Imagem: @chicogitahy, Instagram

Nunes contra a Cultura: prefeito de São Paulo destrói espaços culturais

No dia 13 de fevereiro, recebemos com indignação, mas não com espanto, as notícias sobre a demolição das sedes da Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul e do Teatro Ventoforte, ambas situadas no Parque do Povo, no bairro Itaim Bibi, na zona oeste da cidade de São Paulo.

A Escola de Capoeira era liderada por Mestre Meinha, um dos mestres de capoeira Angola mais antigos da capital. O Coletivo Teatro Ventoforte é um grupo fundado por Ilo Krugli há mais de 50 anos. Ele está sediado no Parque do Povo e já ocupava o local antes mesmo de sua construção. Construção essa que ocorreu após a reintegração de posse do terreno, onde vivia, sobrevivia e existia uma comunidade.

O próprio grupo construiu os teatros da sede e resistiu a todas as mudanças que ocorreram em tantos anos de história. Uma história longa e consistente, criando, gerando e produzindo diversos espetáculos, fomentando e fazendo surgir outros grupos. E, por esse imenso trabalho, é um grupo reconhecido nacional e internacionalmente.

Desde a década de 90, o grupo sofre pressões por parte do poder público e daqueles que fazem do bairro um local comandado pela especulação imobiliária e pela gentrificação. Pressão essa que se concretizou com a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Junto aos escombros da demolição, havia instrumentos, quadros, artefatos religiosos, material cenográfico, figurinos, cartazes… Enfim, uma história de muitas décadas de arte e cultura destruídas, reduzidas a lixo e entulho.

Em 2006, o espaço foi concedido ao grupo de teatro e, em 2016, foi tombado. Todo patrimônio tombado é protegido pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico (Condephaat). O Conselho informou que, para haver qualquer tipo de modificação em imóveis tombados, é necessário passar pelo conselho e seguir uma série de diretrizes, e que o órgão não foi devidamente informado.

Nós nos indignamos, mas não nos espantamos, pois conhecemos a política do prefeito Ricardo Nunes: uma política de destruição, privatização, corte de direitos e ataques à classe trabalhadora. Dentre esses ataques na área da cultura, podemos citar o impedimento de artistas de se apresentarem na Avenida Paulista aberta aos domingos e o atraso no pagamento dos profissionais da cultura.

A gestão de Nunes destruiu um patrimônio histórico e cultural com toda a truculência típica desse governo, sem nenhum diálogo com a comunidade nem com os órgãos responsáveis pelo patrimônio, impedindo que, ao menos, os documentos, obras de arte, instrumentos musicais, artefatos culturais e religiosos pudessem ser preservados.

Nunes gerencia a cidade como parte de seu negócio, reduzindo História, Arte e Cultura a dinheiro. O bairro do Itaim Bibi é caracterizado por ser um dos mais ricos da cidade de São Paulo, com diversas corporações, shopping centers, restaurantes e moradias que atendem à elite de São Paulo. Para o prefeito que expulsa pessoas de seus locais de moradia e sobrevivência, é só mais uma mercadoria para trocar e beneficiar empresas e seus colegas burgueses.

Em nota, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente defendeu que o espaço “apresentava sinais de abandono”, mas esse é um problema que diversos imóveis tombados vivenciam cotidianamente, devido à falta de investimento público, agravado pelos cortes na Cultura, como, por exemplo, o Teto de Gastos de Michel Temer e o Arcabouço Fiscal de Lula-Haddad.

O Ministério da Cultura divulgou uma nota no dia 13 manifestando indignação e solidariedade. Mas sabemos que nenhuma nota irá trazer de volta todo o trabalho que foi destruído, tanto do projeto arquitetônico dos teatros quanto de todo material que foi perdido. Se o Ministério da Cultura quiser de fato fazer algo consistente, o governo Lula deveria não somente rever o Arcabouço Fiscal, como também deixar de pagar a dívida pública para que todo o dinheiro arrecadado pela União possa ser utilizado nas áreas que realmente necessitam, como Cultura, Saúde, Educação e Moradia, ou seja, para uma sobrevivência digna da nossa classe.

Sob o capitalismo, a cultura se resume a uma mera mercadoria e está à mercê daqueles que disputam o poder para repartir as migalhas aos trabalhadores e gerar ainda mais lucro para aqueles que realmente comandam: os burgueses.

Para lutar pelo futuro comunista da humanidade, organize-se agora!