As “Marchas da Dignidade” (“Marchas de la Dignidad”) voltaram às ruas da Espanha no último dia 22 de Outubro, combatendo os ataques à classe trabalhadora.
As “Marchas da Dignidade” (“Marchas de la Dignidad”) voltaram às ruas da Espanha no último dia 22 de Outubro, a partir da situação econômica e política que o país enfrenta. Com 1 milhão de participantes em 22 de março de 2014, organizada por grupos políticos e movimentos sociais claramente anticapitalistas, incluindo setores sindicais como CCOO, CGT, PAH e Esquerda Unida. O intuito das manifestações é denunciar e mobilizar contra os ataques às conquistas da classe trabalhadora.
As consequências da crise são as políticas de cortes impostas pela Troika contra a classe trabalhadora. A propaganda de uma sociedade sem problemas representada pelo atual governo do Partido Popular (PP), representando os grandes bancos, empresários e a mídia, não corresponde em nada com a realidade diária dos trabalhadores e da juventude. O atual governo de direita quer pagar a dívida pública conforme os ditames da União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCM) e FMI, às custas dos serviços públicos e direitos conquistados pelos trabalhadores, não reconhece os direitos das liberdades democráticas ao instituir a “Lei da Mordaça” e segue promovendo a atual situação social, com fechamento de empresas, deixando milhares de trabalhadores sem emprego, e reduzindo as pensões. As taxas de desemprego alcançam níveis escandalosos com mais de 24%, os maiores números estão presentes entre as mulheres (a disparidade salarial alcança os 24%) e a juventude (mais de 50% de desempregados).
Frente à mobilização contra estes ataques, o governo aumenta a repressão. As distintas leis de repressão (como a “Lei da Mordaça”) têm por objetivo acabar com direitos e liberdades. Pretendem silenciar a voz dos oprimidos como meio de manter a dominação e exploração. As intervenções da OTAN em distintos pontos do mundo são responsáveis pelo aumento do número de refugiados, tratados de maneira repressiva e com a violação de direitos humanos fundamentais.
As reivindicações da Marcha são:
– Pelo não pagamento da dívida, ilegal, ilegítima e odiosa. Não a Europa do Capital!
– Pelo trabalho e o salário, emprego estável. Recuperemos os direitos sociais e trabalhistas, roubados da classe trabalhadora;
– Contra a precarização trabalhista e social, não às reformas trabalhistas;
– Pelo direito à renda básica;
– Defesa dos serviços 100% públicos para todos (educação, saúde e serviços básicos, etc.);
– Pelo direito de decidir das pessoas, dos povos e das nações do Estado nos aspectos relacionados às suas vidas;
– Pela defesa do direito das mulheres e a luta contra a violência de gênero;
– Por um futuro digno para a juventude que não a obrigue a imigração;
– Contra a repressão e abaixo as leis repressivas. Liberdade aos processados políticos;
– Não aos tratados entre governos e multinacionais, não ao TTIP (tratado de livre comércio);
– Pelo direito a moradia. Pela garantia dos serviços básicos de luz, água e gás;
– Não à OTAN;
– Direito para todos. Nenhum ser humano é ilegal;
– Pelos direitos ambientais;
– Pela gestão democrática e participativa do povo, contra a corrupção do sistema.
A corrente “Lucha de Clases”, seção da CMI na Espanha, que no PODEMOS atua com o círculo “PODEMOS por el Socialismo”, desde as primeiras Marchas da Dignidade levanta o lema de “Pão, Teto e Trabalho”, pela massificação das marchas, apontando que o sistema capitalista é incapaz de satisfazer essas demandas básicas, tanto no Estado Espanhol quanto em todo o mundo. Nenhum destes três problemas será solucionado com a manutenção da propriedade privada capitalista na indústria, nos bancos e no comércio.
Há dois milhões de pessoas sem moradia na Espanha, mas há 3 milhões de habitações vazias nas mãos de bancos, imobiliárias e especuladores. Só um governo dos trabalhadores é capaz de satisfazer as necessidades sociais. Trata-se de vincular as demandas mais básicas e concretas com a necessidade da tomada do poder pela classe trabalhadora, por uma sociedade socialista.
Dentro dessa perspectiva é fundamental o combate pelas liberdades democráticas, pela união voluntária dos povos e nacionalidades que compõem o Estado Espanhol, pela abolição da monarquia e o estabelecimento de uma república democrática e federal, baseada na produção coletiva de acordo com as necessidades dos trabalhadores.