A nova situação política aberta no Brasil em junho de 2013 segue se desenvolvendo e a luta de classes esquenta.
Em janeiro, a greve na Volks do ABC conquistou a reversão das 800 demissões anunciadas pela empresa. No começo de fevereiro, servidores do Paraná deflagraram uma greve de massa e no dia 10 ocuparam a Assembleia Legislativa para impedir a votação do “pacotaço” contra direitos do funcionalismo público estadual, obrigando o governo de Beto Richa (PSDB) a retirar o projeto da pauta de votação.
O primeiro editorial da Esquerda Marxista em 2015 apresentava o título “Um ano quente se inicia”. Dois meses após o ano se abrir, os acontecimentos da luta de classes não deixam dúvida sobre a confirmação de nossas análises. A nova situação política aberta no Brasil em junho de 2013 segue se desenvolvendo e a luta de classes esquenta.
Em janeiro, a greve na Volks do ABC conquistou a reversão das 800 demissões anunciadas pela empresa. No começo de fevereiro, servidores do Paraná deflagraram uma greve de massa e no dia 10 ocuparam a Assembleia Legislativa para impedir a votação do “pacotaço” contra direitos do funcionalismo público estadual, obrigando o governo de Beto Richa (PSDB) a retirar o projeto da pauta de votação. Logo após o carnaval, mais de 5 mil operários da GM de São José dos Campos decretaram uma greve por tempo indeterminado contra a ameaça de demissões. Internacionalmente, na Grécia, o Syriza venceu as eleições. Na Espanha, uma maré humana tomou as ruas do país contra a austeridade e o PODEMOS cresce vertiginosamente nas pesquisas eleitorais.
O que vivenciamos é uma época de intensos choques entre as classes, marcada pela extraordinária disposição de luta da classe trabalhadora para defender suas conquistas e abrir uma saída diante da crise do capitalismo.
Dilma, Lula e o PT
Dilma, após eleita, coloca em prática todo o contrário do que prometeu durante a campanha. O “novo” governo ataca direitos trabalhistas e curva-se ainda mais ao capital. A classe trabalhadora, que já tinha dado uma séria advertência ao partido na última eleição, segue distanciando-se do PT. A aprovação do governo (avaliação de ótimo e bom) despenca, passando de 42% em dezembro para 23% em fevereiro. Por outro lado, a rejeição (ruim e péssimo) sobe, passando de 24% para 44% no mesmo período.
O governo Dilma e o PT estão sangrando. Os ditos “aliados”, em especial o PMDB, tomam distancia e contrariam as orientações do governo nas votações no Congresso. O partido é atacado e não reage às denúncias de corrupção na Petrobrás.
Lula lê um discurso na melancólica comemoração dos 35 anos do PT e começa relembrando trechos do Manifesto de Fundação do partido, de 1980, e em um malabarismo que afronta a mais elementar lógica diz que os últimos 12 anos de governo são os princípios do manifesto postos em prática. Mas alguma dose de realismo é preciso ter, então Lula aponta que “o verdadeiro problema do PT é que ele se tornou um partido igual aos outros” e que “deixou de ser um partido das bases para se tornar um partido de gabinetes”. Constatação correta, mas parcial, que encobre o problema fundamental, o de que PT se igualou aos outros por passar a defender e aplicar uma política de submissão aos interesses dos capitalistas nacionais e imperialistas, uma política de colaboração de classes construída e defendida pelo próprio Lula.
No final do discurso, a grande conclusão: “Temos a oportunidade histórica de elaborar um novo Manifesto do PT”. Certamente, se depender dos atuais dirigentes, o novo manifesto servirá para apagar todos os traços de independência de classe e de luta pelo socialismo presentes no documento original de fundação do partido.
A resolução política da última reunião do Diretório Nacional do PT joga todo o problema para o golpismo das elites e conclama a solidariedade e defesa ao governo Dilma contra os ataques da oposição de direita. Dessa forma, encobre o fato da direita estar na composição e na política desse governo.
A burguesia e o imperialismo são mais inteligentes do que os reacionários raivosos que clamam por impeachment ou golpe, sabem que a época é de crise e de medidas impopulares, e que o melhor caminho, nesse momento, é deixar para Dilma o trabalho sujo, e que este governo se afogue, de preferência com o PT abraçado a ele.
Mas a direção do PT e Lula também fazem seus cálculos, sabendo qual é o cenário que se avizinha iniciam uma tímida diferenciação em relação ao planalto, com “vazamentos” bem selecionados à imprensa de supostos descontentamentos de Lula com medidas de Dilma, o que não passa de jogo de cena com o objetivo de preservar Lula para a disputa de 2018.
A classe busca uma saída
As manobras têm os seus limites. O PT segue o mesmo caminho trilhado pelo PASOK na Grécia e pelo PSOE na Espanha, de partidos majoritários entre a classe trabalhadora, foram perdendo a credibilidade pelas sucessivas traições e passaram para uma posição marginal. A política não tolera o vazio. Em situações excepcionais, e vivemos um período excepcional, a classe descarta suas antigas ferramentas e busca novas ferramentas para sua luta, é isso que expressa o crescimento do Syriza na Grécia e do PODEMOS na Espanha, com todas as deficiências desses partidos.
No Brasil, este é o cenário que se avizinha. Novos enfrentamentos de massa irão emergir, junho de 2013 foi apenas uma amostra do que está por vir. Os revolucionários devem estar preparados e bem posicionados para ajudar a classe a encontrar uma saída diante da crise do capital e de direção.
A Esquerda Marxista lançou, logo após as eleições, o chamado por uma Frente da Esquerda Unida, uma frente de luta contra os ataques dos governos e dos patrões, pelas reivindicações, em defesa da independência de classe e pela construção do socialismo. Este é um instrumento urgente e necessário.
Junte-se a nós nesse combate!