Ignorando completamente os riscos da pandemia em uma das cidades que teve a maior taxa de mortes do Brasil, o Governo do Amazonas decidiu retornar às aulas presenciais nas escolas da rede estadual de Manaus.
Como resposta, pais e professores se mobilizaram e parte da categoria entrou em greve por tempo indeterminado desde o último dia 12. A greve foi chamada pelo Sindicato dos Professores e Pedagogos das Escolas Públicas de Ensino Básico de Manaus (Asprom Sindical), minoritário em relação ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam). Este, dirigido pelo PC do B, não chamou greve nem mobilizou a categoria, limitando-se a uma ação jurídica malsucedida que não garante em nada a saúde e segurança de alunos, professores e familiares.
Para pressionar o governo, os professores realizaram um ato na frente da sede do governo estadual. Após o ato, em assembleia geral extraordinária realizada no dia 11, o sindicato deflagrou a paralisação por tempo indeterminado. O governo não recebeu os professores para discutir a questão, o que indica o total descaso com a categoria.
Em sintonia com a política ultraliberal do governo Bolsonaro, o governo Wilson Lima (PSC) demonstrou desde o início de seu mandato como trataria os trabalhadores da educação ao aprovar na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) uma lei de bloqueio de investimentos no serviço público até final de 2021.
A pandemia tornou ainda mais clara a hostilidade do governo em relação aos funcionários públicos, assim como o descaso com a comunidade escolar como um todo. Através das secretárias de Educação e Saúde, o governo aprovou um protocolo que supostamente iria garantir a segurança de alunos e professores, o que sabemos que na realidade é impossível.
A secretaria da Educação e Desporto do Amazonas (Seduc) informou que as atividades presenciais acontecem com 50% dos estudantes nas salas. Porém, nestes primeiros dias de retorno, observa-se que as aulas presenciais já são marcadas por confusão entre os alunos, denúncias sobre a contaminação entre os professores, falta de álcool gel e outros equipamentos prometidos. A máscara distribuída aos alunos virou piada nas redes sociais por causa de seu tamanho desproporcional. A decisão de retomada às aulas representa uma grave ameaça à vida de professores, alunos, familiares e trabalhadores da educação.
A justificativa utilizada pelo governo é a queda no número de mortes e internações no estado. Essa queda só acontece pelo imenso número de infecções e mortes que o Amazonas já teve, levando a capital Manaus a ser notícia internacional por causa de valas comuns, filas de carros funerários nos cemitérios e contêineres frigoríficos para armazenar os mortos. Ainda assim, não há qualquer garantia que a imunidade à Covid-19 seja permanente e que não vejamos um novo aumento de casos nos próximos meses.
O que esperar de um governo que negligencia os riscos de uma pandemia que já retirou a vida de milhares de pessoas, numa cidade que viveu recentemente um colapso funerário sem precedentes? O isolamento nunca se concretizou efetivamente para toda população e a reabertura forçada das escolas durante a pandemia revela que a vida dos trabalhadores não vale nada diante dos interesses burgueses representados pelos governos estadual e federal.
Por isso, neste momento é importante que as organizações estudantis e os sindicatos se mobilizem contra esta retomada das aulas na rede estadual do Amazonas.
- Volta às aulas, só com vacina!
- Pelas nossas vidas, dos estudantes e seus familiares!
- Em defesa da educação pública, gratuita e para todos!
- Testes em massa para a população!
- Renda e emprego para os trabalhadores!