Que perspectiva após as manifestações de 13 e 15 de março

As manifestações ocorridas nos dias 13 e 15 de março são mais um traço do desenvolvimento, e aprofundamento, da nova situação política aberta em junho de 2013 e que se expressaram deformadamente nas eleições de 2014.

As manifestações ocorridas nos dias 13 e 15 de março são mais um traço do desenvolvimento, e aprofundamento, da nova situação política aberta em junho de 2013 e que se expressaram deformadamente nas eleições de 2014.

No Paraná, uma greve de massas de professores contagia outras categorias do funcionalismo público estadual e ocupa a Assembleia. A PM não conseguiu reprimir e o governador Beto Richa, do PSDB, retira o pacote.

Em São Bernardo do Campo, a Volkswagen anunciou a demissão de 800 funcionários. No dia 14 estourou a greve com 13 mil operários. Durante 11 dias não arredaram o pé e a Volks foi obrigada a cancelar as 800 demissões.

Estes dois movimentos dão sequência às expressivas greves de 2014, como a dos garis do Rio de Janeiro, de rodoviários, bancários, professores, metroviários, etc., muitas delas passando por cima das direções sindicais e ganhando um caráter de massas. Agora, entram em greve mais de 200 mil professores estaduais de SP.

A luta de classes aparece falseada como a luta entre o roto e o esfarrapado. O PSDB e os seus lutam contra um governo que aplica os planos do próprio PSDB e o chamam de comunista e corrupto. O governo Dilma e a direção do PT, em vez de lutar contra a oposição de direita, vão mais à direita.

O fundo real de tudo é a crise do capitalismo e sua sobrevivência. Aquilo que tentam fazer aparecer como enfrentamento de classe entre PT e PSDB é antes uma guerra de duas camarilhas que pretendem ocupar o mesmo palácio. O PSDB representa o capital, e o PT, curvado ao capital, está queimando as pontes com sua própria base social histórica.

O antagonismo é cada dia mais entre as massas e “tudo o que está aí”, as instituições do capital, seus partidos e serviçais. Está sendo assim na Grécia, na Espanha, em Portugal, na Itália e, também, no Brasil.

As manifestações de 13 e 15 de março

No dia 13 as manifestações convocadas pela CUT, MST, etc., reuniram dezenas de milhares de militantes pelo Brasil. Mas, convocadas para lutar contra as MPs de Dilma, as manifestações foram desvirtuadas pela direção da CUT que, falando em defender a democracia e a Petrobras, pretendia mesmo era defender o governo. Defender este governo não pode mobilizar muita gente. Mas, pode destruir a CUT, como o PT está se autodestruindo.

Já as manifestações do dia 15 reuniram muitos milhares de participantes, cerca de 500 mil, segundo o DataFolha. Foram apoiadas pelo PSDB, DEM, etc., mas de fato convocadas e organizadas pela mídia burguesa e coordenados pela Rede Globo. Óbvio que não se pode levar a sério os 2 milhões alardeados pela PM.

O PSDB tentou cavalgar a manifestação que reuniu todo tipo de lixo humano e político que a sociedade capitalista é capaz de gerar mas é incapaz de oferecer uma saída que não seja sangue e suor da classe trabalhadora.

Os atos do dia 15 deram um novo ânimo para a oposição de direita e colocaram o governo em pânico. Sua resposta foi render-se ainda mais ao PMDB e ao mercado. O escândalo da Petrobras contando com a ajuda dedicada do judiciário e da mídia transformou o governo e o PT no Judas da corrupção na Petrobras.

A resposta de Dilma foi empossar nova direção para vender pedaços, privatizar, a Petrobras. E declarar que a corrupção é uma senhora idosa, ou seja, a corrupção existe há muito tempo. Essa resposta é estúpida em todos os sentidos, mesmo que verdadeira. O povo não quer saber da corrupção do passado. Quer saber de quem está corrompendo e sendo corrompido agora. A revolução brasileira ajustará contas com todos os corruptos.

O PT está nas cordas, quase nocauteado. Bonecos de Dilma e Lula são enforcados nas ruas, a sede do partido em Jundiaí é atacada com um Molotov, todos os dirigentes são tratados como ladrões, e a resposta do partido é um processo judicial e uma nota à imprensa.

Não são com estes métodos que se pode enfrentar uma direita cada dia mais raivosa e desesperada. Só a ruptura com a burguesia, com o capital, com a política de austeridade e cortes, e portanto, das alianças com os partidos burgueses pode trazer uma saída positiva para os trabalhadores. E isso a direção do PT não quer fazer. A classe trabalhadora não vai perdoar.

No próximo período viveremos no Brasil uma intensa e crescente luta de classes onde revolução e contrarrevolução vão mostrar a cara. A classe trabalhadora terá que forjar os dirigentes e as organizações de que necessita nesta luta em plena tempestade. Essa é a tarefa dos militantes que continuam fiéis à luta de classes. Junte-se a nós nesta batalha!