Sobre o discurso da campanha midiática lançada pelo governo do Paraná para derrotar o maior movimento estudantil secundarista da história do Paraná.
Cerca de 460 escolas ocupadas. O maior movimento estudantil secundarista da história do Paraná. O governo estadual acusou o golpe e lançou mão de inserção comercial em horário nobre para pedir a desocupação das escolas (ué, mas não tinha dinheiro?). Sobre o que diz o governo há uma verdade, uma omissão, uma mentira.
Uma verdade: a luta contra a medida provisória do Ensino Médio é uma pauta nacional, e não regional. O governo do Paraná só pode intermediar e não resolver a questão. Uma omissão: outra pauta é a PEC 241, que o governo Richa prefere ignorar e que já está em processo de votação. Ela é ainda mais importante, porque determina a qualidade de qualquer reforma educacional nos próximos anos.
Uma mentira: que é um governo de diálogo. Diz que quer dialogar com a comunidade. Mas já fez os debates nos Núcleos de Educação e ouviu uma recusa em alto e bom som. Mas não se posiciona contrário à Medida Provisória, como expressou à comunidade escolar por ele mesmo reunida. Diz que quer dialogar com os estudantes. Mas a primeira medida foi pedir reintegração de posse. Não deu certo. Daí tentou apelar para uma conversa com a UPES, que admitiu, humildemente, não controlar esse movimento estudantil. A UPES sugeriu que o melhor era dialogar com as lideranças de cada escola. Mas ao invés disso, o governo do estado decreta recesso escolar arbitrariamente, convoca diretores e diz que vai enviar o Conselho Tutelar para as escolas. Mas o próprio Conselho Tutelar segue orientação do Ministério Público, que diz: O direito à livre manifestação de pensamento, de associação e mesmo o protesto pacífico diante de posturas tidas como arbitrárias por parte das autoridades constituídas é inerente a todo cidadão, nada impedindo que seja exercitado por meio da ocupação de um espaço público que tem como missão institucional o preparo para o exercício da cidadania (art. 205, da Constituição Federal).
Com sua impostura, o governo Beto Richa quer incitar, promover ou justificar o uso da violência contra os estudantes. Tal como usou contra nós, educadores e educadoras. Por isso, por mais que alguns trabalhadores em educação não concordem com a ocupação de escolas como método de luta, devem cuidar para não cair na narrativa montada pelo governo Beto Richa, e terminar apoiando as ações de um governo que saqueou a nossa previdência e prepara a retirada de nossos direitos trabalhistas.