Apresentamos aqui o informe político aprovado pelo Comitê Central (CC) da Organização Comunista Internacionalista (OCI), no dia 22 de março de 2025. Este informe abre a preparação do 9º Congresso Nacional de nossa organização e está sendo discutido por todos os militantes da OCI, nas instâncias da organização, em preparação ao nosso Congresso.
O informe está dividido em duas partes, internacional e nacional, incluindo na parte nacional as tarefas para a construção da OCI, seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária (ICR).
Convidamos todos os apoiadores e simpatizantes da OCI a conhecerem nossas análises e posições a partir da nova situação aberta no mundo. Junte-se a nós na luta pelo fim do decadente capitalismo e pela edificação do comunismo, no Brasil e no mundo!
Boa leitura!
Uma nova situação mundial se abriu
Acabou a ordem de Yalta e Potsdam
Camaradas,
Esta é uma reflexão sobre a nova situação mundial. Ela não é completa. É uma reflexão inicial, mas acreditamos que tem uma importância maior. Sobre a situação internacional, há muito que desenvolver: guerras, ações do capital em suas diferentes formas monstruosas, mas todas elas com a alma única, de faca na boca e olhos injetados de sangue, atacando o proletariado e ameaçando a Humanidade. Mas o central é compreender que o mundo mudou, e nada mais será como antes.
Será no caos, com sua luta de classes, que o proletariado poderá construir uma paz chanfrada e um futuro para a Humanidade. Camaradas, desembainhem as espadas, porque os monstros tiraram as peles de cordeiro. A classe trabalhadora lutará. Avançamos para a época de novos Spartacus, novos Leônidas, novas Comunas e novas revoluções soviéticas.
A época de Lênin e Trotsky continua aberta à nossa frente. Os desanimados, os chorões, os adaptados, os que não veem na história mais do que aquilo que os capitalistas lhes dizem, os que acreditam que a democracia burguesa é democracia, estes não podem oferecer nenhum futuro à juventude, à classe trabalhadora, à espécie humana.
Mas os revolucionários, que conseguem, com o marxismo, compreender a história da luta de classes e agir organizadamente na luta de classes, estes estão aqui pela Humanidade!
Muito mais deveremos aprofundar sobre a nova situação mundial. Essa será uma tarefa coletiva, na qual todos os dirigentes eleitos, os quadros e os militantes têm um papel essencial. Este não é um texto definitivo, mas o quadro do desenvolvimento sobre a situação internacional analisado pelo Comitê Central da OCI. Sem dúvida, poderemos, coletivamente, desenvolvê-lo para ordenar nossas tarefas para os próximos tempos tumultuosos, que obrigatoriamente terão prazos e ritmos diferentes em cada país. Mas temos absoluta confiança em nosso programa, na classe operária e na certeza de que só o bolchevismo pode emergir desta torrente e abrir um futuro à Humanidade.

Deixamos claro que a caracterização mais precisa é que se trata de uma nova situação mundial e não de uma “virada na situação mundial”, porque essa expressão (“virada”) inclui a ideia de que as classes trabalhadoras tomaram uma iniciativa mundial, como foi, por exemplo, em 1968, da Tchecoslováquia à França, ao Brasil, ao México, aos Estados Unidos e a outros países, ou seja, uma iniciativa global das massas contra os governos e os regimes. Não que isso não esteja acontecendo, mas ainda não é uma virada na situação mundial.
Por exemplo, na Alemanha, além de o SPD ter sofrido a maior derrota de sua história, a AfD fez 20% dos votos, e ainda ganhou a CDU, que são os reacionários democratas-cristãos. Então, ainda não é uma “virada” na situação mundial. E, mesmo que haja greves em uma série de lugares, uma quantidade enorme de greves de combate, e agora a situação da Grécia, com um milhão de pessoas nas ruas, ainda não é uma virada na situação mundial do ponto de vista de que nossa classe tem a iniciativa, colocando a outra classe com a faca no pescoço.
Há muitos exemplos históricos disso. Por exemplo, a Revolução Russa foi uma virada na situação mundial, num momento em que o mundo estava saindo da Primeira Guerra Mundial, e a iniciativa das massas russas provocou uma virada nessa situação mundial. A situação de hoje é a de que há uma nova situação mundial. Não é mais a situação mundial que nós vínhamos analisando, pelo menos para falar dos últimos tempos, de 2008, 2009, o aprofundamento da crise, o novo salto da crise durante a pandemia, ou seja, a temperatura da água subindo e já apresentando algumas borbulhas.
A água chegou à temperatura da fervura e está se transformando em vapor. Nós não podemos exatamente dizer para que lado vai esse vapor ou como ele vai se desenvolver, se vai voltar para o estado líquido, se vai se dispersar no ar ou se vai queimar em algum lugar, mas é uma nova situação mundial. E devemos explicar isso, pela sua importância, na preparação do próximo Congresso Nacional da OCI, porque temos uma enorme quantidade de militantes novos que não conhecem corretamente os meandros da história e da luta de classes do século anterior e mesmo da história mais recente. Então, devemos começar — ou continuar dizendo — que se trata aqui exatamente disso: da abertura de uma nova situação no mundo e da importância da questão.
Em 1945, tivemos, ao final da Segunda Guerra Mundial, o que se chamou de Ordem de Yalta (na Crimeia) e Potsdam (na Alemanha), duas conferências promovidas por Roosevelt, Stalin e Churchill que estabeleceram o que eles chamaram de “Ordem Mundial”.
A ordem de Yalta e Potsdam significava o acordo contrarrevolucionário entre a União Soviética, que, com o Exército Vermelho, havia derrotado o nazismo e o fascismo, e o imperialismo norte-americano, que entrou na guerra tardiamente, deixando, durante um bom tempo, que a Europa, em particular a Inglaterra e a França, se esvaíssem financeira e economicamente. Depois, quando o Exército Vermelho virou a guerra a partir de Stalingrado e da Batalha de Kursk — mas, basicamente, Stalingrado — e marchou em direção a Berlim, os Estados Unidos entraram na guerra enviando diretamente suas tropas, já no meio do conflito. Afinal, eles não podiam deixar o Exército Vermelho derrotar o nazismo e ocupar toda a Europa.
Em 1944, os Acordos de Yalta e Potsdam foram uma política e uma ação traidora, comandada por Stalin e seu sócio Roosevelt, com o objetivo de sufocar o impulso da revolução que vinha da Ásia até a Europa. A Alemanha foi dividida ao meio, e decidiram-se as zonas de influência — zonas estas que, aliás, já estavam definidas pela luta. Todo o Leste Europeu já estava ocupado pelo Exército Vermelho, e não havia mais burguesia na maioria desses países, como Eslováquia, Hungria e Polônia, pois ou haviam fugido do nazismo ou haviam colaborado com ele. Na Eslováquia e na Hungria, colaboraram; na Polônia, fugiram para a Inglaterra. O resultado disso é que, ao final da guerra, não havia burguesia para retomar a propriedade dos meios de produção.
Por isso, Dimitrov, a mando de Stalin, criou a teoria antimarxista e contrarrevolucionária das “Democracias Populares”, que seria uma transição na qual haveria capital estatal e capital privado, e onde a burguesia teria lugar e preponderância, ou seja, não se estabeleceria um Estado operário, mesmo que burocrático. Isso fracassou porque não havia burguesia, e onde restavam seus vestígios, as massas a varreram, e o Exército Vermelho foi obrigado a expropriar tudo.
O acordo de zonas de influência já estava praticamente definido pela situação desenvolvida durante a guerra. Em 1944, realizou-se a Conferência de Bretton Woods, onde se criaram o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial: um para emprestar dinheiro a países necessitados, submetendo-os ainda mais ao controle do grande capital, e outro para regular as relações econômicas mundiais. Nesse acordo de Bretton Woods — cujos inspiradores, desde 1942, foram John Maynard Keynes e Harry Dexter White, dos Estados Unidos —, decidiu-se, em 1944, que, já que cerca de 60% a 70% do ouro mundial estava nas mãos dos Estados Unidos, ou a caminho deles (pois França e Inglaterra precisavam pagar pelos armamentos e gastos que os EUA gentilmente financiaram, como acontece agora com a Ucrânia), além das reparações de guerra da Alemanha, Japão e Itália, o Padrão Ouro para as trocas internacionais, que já vinha sendo abandonado desde a Primeira Guerra Mundial, seria substituído por um novo padrão: o Padrão Dólar. Os EUA garantiam que os dólares poderiam ser livremente convertidos em ouro no próprio país. O ouro ficava depositado em Fort Knox, nos Estados Unidos, e o papel emitido pelo governo norte-americano, o dólar, podia ser trocado por ouro. Então, teoricamente — bem teoricamente, como veremos —, se alguém possuía US$ 100, poderia ir ao Tesouro Americano e trocá-los por uma quantidade correspondente de ouro.
Isso teve duas consequências. Uma foi que todas as contradições do capitalismo, depois da Segunda Guerra, atingiram os Estados Unidos, que até então estavam do outro lado do Atlântico, bem tranquilos e crescendo às expensas do Velho Continente. Mas houve outro problema: os Estados Unidos estabeleceram 754 bases militares no mundo e tiveram que lançar o Plano Marshall para reconstruir os Estados burgueses na Europa, a fim de conter a revolução proletária e integrar a economia europeia ao controle dos EUA. Além disso, implementaram o Plano Colombo para reconstruir o Japão e o Sudeste Asiático — que era o Plano Marshall do Pacífico —, e assim por diante. Para isso, precisavam de mais dólares do que aqueles emitidos com lastro direto no ouro.
Então, os Estados Unidos, como eram os únicos a controlar o ouro (até hoje, nenhuma pessoa que não trabalhe em Fort Knox pode entrar, exceto talvez o presidente da República; o último que entrou foi Franklin Delano Roosevelt. Agora, Elon Musk quer entrar, Donald Trump quer entrar, e há um impasse para se verificar se o ouro está lá).
O que os americanos fizeram? Começaram a emitir dólares sem explicação. Em 1970, o presidente golpista da França, Charles de Gaulle, que possuía US$ 7 bilhões — o que, na época, era uma fortuna —, desconfiou que os EUA estavam aplicando um golpe e mandou buscar os US$ 7 bi da França em ouro.
E, naquele momento, Richard Nixon assinou um ato impedindo a conversão e cancelando a troca do dólar por ouro. No mundo inteiro, inclusive para De Gaulle, restou apenas um papel cujo valor ninguém sabia ao certo, pois ninguém conhecia a quantidade real de ouro que servia de lastro. O resultado foi que todos ficaram em silêncio e continuaram usando o dólar como padrão-ouro, pois, se alguém gritasse “pega ladrão”, todos correriam ao banco e descobririam que não havia dinheiro suficiente. Assim, o dólar permaneceu como padrão, sustentado por um golpe perfeito, apoiado em armas.
Essa é a época do imperialismo, a época do declínio geral do capitalismo, em que as forças produtivas sufocam dentro do Estado nacional e da propriedade privada e são transformadas em forças destrutivas. Esse é o sentido do que Marx explicou ao dizer que se abria a época das revoluções e da mudança de sistema social, e da definição que Lênin, no século XX, deu ao imperialismo: a época das guerras e revoluções.

Nessa situação, as conquistas arrancadas após a Segunda Guerra Mundial — com o Exército Vermelho vencendo o nazismo e o medo do comunismo se espalhando pela Europa, Japão, Coreia e Vietnã — obrigaram o imperialismo a fazer concessões para tentar impedir que a expropriação dos meios de produção prosseguisse. Obviamente, eles não confiavam em Stalin a ponto de dizer “esse cara está com a gente”, apesar de toda a sua política de cooperação, que se traduzia na “coexistência pacífica” com o imperialismo.
E aí, vai se desenvolvendo cada vez mais a contradição entre o crescimento do capital constante e sua equação com o capital variável, que é de onde sai o lucro — ou seja, a expressão do roubo da mais-valia, que se transforma em lucro dessa forma. Aliás, é por isso que, no dia em que as máquinas controlarem todo o planeta e fizerem tudo, o capitalismo chegará ao fim, pois não haverá ninguém para comprar o que as máquinas produzirem. E se, por acaso, as máquinas decidirem produzir tudo para distribuir, isso já não se chamará mais capitalismo. Portanto, essa é uma hipótese utópica e catastrófica — utópica ou distópica. A própria burguesia teria que lutar contra isso de forma cruel.
Mas, em 1991, com a queda da União Soviética, tivemos a ruptura da ordem de Yalta e Potsdam — pela metade. A outra metade permaneceu: a relação dos Estados Unidos com a Europa, com o Japão e com vários países que formavam o bloco que, em 4 de abril de 1949, levaria à formação da Otan, além das 754 bases militares dos EUA espalhadas pelo mundo. Assim, o controle imperialista prosseguiu, mesmo depois de a queda da União Soviética já ter rasgado metade da ordem mundial de Yalta e Potsdam.
Agora, nós estamos numa nova etapa: a situação de ruptura da outra parte da ordem de Yalta e Potsdam e sua liquidação. O discurso de Marco Rubio, no Senado americano, que se completa com o discurso de J. D. Vance na Conferência de Segurança na Europa, em Munique, tem duas coisas significativas. Vance diz que os governos europeus estão perdendo eleições e vão perder mais, porque todos entraram nessa baboseira de identitarismo e não se preocuparam com a fome do povo, com o povo desempregado. Tudo o que ele falou é verdade. Apesar de ser um mentiroso e canalha imperialista, ele culpou a burguesia e os partidos burgueses europeus exatamente. E, junto com isso, acusou os governos e partidos europeus de atacarem a democracia ao regular e controlar as empresas norte-americanas. Eles pretendem arrombar as portas da União Europeia, que eles próprios fizeram construir desde 1952, com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), em 1951, e depois com a Comunidade Econômica Europeia (CEE), em 1957. Esta veio a ser a União Europeia em 1993. Antes disso, ainda houve a Política Agrícola Comum (PAC), de congelamento de áreas plantadas, cotas de produção para os agricultores etc. Assim, passou a ser muito mais simples influir em cada país em particular e negociar em bloco com os europeus.
A segunda questão relevante foi a declaração de guerra, que expressa a posição de Trump, no discurso de Marco Rubio, Secretário de Estado, no Senado americano: “A ordem mundial do pós-guerra não é apenas obsoleta, mas tornou-se uma arma usada contra nós”, desde que “aceitamos o Partido Comunista da China na ordem mundial, onde ele aproveitou todas as vantagens e ignorou todas as obrigações e responsabilidades”. Reconheço, no entanto, que a China “serviu-nos muito bem” e “muito”. E conclui Rubio: “devemos recorrer à volta da criação de um mundo livre a partir do caos.”
Obviamente, essa gente não entende a estrutura orgânica do funcionamento do capital e não a pode aceitar se alguém lhes explica. Inclusive aqueles que entendem esse funcionamento sistêmico não podem aceitá-lo e lutam contra a maré, porque é sua vida, como classe, que está em jogo. A burguesia nunca poderá perdoar Marx por ter trazido à luz do dia o que se passava “na morada oculta da produção”: a apropriação patronal privada da mais-valia.

Eles têm a compreensão de que a ordem antiga não serve mais aos interesses do capital neste momento e que é a partir do caos que querem construir uma nova ordem.
Acontece que, como já temos discutido, há uma cisão importante na burguesia imperialista do mundo. E não é porque as Big Techs se juntaram com Trump que o capital financeiro internacional, todas as burguesias — inclusive a norte-americana, a europeia, a asiática etc. — estão com Trump. Não. O capital financeiro, que é o imperialismo no sentido leninista, não pode suportar uma política nacionalista de protecionismo e de guerra comercial violenta, como agora. Sim, porque agora existe uma verdadeira guerra comercial no mundo, desatada por Trump.
Antes, eram rusgas e atritos, o que é normal num mercado público entre o sujeito que vende peixe e o que compra peixe. Um fala: “Você está me roubando”, e o outro diz: “O peixe está mais caro, o aluguel subiu etc.”
Mas agora não. Agora, há uma guerra desatada. É o fim da ordem de Yalta e Potsdam. Por isso, o FMI está cada vez mais sumido; o Banco Mundial, ninguém mais fala dele; a OMC, que foi criada no mesmo sentido, só que mais tarde, está como uma moribunda que ainda não foi despejada do prédio que ocupa, mas que não serve para ninguém mais. Ou seja, é a continuidade da marcha rumo à desagregação do mercado mundial. Essa marcha vem de longe, como já explicamos, mas está chegando a uma situação de desastre grandioso.
Por exemplo, já se começa a falar, em vários lugares, da criação de moedas regionais etc. Não vão conseguir fazer isso. Lula é o campeão de dizer essas bobagens: fazer uma moeda do Mercosul, fazer uma moeda do Brics. Só que não há viabilidade nisso, porque o mercado é mundial e interdependente. E o que é que eles estão começando a fazer já há algum tempo? Tentar sair do controle do dólar. E, por isso, os Estados Unidos estão tão furiosos com a ideia de que se criem moedas para fazer comércio regional, porque o dólar poderia despencar para 10% do seu valor se isso acontecesse.
A tudo isso se acrescenta um pequeno problema. Esse negócio que já estão tentando fazer — compra e venda utilizando, por exemplo, reais brasileiros e renminbi chinês — é, de certa maneira, uma forma de escambo, que remonta ao início do capitalismo, quando alguém cortava o seu cabelo e você lhe dava uma galinha. Afinal, o real e o renminbi estão no quadro da paridade internacional do processo de produção e circulação, que, gostem ou não, ainda tem o dólar como padrão.
Foi o que aconteceu em 2001, na Argentina, quando toda a economia afundou. Trocava-se um sapato por um vestido ou por comida, mas acontece que qualquer pessoa que tem o mínimo de senso na cabeça sabe que um sapato não tem o mesmo valor que um vestido. Pode valer muito mais ou muito menos. E, se não há parâmetro para saber quanto de força de trabalho está investido em cada mercadoria, você desequilibra completamente o mercado e desagrega. Desagrega o mercado e as cadeias de produção e circulação, porque o dinheiro tem essa função de sintetizar quanto de valor-trabalho está incluído nele, para que se possa equiparar as mercadorias. Caso contrário, não há forma de comparar. Não posso dar uma tonelada de minério de ferro e você me dar duas toneladas de milho. Ninguém sabe quanto vale isso se não há um padrão, um padrão de comércio capitalista e internacional, porque o mercado é internacional.
Portanto, com a economia internacionalizada e completamente interdependente, a única forma sustentável de funcionamento a longo prazo é agir sobre a base de um padrão — seja ouro, dólar ou outro padrão universal. O resto é gambiarra.
E o mercado financeiro, que está controlando o conjunto da economia e da especulação no planeta, não pode aceitar uma situação dessas, porque, se isso se desenvolve, o mercado financeiro acaba e, no fim, o capitalismo regride para um tipo de mercantilismo primitivo e caótico. Isso se chama barbárie.
A divisão da burguesia é real, e ela se expressa, de certa maneira, em alguns lugares nos aparelhos de Estado, que são o Comitê de Negócios da burguesia, mas que não têm nada a ver com “interesses próprios de Estado”, que é o que afirma a “geopolítica” — uma teoria desenvolvida contra o marxismo, contra a unidade mundial da luta de classes. O que determina tudo é a unidade mundial da luta de classes, que deriva da existência do mercado mundial.
Então, a divisão internacional da burguesia existe, e isso vai continuar e se acirrar. Assim como a teoria falsa de Kautsky, segundo a qual o desenvolvimento do imperialismo levaria a um superimperialismo que, ao controlar tudo, estabeleceria a ordem e a harmonia no mercado capitalista mundial.
O que Trump está fazendo não deve ser encarado como uma atitude imperial, porque isso remete à questão do imperialismo, e o imperialismo, como Trotsky já explicou desde Lênin, significa o domínio do capital financeiro — e não é isso que Trump está fazendo.
Ele está como um dragão semimoribundo, se remexendo, estrebuchando e “quebrando o parquinho inteiro”, está “metendo fogo no parquinho”. Sua “America First” conduz à obrigação de guerra comercial e a ameaças ou mesmo guerras em todos os lugares. É um momento de aceleramento da decomposição da sociedade capitalista, presa nas amarras do Estado nacional e da propriedade privada dos meios de produção.
Nesta situação, Trump e os setores capitalistas que representa devem disciplinar, conter e esmagar a classe trabalhadora dentro de seu próprio país, em primeiro lugar. Todos que observam a história sabem que não se pode fazer guerra fora com guerra dentro de casa. Hitler, assim como Mussolini, primeiro teve que destruir as organizações operárias para disciplinar e aterrorizar a classe trabalhadora e, depois, se lançou a fazer guerra fora. Hoje, Trump está com guerra dentro e fora de casa.
Será inexoravelmente levado ao confronto com a classe trabalhadora norte-americana, que não está derrotada, apesar da ausência brutal do fator subjetivo revolucionário: um partido operário independente e revolucionário de massas. Basta recordar a greve da Boeing, as diversas greves de metalúrgicos e de portuários da costa Leste, de enfermeiras, professores e as manifestações em defesa da Palestina, ou a explosão após o assassinato de George Floyd.

Nesse sentido, todo o impulso de Trump é para aprofundar o caráter bonapartista do regime norte-americano, desembainhando abertamente a espada. Se não alcançar seu objetivo necessário interno, será derrotado na arena internacional, não pela força das armas, mas politicamente, como foi no Vietnã ou no Afeganistão.
Assim como não existe socialismo em um só país, também não existe capitalismo em um só país. Mesmo que o imperialismo dos EUA detenha a maior força do mundo, ele não tem como disciplinar o planeta nesta era de ruína da sociedade capitalista.
Um bom exemplo são os acontecimentos de especulação interligada. Por exemplo, quando saiu o DeepSeek, a Nvidia teve uma queda de 50% do seu valor na bolsa de Nova York. Perdeu 50% do valor em uma semana — grande crise e tal, loas à China por muitos incautos — e, duas semanas depois, a Nvidia já havia recuperado 30% do seu valor. Isso é uma demonstração absoluta da especulação e do significado das bolsas. Porque, se perdeu 50% do valor, como é que em duas semanas recupera 30%? E a Nvidia, frente ao surgimento do DeepSeek, resolveu fazer alguns ajustes no que desenvolve.
A DeepSeek fez uma gambiarra que se chama refatoramento do código aberto desenvolvido pela Meta — que significa roubo de tecnologia, mesmo que legalizado pelo software livre — e o treinou em uma linguagem de mais baixo nível, utilizando chips da Nvidia de três, quatro anos atrás, comprados no mercado.
E teve, claro, chineses, como há em qualquer país do mundo — inclusive no Brasil — que têm enorme criatividade. Utilizando chips e uma estrutura que levou 30 anos para ser desenvolvida na Nvidia, e que, portanto, consumiu bilhões de dólares, a DeepSeek pegou tudo pronto, roubou a tecnologia, pintou de azul, de colorido, e botou no mercado. Como fazem os ladrões de carro e os receptadores de peças nos desmanches.
Então, o que nós temos é uma nova situação mundial, com o fim da ordem traçada no final da 2ª Guerra Mundial por Roosevelt, Stalin e o bufão Churchill (que foi um dos mais incapazes comandantes militares da história britânica e que, em uma só batalha, levou a uma baixa de 220 mil soldados, contra a orientação dos generais britânicos), que não via que ele era só passado, junto com seu império que submergia.
A guerra das tarifas e a forma como Trump está conduzindo a discussão com a Rússia e com a Ucrânia demonstram que eles não têm uma saída coerente. Ou seja, há uma nova situação mundial. Eles querem avançar, mas não têm uma saída coerente de salvação de sua sociedade. Assim, seu caminho é a ampliação do domínio, opressão e exploração sobre os povos e as classes trabalhadoras — guerras, miséria e sangue. O capitalismo surgiu escorrendo sangue e sujeira por todos os poros, e é assim que ele vai acabar.
A invasão do Panamá pelos Estados Unidos provocaria uma onda anti-imperialista na América Latina maior do que em outras épocas, inclusive quando os Estados Unidos invadiram a Nicarágua em 1912 e 1933, e depois cercaram Cuba. Na época, as notícias chegavam por telegramas e pelo jornal. Agora, no mesmo dia, vai estar se mostrando o panamenho morto, americano morto, embaixadas queimando etc.
Além disso, a alegação de Trump de que a China construiu um porto em cada ponta do canal não se sustenta, pois os dois portos estão sendo comprados por uma empresa ianque de Nova York.
Mas por que chamamos a atenção para essa nova situação mundial? Porque isso vai provocar acirramento da luta de classes, e uma confusão maior ainda nas classes dominantes, além das organizações que se reivindicam da classe trabalhadora, mas que estão adaptadas ao jogo capitalista, à sua democracia bastarda e falsa, e ao dinheiro que jorra do Estado para melhor controlá-las. E isso será uma brecha para a entrada da classe trabalhadora.
No discurso de Justin Trudeau, se viu o impacto de tudo isso. É o primeiro-ministro do Canadá, mas que já renunciou há um certo tempo e disse que não vai voltar à política mais. Ele fez um discurso falando para os trabalhadores dos Estados Unidos e, depois, para os trabalhadores do Canadá e, por fim, fez uma ironia, referindo-se a Trump como “Donald”, porque tem o Donald Trump e o Pato Donald. Ele falou: “Donald, você é um cara inteligente, mas essa tua atitude é uma burrice”, como disse o Wall Street Journal.
Então, situamos essa situação internacional para que a OCI tenha a dimensão de que estamos numa nova situação internacional — um terremoto que ninguém sabe exatamente onde e como vai parar, se é que pode parar.
Nós não temos todo o plano delineado sobre o que fazer nessa nova situação, mas temos que entender que o mundo mudou, a ordem de Yalta e Potsdam está definitivamente encerrada, a Europa está em pânico, os Estados Unidos morde e assopra, morde e assopra, mas está mordendo e assoprando de uma forma extremamente violenta. Não é que exatamente esteja recuando, como na “teoria do louco”, de Richard Nixon, de que já falamos — teoria que diz “vai lá e diz que eu sou louco, que eu vou jogar uma bomba atômica etc., aí vê o que dá pra conseguir e daí a gente recua”.
Não. Eles estão numa situação em que o morde e assopra é para ir mordendo cada vez mais. É por isso que há cada vez mais o militarismo, a produção de armas, a provocação de guerras localizadas ou regionais (Oriente Médio!). E a Europa falando em 5% de gastos militares. É a guerra do capital contra a classe trabalhadora e os povos oprimidos e explorados. Um dos mais importantes jornais do imperialismo francês titulou: “Pensions ou Munitions?” (Aposentadoria ou Munições?), e continua: “Misturar o debate sobre as aposentadorias com o financiamento do esforço militar é um mau método. Trabalhar mais é o melhor meio de financiar o esforço necessário para os exércitos.” (Les Echos, 10/03/2025)
E, numa situação em que os Estados Unidos estão começando a entrar em recessão, inclusive por causa das tarifas do Trump — e, pior para eles e para o capital internacional — o Japão está saindo da deflação e entrando numa inflação, coisa que o país não via há décadas. Enquanto o Japão sofria com a deflação, os trabalhadores também sofriam ainda mais, porque a principal mercadoria que existe no mundo é a força de trabalho, e seu preço é fixado pela média geral do mercado, com diferenças pontuais aqui e ali, dependendo da luta de classes.
Então, é uma situação mundial nova, e nós temos que nos preparar para isso, refletir e agir em consonância com essa situação nova — uma Nova Situação Mundial. Poderíamos aqui repetir muita coisa sobre as guerras existentes, e que continuam, especialmente na Ucrânia e na Palestina. Mas não se trata de repetir o que já escrevemos. Trata-se, neste momento, de compreender profundamente que existe uma Nova Situação Mundial e que tudo que é sólido se desmancha no ar, como nos ensinaram os gigantes Marx e Engels.
É o fim definitivo da ordem de Yalta e Potsdam. Esse deve ser o centro da reflexão e elaboração dos camaradas, porque, sem dúvida nenhuma, nós estamos entrando numa época de redemoinhos, guerras e revoluções acentuadas e aceleradas. Nada será como antes.
As guerras localizadas vão continuar se desenvolvendo. A indústria de armamentos está em pleno crescimento — nunca ganhou tanto dinheiro — e aqueles que acham que as guerras custam muito caro, que são feitas por indivíduos doentes ou alucinados ou com mania de grandeza, e que acabam custando tanto que o país quer parar a guerra para não gastar mais, esses vivem no século XVIII e início do XIX, quando os reis se endividavam para comprar exércitos de mercenários etc.
Nós vivemos na época do imperialismo, do militarismo — e aconselhamos os camaradas e nossos leitores a lerem sobre militarismo em Rosa Luxemburgo, Lênin e Trotsky.
E tudo isso ressalta a necessidade da luta diária pela construção do fator subjetivo necessário: o fator revolucionário, comunista. Pois a “classe em si” luta, mas só pode vencer e varrer o triste regime da propriedade privada dos meios de produção se ela se constitui em “classe para si”, nacional e internacionalmente.
Mãos à obra, camaradas!
Informe Internacional do Comitê Central preparatório ao 9º Congresso Nacional da OCI.
Aprovada por unanimidade.
22 de março de 2025.
Situação nacional e tarefas
O Brasil em meio ao caos
A nova situação política aberta no mundo atinge diretamente o Brasil, um país atrasado no desenvolvimento do capitalismo e subjugado pelo imperialismo. O capital financeiro internacional domina a economia brasileira. Grandes multinacionais exploram tanto o mercado consumidor (de pessoas físicas e de empresas nacionais e estrangeiras aqui instaladas) quanto a força de trabalho do proletariado, remetendo a maior parte dos lucros (mais-valia extraída) obtidos aqui para seus países de origem. O acesso ao mercado mundial é dominado pelo capital imperialista.
A dívida interna e externa é um instrumento central dessa dominação. Os altos juros da dívida, estipulados pelo Banco Central brasileiro, alimentam o lucro de bancos, fundos de investimento e especuladores internacionais. Hoje, as fraudulentas dívidas externa e interna federais somam mais de 10 trilhões de reais! Apenas em 2024, foram pagos quase 2 trilhões em juros e amortizações da dívida pública federal. Porém, a dívida só cresce. De Bolsonaro a Lula, todos os governos se curvam a este roubo da riqueza nacional.

A burguesia nativa é submissa à dominação imperialista e incapaz de romper com essa dependência. Trotsky já explicou, como parte da teoria da Revolução Permanente, a covardia das burguesias nacionais dos países atrasados no enfrentamento ao imperialismo. São sócias menores do capital financeiro internacional e temem, acima de tudo, a luta revolucionária da classe trabalhadora de seu país. Por isso, recusam-se a mobilizar as massas para qualquer embate real contra o imperialismo.
A libertação da dominação imperialista é uma tarefa do proletariado. Uma luta a ser travada com independência de classe e indissoluvelmente ligada à luta pela revolução socialista. Hoje, uma reivindicação transitória central contra a dominação imperialista é o não pagamento da dívida interna e externa.
A política do governo Trump de “América Primeiro” (onde “América”, obviamente, são os EUA) significa uma ampliação do choque com a burguesia dos demais países para que cedam vantagens ao imperialismo norte-americano. Trump citou o Brasil no discurso ao Congresso dos EUA, ameaçando aumentar de maneira recíproca as tarifas para importação de produtos brasileiros. Com isso, pressiona o Brasil a reduzir as tarifas para a entrada de produtos norte-americanos no país. Já está em vigor a tarifa dos EUA de 25% sobre a importação de aço e alumínio, o que impacta diretamente o Brasil, o segundo maior exportador de aço para os EUA. Segundo dados do Instituto Aço Brasil, em 2022, os EUA compraram 49% do total do aço exportado pelo Brasil e 16% do total de alumínio.
O caos que se abre no mundo aprofundará a crise econômica e política no Brasil. Para esse cenário, os revolucionários comunistas devem se preparar.
Os dados oficiais versus a vida real
Os dados oficiais do IBGE dizem que o PIB do Brasil cresceu 3,4% em 2024, a inflação teve alta de 4,83% e a taxa média de desemprego ficou em 6,6% (menor patamar da série histórica iniciada em 2012).
Porém, esses números, relativamente positivos, são uma expressão bastante distorcida da realidade e não se refletem em melhora nas condições de vida da classe trabalhadora. Ao contrário.
O IBGE considera “ocupada” qualquer pessoa que tenha trabalhado ao menos uma hora na semana da entrevista e recebido algo em troca (não necessariamente dinheiro, podendo ser algum produto ou mesmo benefícios, como alimentação, moradia ou treinamento). Segundo o próprio IBGE, são quase 40 milhões de pessoas que trabalham na informalidade (sem carteira e sem CNPJ), representando 38,3% dos trabalhadores ocupados. O que cresce é a precarização das condições de trabalho: mais trabalhadores sem direitos e com jornadas de trabalho extenuantes.
A inflação oficial de 4,83% em 12 meses (IPCA) não reflete as dificuldades enfrentadas pela classe trabalhadora com a alta dos preços. Os alimentos — que consomem boa parte do orçamento dos trabalhadores — tiveram uma alta de 7,69% em 2024. Destaque para alguns produtos importantes: carne (+20,84%), café moído (+39,6%), azeite (+21,53%), leite (+18,83%), ovo (+40%), laranja-lima (+91,03%). A gasolina teve um aumento de 10,21%. Os salários, obviamente, não tiveram um reajuste proporcional.
As mudanças climáticas, também uma consequência do capitalismo e de sua exploração predatória da natureza, jogam um papel na queda da produção de safras agrícolas, pressionando a elevação dos preços.
Diante da alta da inflação, nós defendemos o gatilho salarial, com o reajuste automático mensal dos salários de acordo com a inflação. Isso é a tradução da “escala móvel dos salários”, presente no Programa de Transição, para a tradição do movimento operário no Brasil.
Mais um elemento para a piora das condições de vida dos trabalhadores é o sucateamento dos serviços públicos e as privatizações. As privatizações encarecem e, também, pioram os serviços prestados à população, buscando maximizar os lucros das empresas privadas. Os trabalhadores sentem na pele o transporte lotado e o aumento de tarifas, o encarecimento da água e da energia elétrica, os pedágios em rodovias, o sucateamento da educação e da saúde públicas, os preços exorbitantes dos planos de saúde privados etc. Isso significa, de fato, apropriação do salário indireto dos trabalhadores, que se expressa nos serviços públicos.
Temos tido um papel destacado em São Paulo, impulsionando o Comitê de Luta contra a Privatização da CPTM, a companhia de trens da região metropolitana da Grande São Paulo. Através deste comitê, nossos camaradas travam uma guerra aberta dentro da categoria, contra a direção sindical, para barrar as privatizações. Como o combate por uma greve geral por tempo indeterminado para impedir o leilão das linhas 11, 12 e 13 (que transportam juntas mais de 1 milhão de pessoas por dia) e evitar a demissão de 4 mil trabalhadores. Essa intervenção tem aberto portas para nossa construção não apenas na categoria de ferroviários, mas também entre os metroviários de São Paulo e usuários do transporte público, que sofrem com os problemas causados pelas privatizações.
Em cada local, devemos estar atentos e avaliar a possibilidade de impulsionar ou participar de mobilizações contra privatizações, pela reestatização de empresas privatizadas, sempre levando um combate pela frente única, da forma mais adequada e com senso de proporção, buscando o diálogo e a construção na base.
A violência policial que sufoca os trabalhadores
Segundo o Ministério Público, só no estado de SP, as mortes causadas pela Polícia Militar foram 65% maiores em 2024 em comparação com 2023 (que já era altíssimo). A Bahia, estado governado pelo PT, é a campeã em mortes decorrentes de ações policiais: foram 1.557 casos em 2024, segundo os dados oficiais. A maior parte delas é de negros (87%).
Toda essa violência policial nas cidades, no entanto, não tem como objetivo combater o crime para restaurar a ordem constitucional. O que a população proletarizada testemunha é o crescimento de áreas dominadas por grupos criminosos, quase sempre associados às cúpulas das forças policiais. Vivendo em territórios de exceção, as massas são diariamente massacradas, extorquidas e veem seus bairros inundados por drogas. Esses conflitos, na verdade, são jogadas no tabuleiro de senhores da guerra, que envolvem desde o funcionário do Estado corrupto até os grandes capitalistas dos setores de armas e drogas.

A indignação contra as mortes causadas pelas polícias tem crescido a cada dia. Aumenta o número de explosões de ira popular nos bairros proletários e favelas Brasil afora, a cada vez que a polícia mata. Há uma indignação latente que paira no ar.
Principalmente a partir do Movimento Negro Socialista, mas também como parte central da política da OCI, devemos denunciar constantemente os casos de violência policial, levantando a bandeira pelo FIM DA POLÍCIA MILITAR, em contraste com praticamente todas as organizações da esquerda que defendem a “desmilitarização da polícia”, e a que diz SER NEGRO NÃO É CRIME, denunciando o caráter racista das polícias.
A violência contra as mulheres e a luta pelo direito ao aborto
Segundo dados da ONU, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de países com maior número de mortes violentas de mulheres no mundo. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 1.467 mulheres foram mortas em razão do machismo em 2024, e uma mulher é estuprada no país a cada 6 minutos. Obviamente, a maioria das vítimas são meninas e mulheres da classe trabalhadora.
O machismo, a subjugação da mulher pelo homem, remonta à origem da sociedade de classes e da propriedade privada. Porém, a época de decadência do capitalismo é também a época de um declínio civilizatório geral. A violência e a brutalidade contra as mulheres são algumas das evidências deste declínio.
O capitalismo não aboliu nem a violência contra as mulheres, nem lhes assegurou direitos básicos, como o direito ao aborto público, legal e gratuito. No Brasil, o aborto continua ilegal, e mulheres da classe trabalhadora continuam sendo criminalizadas ou morrendo na tentativa de realizar um aborto clandestino. A PEC 164/2012, que tramita no Congresso, pretende instituir a “inviolabilidade do direito à vida desde a concepção”, criminalizando o aborto também nos poucos casos em que hoje é permitido por lei: em razão de estupro, fetos anencéfalos ou quando a gestação apresenta risco de morte para a mãe.
Essas duas questões – a violência contra as mulheres e a criminalização do aborto – são pautas essenciais da luta prática dos comunistas. A partir do Movimento Mulheres Pelo Socialismo, o conjunto da organização deve elaborar, intervir e apresentar uma perspectiva de classe e comunista, explicando as conquistas da Revolução Russa e de outras experiências revolucionárias para a libertação da mulher trabalhadora.
O governo Lula-Alckmin, agente do capital
O governo Lula-Alckmin é um governo burguês liderado por um partido operário-burguês (o PT). Deste governo, que busca ser de unidade nacional, participam diversos partidos burgueses (MDB, PP, Republicanos, PSD, União Brasil, PSB, PDT). Ou seja, o partido do ex-juiz e ministro de Bolsonaro, Sergio Moro (União Brasil), e o partido do governador bolsonarista de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), são parte do governo Lula!
A posição dos comunistas diante de governos desse tipo já foi estabelecida na resolução do 4º Congresso da Internacional Comunista (1922):
“Estes ‘governos operários’ são tolerados nos períodos críticos da burguesia enfraquecida para enganar o proletariado sobre o verdadeiro caráter de classe do Estado, ou mesmo para desviar o ataque revolucionário do proletariado e ganhar tempo, com a ajuda dos líderes corrompidos. Os comunistas não devem participar em semelhantes governos. Ao contrário, eles deverão desmascarar implacavelmente diante das massas o verdadeiro caráter destes falsos ‘governos operários’.”
O governo Lula-Alckmin, além de manter ataques de governos anteriores (reforma trabalhista, da previdência, o teto de gastos rebatizado de arcabouço fiscal, os ataques centrais do Novo Ensino Médio), avança em cortes com o pacote de Lula-Haddad, que limita o aumento do salário mínimo, restringe o acesso de trabalhadores ao abono salarial e de idosos e deficientes físicos ao Benefício de Prestação Continuada (BPC).

O ajuste fiscal, cujo objetivo central é garantir o pagamento da dívida aos capitalistas, prevê cortes ainda maiores no investimento público em áreas sociais, como saúde e educação.
O governo aprovou uma reforma tributária que só beneficia os empresários, além de ter retirado a isenção de taxas para produtos importados comprados pela internet de até 50 dólares — a chamada “taxa das blusinhas” —, prejudicando trabalhadores que buscavam produtos mais acessíveis em plataformas de compras on-line.
A tentativa do governo de aumentar a fiscalização do PIX para movimentações acima de R$ 5 mil, independentemente das fake news, foi corretamente vista por uma parcela da população como uma tentativa de perseguir e tributar a pequena burguesia e um amplo setor do proletariado que atua na informalidade. Enquanto isso, grandes setores da indústria e do agronegócio se beneficiam com a isenção de impostos (mais de R$ 2 bilhões ao ano para grandes empresas, a maioria delas de capital estrangeiro).
Uma das medidas apresentadas pelo governo para impulsionar a economia é o aumento do endividamento dos trabalhadores. Este é o intuito do chamado “Crédito do Trabalhador”, um crédito consignado para os trabalhadores CLTs, que terão as parcelas dos empréstimos descontadas automaticamente na folha de pagamento, garantindo assim o lucro dos bancos, que ainda poderão contar com a garantia de até 10% do FGTS do trabalhador em caso de demissão!
Lula, apesar de falar em discursos contra o genocídio do povo palestino, mantém as relações diplomáticas e comerciais com Israel, alimentando a máquina de guerra sionista. Nossa luta contra a guerra e o militarismo se expressa no Brasil na exigência da ruptura das relações com Israel.
O conjunto da situação econômica — em particular a inflação — e a política de submissão aos interesses da burguesia e do imperialismo é que explicam a queda da popularidade do governo Lula e o aumento da rejeição. Diferentes institutos de pesquisa demonstram uma queda de apoio significativa entre os mais pobres e entre os próprios eleitores de Lula.
Um prenúncio dessa queda foi o fracasso do PT nas eleições municipais de 2024, em que o partido elegeu apenas um prefeito em capital (Fortaleza) e, das 252 prefeituras conquistadas por candidatos do PT, apenas três pertencem a cidades com mais de 200 mil habitantes. O PT foi varrido dos grandes centros econômicos e políticos do país.
A falência do PSOL e a necessidade de um partido operário independente
O PSOL, cada vez mais submisso ao PT e ao governo Lula, também foi punido nas eleições de 2024. De cinco prefeitos eleitos nas eleições municipais de 2020, caiu para zero em 2024. E, de 90 vereadores eleitos no pleito anterior, encolheu para 80 no ano passado.
A queda do PSOL evidencia o acerto de nossa decisão de ruptura com este partido, em novembro de 2023, para avançarmos na construção da organização revolucionária. O PSOL já havia se convertido em um obstáculo para nos conectarmos com a crescente camada de jovens que se radicaliza diante da crise capitalista.
A crise interna no PSOL se tornou pública a partir dos conflitos na bancada de deputados federais do partido. De um lado está Glauber Braga, o deputado mais à esquerda do PSOL; de outro, Guilherme Boulos, Ivan Valente e a direção majoritária, que buscam centralizar o partido na linha de submissão ao governo Lula.
A política do governo Lula prepara o fortalecimento de uma candidatura da extrema-direita em 2026. Enquanto isso, o PSOL se mostra incapaz de se colocar como alternativa à esquerda do PT e caminha para uma maior integração ao sistema, à conciliação de classes, aprofundando sua crise e falência.
O conjunto da situação ressalta a necessidade da construção de um partido da classe trabalhadora, independente da burguesia, capaz de reorganizar o movimento operário e mobilizar as massas por suas necessidades imediatas e históricas.
Este partido não se constituirá com ações autoproclamatórias, nem da junção de uma série de grupos ditos revolucionários — ou seja, uma frente de revolucionários com partidos como PSTU, UP, PCB, PCBR etc. — organizações que mesclam sectarismo e oportunismo. A construção de um verdadeiro partido de classe é fruto da experiência e do movimento da própria classe. Um processo que os comunistas devem impulsionar, intervir e batalhar pelo seu melhor desenvolvimento, na linha da frente única.
Devemos recordar o exemplo histórico da constituição do PT que, em sua origem, foi um partido operário independente, forjado a partir das lutas da classe trabalhadora.
A necessidade de um partido de classe, um partido operário independente, capaz de organizar e mobilizar as massas, deve ser a perspectiva a ser apontada em nossa propaganda diante da traição e falência dos partidos de esquerda com alguma expressão de massas — no caso, o PT e o PSOL.
Neste combate, é absolutamente fundamental a propaganda e agitação do nosso programa e da construção da OCI, a organização comunista que é o embrião e impulsionadora da construção de um verdadeiro partido marxista, um partido comunista, que seria o melhor desenvolvimento positivo de um partido de classe.
O desenvolvimento de um partido de classe é o terreno privilegiado onde os comunistas desenvolvem seu programa, seus métodos e sua tradição; portanto, anunciam que programa e que partido, ao final e ao cabo, a classe trabalhadora brasileira tem que se dotar para pôr fim ao capitalismo.
Aprofunda-se a crise da Nova República
Segue se desenvolvendo, como parte da crise capitalista, a crise da Nova República constituída em 1988, marcada pela desmoralização das instituições burguesas e dos partidos que firmaram esse pacto. Prossegue o aprofundamento da nova situação política aberta no país com as Jornadas de Junho de 2013.
Parte desse processo é o avanço do papel bonapartista do Judiciário, que se manifestou na Lava Jato e prossegue nas ações do STF, encabeçadas por Alexandre de Moraes, representante de um setor da burguesia que busca remover Bolsonaro da cena política. Bolsonaro foi mais um serviçal da classe dominante, mas suas ações aprofundaram o choque entre os poderes e a desmoralização das instituições da República.

As decisões da alta cúpula do Judiciário são decisões políticas em prol dos interesses da burguesia. Exemplo disso foi a prisão de Lula para retirá-lo da corrida presidencial de 2018 e a posterior anulação de suas condenações, quando sua reabilitação política passou a ser de interesse da burguesia para estabilizar a situação diante do caos gerado pelo governo Bolsonaro.
O bolsonarismo, aliás, está dividido e enfraquecido. O fracasso da mobilização de 16 de março, no Rio de Janeiro e em outras cidades do país, que exigia anistia para os golpistas de 8 de janeiro de 2023, foi uma clara demonstração desse enfraquecimento. No entanto, a desmoralização das instituições e a polarização social continuam e devem se expressar nas eleições de 2026, com ou sem Bolsonaro como candidato.
Apoiamos a punição dos golpistas e defendemos que não haja anistia. No entanto, também denunciamos a manobra das direções conciliadoras que reivindicam representar a classe trabalhadora, mas utilizam essa bandeira para a defesa da democracia burguesa, para a unidade com setores da burguesia supostamente “progressistas” e para desviar as mobilizações populares das lutas contra os ataques do governo Lula e dos patrões, como a luta pelo fim da escala 6×1 e o ajuste fiscal.
Luta de classes: o motor da história
Apesar de todas as manobras da direção do PT, PSOL, CUT, CTB e das burocracias sindicais para bloquear as lutas, a disposição de combate na base segue se desenvolvendo. Essa disposição se expressa na mobilização pela luta pelo fim da escala 6×1, uma reivindicação que conseguiu quase três milhões de assinaturas no abaixo-assinado ao Congresso Nacional e tem pressionado políticos e a classe dominante. A adesão a essa pauta, evidenciada nos atos significativos pelo país em novembro de 2024 e na greve dos operários da PepsiCo, revela o ódio ao aumento da exploração e à precarização das condições de trabalho, especialmente entre a juventude trabalhadora.
Desde o início, nossa organização esteve presente nessa luta, buscando contribuir para o melhor desenvolvimento do movimento Vida Além do Trabalho (VAT). No entanto, em determinado momento, Rick Azevedo e sua coordenação nacional foram atraídos pela ala majoritária do PSOL, através de Erika Hilton, integrante da mesma tendência de Guilherme Boulos, com o projeto de lançar Rick como candidato a vereador no Rio de Janeiro. Como consequência, houve uma crescente adaptação e aprofundamento de elementos negativos na liderança do movimento, como o personalismo de Rick, em oposição a um movimento coletivo e democrático.
Quando a OCI propôs publicamente a realização de um Encontro Nacional do VAT, com delegados eleitos na base para definir os rumos do movimento e eleger uma coordenação nacional, a resposta foi a expulsão dos militantes da OCI do VAT e de qualquer um que questionasse essas expulsões. Além disso, Rick e sua coordenação nacional recorreram a uma notificação extrajudicial ameaçando processar a OCI caso não retirássemos de nosso site as menções ao VAT, alegando que o nome havia sido registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
Seguimos firmes nessa luta, combatendo pela frente única pelo fim da escala 6×1 e pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Essa é uma pauta que dialoga com a juventude trabalhadora e mobiliza a classe, abrindo caminho para o fortalecimento de nossa organização nesse setor. Os militantes da OCI devem desempenhar um papel destacado na impulsão desse combate em cada cidade, participando da construção de comitês, organizando panfletagens e atos. Devemos apresentar o exemplo concreto do Movimento das Fábricas Ocupadas, dirigido por nossa organização nos anos 2000, que implementou a jornada de 30 horas semanais, com sábado e domingo livres, nas fábricas Cipla, Interfibra e Flaskô, sob controle operário.
Apesar do bloqueio imposto pelas direções e da aparente calmaria na superfície, há um processo de fermentação na base que, mais cedo ou mais tarde, resultará em uma explosão da luta de classes no Brasil. Podemos constatar que, no último período, a maioria das greves teve um caráter econômico, mas partiu da base, que frequentemente precisou enfrentar e pressionar as direções sindicais que tentavam impedir sua realização. O processo molecular da revolução está em pleno desenvolvimento no Brasil.
Tarefas de construção
O centro da construção da organização continua sendo a juventude, o setor da sociedade mais disposto a se organizar na luta pelo comunismo. Essa prioridade inclui a juventude estudantil e, também, a juventude trabalhadora.
Devemos olhar com atenção para as possibilidades de avanço na intervenção sindical. A vitória da chapa impulsionada pela OCI para o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej) – na cidade mais populosa do estado de Santa Catarina – demonstra o potencial de nossa política para se conectar com a base e ganhar sua confiança com nossas bandeiras abertamente desfraldadas.
A crise do capitalismo continua levando uma camada crescente de jovens a se radicalizar e buscar as ideias do comunismo. Novos jovens vão ganhando consciência política e engrossam essa camada disposta a lutar por um mundo novo. É preciso reforçar a campanha “Você é comunista?” (VEC), que já rendeu um salto na construção da organização desde o 2º semestre de 2023. A VEC deve ser tratada como um instrumento permanente para nos conectarmos e recrutarmos novos comunistas.
Devemos continuar combinando a campanha VEC com outras campanhas e iniciativas gerais e locais: a luta contra a guerra e a repressão, pelo fim da escala 6×1, pelo não pagamento da dívida interna e externa, contra as privatizações, contra o racismo, contra a violência contra a mulher, pelo direito ao aborto público e gratuito etc. Devemos ousar mais, buscar formas criativas, em cada local, para utilizar a VEC como instrumento de construção. Não podemos cair em uma rotina em sua utilização.
Parte do combate para ganhar novos comunistas é a explicação do que foi o stalinismo e como a URSS foi destruída. Organizações como UP/PCR, PCB, PCBR, que também atraem jovens que buscam pelo comunismo, tratam de defender ou relativizar os crimes da burocracia stalinista. Ao mesmo tempo, classificá-los como stalinistas não seria a caracterização mais precisa. O stalinismo esteve baseado na concepção menchevique da revolução por etapas, na constituição das frentes populares e na submissão aos interesses do aparato burocrático surgido da degeneração da Revolução Russa. A restauração capitalista na URSS destruiu o aparato internacional da burocracia soviética. Podemos classificar esses grupos de maneira mais precisa, por suas posições políticas, como “nacional-comunistas”. São organizações com adaptações nacionalistas, vislumbrando uma revolução brasileira desconectada de uma perspectiva internacionalista. O próprio título do programa lançado pelo “influenciador” do PCBR, Jones Manoel, “Manhã Brasil”, é um elemento desse desvio.
Outra tarefa central na educação dos jovens comunistas é o combate às políticas identitárias. Diferentes partidos e organizações de esquerda se adaptaram ao identitarismo. Praticamente a totalidade dessas organizações defende as cotas raciais. Nós somos contra o racismo e o racialismo, a concepção anticientífica da divisão da espécie humana em raças, utilizada politicamente pela burguesia para dividir a classe trabalhadora. As cotas raciais são parte dessa política criada pelo imperialismo norte-americano para desviar e combater a ascensão do movimento negro nos EUA, desde Lyndon Johnson e Nixon, com sua política de criar um Black Capitalism, até a ação direta da CIA e do Departamento de Estado na promoção e controle dessa política sobre a base de dotações milionárias para os que a adotassem. Política difundida por fundações burguesas, como a Fundação Ford, ao redor do mundo para cooptar o movimento negro. Nossa posição internacional contra o identitarismo está expressa na resolução do Congresso Mundial de 2018: “O marxismo e a luta contra ideias estranhas à classe trabalhadora”.
A formação teórica e política de uma nova camada de quadros na organização é fundamental para sustentar seu crescimento. Os quadros são fundamentais para organizar e impulsionar politicamente o conjunto da organização, em particular os militantes menos experientes, auxiliando-os em sua formação como marxistas.
Porém, a teoria dissociada da prática se torna estéril. A ação, na luta de classes, o combate prático pela construção da organização, é uma escola fundamental para a educação dos militantes e a formação de novos quadros. Não somos um clube de discussão; somos revolucionários comunistas. O nosso método é a práxis, a combinação dialética entre teoria e prática.
Isso deve nortear a preparação das reuniões de todos os organismos. Uma boa reunião de célula deve combinar a discussão teórica, política e a organização de tarefas práticas de construção. É preciso trabalhar para que os militantes avaliem ter sido útil e animador participar de cada reunião de célula. A qualidade da reunião de célula é fundamental para elevarmos a taxa de consolidação de novos militantes e evitar a rotatividade de militantes em nossas fileiras.
Dentre as tarefas de construção, além da intervenção nos combates de cada frente de atuação e nas lutas gerais, a organização de vendas coletivas do jornal por cada célula joga um papel central. Com essa iniciativa, os militantes têm a experiência concreta do diálogo com novas pessoas e do processo de escutar e discutir a partir das demandas trazidas pelos contatos, além de apresentar nossa análise e política da maneira mais apropriada em cada caso. Utilizar “O Comunismo” como instrumento vivo de construção da organização!
Avançar no crescimento da OCI e da ICR
Apesar do crescimento da ICR e da OCI no último período, continuamos longe da capacidade de dirigir o movimento das massas em uma situação revolucionária. É preciso construir o Partido Revolucionário e a Internacional Revolucionária com influência de massas, que não necessariamente serão fruto apenas do desenvolvimento da OCI e da ICR tal como existem hoje. Ao mesmo tempo, só sobre a base do marxismo, com a teoria, o programa e os métodos proletários, será possível forjar as ferramentas fundamentais para a construção da direção revolucionária que a história demanda.

As condições objetivas para a edificação do socialismo estão dadas. O capitalismo, em sua época progressista, desenvolveu as forças produtivas e plantou as bases para a nova sociedade. No entanto, em sua época de decadência, o capitalismo conduz a humanidade em direção à barbárie. O que falta são as condições subjetivas: o partido revolucionário capaz de organizar as lutas e dirigir as massas para enterrar o capitalismo e construir um mundo socialista, livre das amarras da propriedade privada dos meios de produção e dos Estados nacionais.
Nosso trabalho cotidiano é fundamental para a construção desse futuro, com base na teoria e na ação revolucionária, no esforço, dedicação, disciplina e sacrifício de cada camarada.
Mãos à obra!
Informe Nacional do Comitê Central preparatório ao 9º Congresso Nacional da OCI.
Aprovado por unanimidade.
22 de março de 2025.