As tensões sociais produzidas pelo regime capitalista encontraram a forma de expressão de revolta de massas contra o racismo e a violência policial na cidade de Charlotte.
Já há algum tempo o mundo acompanha as notícias de homens negros desarmados sendo vítimas de disparos de policiais nos Estados Unidos da América (EUA). Protestos contra o racismo da polícia hoje são frequentes nas principais cidades americanas. Contudo, a pressão das ruas não vinha sendo suficiente para obrigar a polícia a dar alguma resposta que não fosse repressão. Pelo menos, até pouco tempo atrás.
Na Carolina do Norte, estado da região Sul do país, o descontentamento que se vê por todos os lados transformou-se em revolta popular. Dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas em Charlotte, capital do estado, para protestar contra a morte de Keith Lamont, 43 anos, que foi alvejado por policiais no dia 20 de setembro. As manifestações, como sempre, foram recebidas com extrema violência pela policia, o que resultou na morte de um manifestante, Justin Carr.
Diante desse incidente, o governo do estado e a polícia foram forçados a recuar e atender uma das demandas dos manifestantes: a liberação do vídeo que contém as imagens do encontro entre Lamont e os oficiais que o mataram. Nelas, não restam dúvidas: Lamont foi executado a sangue frio. A situação em Charlotte chegou a tal ponto que o governador do estado, o republicano Pat McCrory, declarou estado de emergência e convocou a Guarda Nacional (efetivos militares sob controle do governador). Ainda assim, os protestos continuaram.
Nos EUA, assim como no resto do mundo, a classe dominante encontra cada vez mais resistência ao tentar reforçar seu domínio. O que era tido como quase normal no passado, como a violência policial contra os negros no país, hoje estimula milhares a irem às ruas. E com o aprofundamento da crise e o consequente aumento da repressão contra os trabalhadores, essa insatisfação só tende a aumentar, o que terá consequências fundamentais para o movimento dos trabalhadores nos EUA e no resto do mundo.