restante dos membros endividados poderiam exigir o mesmo tratamento. Um movimento nesta direção conduziria a um colapso mais rápido do euro e em algum momento até mesmo da União Europeia.
Qualquer rejeição do Memorando significaria que a Grécia seria expulsa, não apenas da zona do euro, como também da UE, isolada do mercado financeiro mundial e incapaz de pedir emprestado para pagar salários e aposentadorias. Toda tentativa de encontrar uma solução “realística” dentro das fronteiras do capitalismo somente resultará em desastre. O resultado final na base do capitalismo se assemelharia a um colapso como o da Alemanha em 1923, com quedas drásticas nos padrões de vida e hiperinflação. Todas as evidências indicam que uma saída da Grécia a empurraria para uma situação revolucionária.
“A transformação econômica da sociedade é um processo muito gradual, que se mede em séculos e décadas”, explicou Trotsky. “Porém, quando se alteram radicalmente as condições econômicas, a resposta psicológica, já demorada, pode aparecer muito rápido. E assim, sucedendo muito rápido ou lentamente, essas mudanças inevitavelmente devem alterar o estado de ânimo das classes. Somente então temos uma situação revolucionária”.
A mais forte tendência de esquerda dentro de Syriza liderada por Panagiotis Lafazanis clama por um retorno ao dracma como uma solução para os problemas da dívida. Mas este será somente mais um caminho para a ruína dos trabalhadores na base do capitalismo. O valor de um novo dracma mergulharia, provocando ainda maior colapso nos padrões de vida. Para a classe trabalhadora, não é uma questão de lado de dentro ou lado de fora do euro. Em ambos os casos, os trabalhadores perderiam. O problema que o povo grego enfrenta não é um problema de moeda, mas uma crise do sistema capitalista. Uma abordagem tão confusa de questões tão vitais em nome da esquerda grega somente irá tornar as coisas piores sem oferecer nenhum caminho à frente para os trabalhadores.
O programa marxista
Diariamente, a situação econômica das massas piora. A crise está tirando as massas de sua passada apatia em todos os lugares. Há uma fermentação crescente na sociedade, especialmente nas classes trabalhadora e média. Um ânimo crítico está se desenvolvendo rapidamente, ao lado do questionamento do sistema capitalista, o que não acontecia antes. É uma mudança súbita e abrupta na situação, como Trotsky explicou, e que cria a consciência revolucionária nas massas. Isto constitui a característica fundamental de uma crise pré-revolucionária dentro da sociedade.
As seitas ultra-esquerdistas estão fazendo um estardalhaço sobre a imediata ameaça de fascismo. Eles são como o russo tolo que cantou músicas fúnebres em casamentos e músicas de casamento em funerais, e que, por isto, foi surrado nas duas ocasiões. Enquanto para o próximo período iremos ver uma pronunciada polarização entre esquerda e direita, na Grécia e na França, não há nenhuma possibilidade de reação fascista ou bonapartista na Europa no futuro imediato. Enquanto, ao contrário das seitas, não exageramos o crescimento do fascismo em torno de Amanhecer Dourado, não deixamos de ver isto, contudo, como uma advertência para a classe trabalhadora sobre o que poderia acontecer se ela não se movimentar para tomar o poder.
Hoje, o equilíbrio de forças na sociedade é majoritariamente a favor da classe trabalhadora. As reservas sociais da reação são minúsculas em comparação. O campesinato está disperso, enquanto a classe trabalhadora cresceu enormemente em força e coesão. Apesar disso, se, ao longo de um período de anos, não houver nenhuma solução à vista, as camadas atrasadas da classe média podem se desesperar e, em desespero, se voltar para a reação. A classe dominante grega, enfrentada a uma instabilidade interminável, turbulências sociais e conflitos industriais, começará a se preparar para a reação. O lema de Ordem será levantado. Tramas e conspirações serão incubadas, como a Conspiração do Gládio nos anos 1970. Em seguida, em determinado ponto, podem se mover em direção a um golpe militar, como em 1967, com as gangues fascistas servindo de auxiliar. Porém, dadas às tradições revolucionárias da Grécia, uma provocação destas levaria a uma guerra civil, e a classe dominante não estaria confiante de ganhá-la. Isto é uma advertência! Mas não é música do presente, e sim do futuro.
Durante o próximo período, todos os partidos, incluindo Syriza, serão testados. Desde a última eleição, a liderança de Syriza tem moderado sua posição, abandonando a demanda de nacionalização dos bancos por “controle” e substituindo o cancelamento do Memorando por “renegociação”. Isto é uma rampa escorregadia. Não há nenhuma solução para as massas gregas sobre bases capitalistas, seja dentro ou fora do euro. O capitalismo grego está muito doente e não pode mais pagar as reformas. Pelo contrário, austeridade ainda mais maldosa está na agenda, seja dentro da UE ou não. Argumentar mais é enganar a classe trabalhadora porque não há nenhum caminho médio nesta situação.
Os acontecimentos também estão provocando debates e questionamentos dentro do Partido Comunista Grego, o KKE, que desempenhou um papel muito sectário até agora. A perda de 50% de seus votos de maio a junho provocou fermentação em suas fileiras. A liderança do KKE tem se recusado a defender a política leninista de Frente Única com Syriza e vem dizendo simplesmente que a ascensão de Syriza é apenas a ascensão de outra formação de “centro-esquerda” promovida pelo establishment para substituir o PASOK. Toda esta abordagem tem sabor de “Terceiro Período” estalinista, que apenas pode servir para dividir o movimento dos trabalhadores, com trágicas consequências. O KKE tem importantes e históricas raízes na classe trabalhadora que foram fincadas há gerações. Na base dos acontecimentos, as fileiras militantes do partido entrarão em conflito com o sectarismo de seus líderes. Somente desta forma eles serão capazes de desempenhar um papel fundamental na revolução grega.
A despeito de todas as tentativas da burguesia de evitar que uma coalizão de esquerda chegue ao poder, mais cedo ou mais tarde, um governo de esquerda conduzido por Syriza emergirá. Isto irá abrir uma nova etapa na revolução grega. Tão logo chegue ao poder, [Syriza] ficará sob a intensa pressão dos trabalhadores, por um lado, e dos capitalistas, incluindo o capital internacional, pelo outro. O governo de esquerda será forçado a fazer uma escolha: ou capitular diante da pressão dos banqueiros e capitalistas, ou mobilizar as massas para abolir o capitalismo. Esta é a crua realidade. Numa crise tão catastrófica, só há um caminho. Qualquer tentativa de brincar de capitalismo simplesmente restringindo seu funcionamento com medidas parciais somente tornará a coisas pior. Se um governo de esquerda fracassar em derrubar o capitalismo e for forçado a operar dentro de seus limites, perderá o seu apoio, os trabalhadores e a juventude, perderá a classe média e pavimentará o caminho para o retorno ao poder da Direita. Naturalmente, qualquer novo governo de Direita não resolverá o problema e não durará por muito tempo.
Efeito Eletrizante
Hoje, os marxistas na Grécia estão totalmente envolvidos com nosso trabalho no Syriza, e também realizando o trabalho nos bairros, escolas, universidades e sindicatos. Estão determinados a construir o partido e armá-lo com um programa marxista como o único caminho a seguir. Isto significa o repúdio do Memorando e pela nacionalização dos bancos e dos grandes monopólios – o comando mais elevado da economia – sem indenização, e a organização de um plano socialista de produção sob o controle dos comitês de trabalhadores, pensionistas, estudantes, assim como dos representantes dos pequenos negócios. Isto colocaria o poder nas mãos da classe trabalhadora grega. Este programa produziria um efeito eletrizante através de uma Europa acossada pela crise, começando pela Espanha, Portugal, Itália e França. Algo similar ao impacto mundial da Revolução Russa de Outubro de 1917. Haveria uma pronta resposta a um apelo revolucionário aos trabalhadores e jovens de todos os países para seguir o mesmo caminho e tomar o poder em suas mãos. Não há mais espaço para o reformismo. Somente um ousado programa revolucionário e internacionalista pode dar um fim à crise no interesse das massas.
No momento, depois de dois anos de lutas, incluindo 18 greves gerais, e do retrocesso na frente eleitoral, a classe trabalhadora grega está dando uma respirada. Contudo, esta calmaria não durará muito, uma vez que as condições são demasiado severas. Não pode haver nenhum governo estável com base na terrível crise do capitalismo grego.
No desenrolar das lutas, à classe trabalhadora serão apresentadas numerosas oportunidades para chegar ao poder. Não faltarão situações revolucionárias. Não é necessário explicar às pessoas que perderam tudo que uma mudança fundamental é necessária – não soluções parciais ou lemas “espertos”, mas sim que é necessário lutar pela derrubada total do atual sistema. É essencial que as forças do marxismo grego sejam construídas o mais rápido possível. Os trabalhadores e a juventude, começando com as camadas mais avançadas, necessitam ser conquistados para a tendência marxista através de um trabalho sistemático e enérgico.
A revolução grega em evolução tem mostrado que entramos em uma nova época de guerras, revolução e contrarrevolução, e hoje a chave da situação mundial está na Europa, começando com a Grécia.
O capitalismo retomou sua prolongada agonia de morte, sobrecarregando as massas com fadigas intoleráveis. A luta dos estrategistas do capital para encontrar uma saída do impasse significará mais duras imposições nos ombros da classe trabalhadora. Tudo está caminhando para as batalhas e lutas de classe em níveis jamais testemunhados desde a Revolução Russa. Os acontecimentos que se sucedem agitarão todas as classes até os próprios alicerces. A situação objetiva para a revolução mundial não estão apenas maduras, estão mais que maduras. O sistema capitalista se encontra em completo impasse, que se reflete na profunda crise e na existência de milhões de desempregados.
A nova geração tem de se armar para as próximas lutas. A teoria e o programa do marxismo tornar-se-ão uma arma inestimável em seu arsenal revolucionário. A juventude, que está sendo ignorada e desprezada pelo capitalismo, está destinada a desempenhar um papel chave. Seu entusiasmo e inspiração devem ser incorporados nas organizações da classe trabalhadora. “Somente o fresco entusiasmo e o espírito vigoroso dos jovens pode garantir o êxito inicial na luta”, explicou Trotsky, “somente este êxito pode fazer retornar os melhores elementos da geração mais velha ao caminho da revolução”. Sob a bandeira do socialismo revolucionário, as organizações dos trabalhadores podem se transformar em organizações de luta. Apoiamos a total emancipação material e espiritual da classe trabalhadora através da revolução socialista. Sem isto, a catástrofe, que ameaça toda a cultura da humanidade. Não pode haver nenhuma tarefa mais importante para nós.
Não à Europa dos banqueiros e capitalistas! Sim aos Estados Unidos Socialistas da Europa!