Entrevista da Frente Revolucionária de Trabalhadores em Empresas Ocupadas e em Co-gestão (FRETECO) com trabalhadoras da fábrica têxtil Gotcha. (http://www.controlobrero.org/).
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FRETECO: O que o patrão violou para que vocês tomarem essa decisão?
Trabalhadoras de Gotcha: primeiramente, o fato da mudança de denominação servir com o fim de evasão de impostos e não pagamento de benefícios, tais como férias e vales-alimentação, prêmio por anos trabalhados… Em 2005, no momento da legalização de nosso sindicato, foram despedidas todas as trabalhadoras, o que gerou a ocupação em 2006. Em junho de 2006, tendo em vista os trâmites burocráticos para poder conseguir uma providência administrativa de um dos tantos nomes da empresa e posteriormente reivindicar nos tribunais trabalhistas os direitos retidos, tivemos que suspender a ocupação e chegar a um acordo com uma das empresas para retomar as atividades, o pagamento dos salários atrasados, a discussão para um contrato de trabalho e mais algum benefício. Acordos que a empresa não cumpriu em nenhum momento. Venceu o projeto de convenção coletiva e tivemos que introduzir um novo projeto em 2007, com o qual a empresa tampouco quis sentar para discutir. Esgotamos toda a via conciliatória, ao contrário do patrão que atacou os trabalhadores com demissões injustificadas, violando garantias trabalhistas por discussão de contrato de trabalho, por decreto presidencial, entre outras. O que nos obrigou a retomar as ações de luta revolucionárias, não pelas reivindicações e sim pelo controle total da empresa, já que não queremos seguir sendo enganados e explorados por um patrão sem consciência.
FRETECO: o que as trabalhadoras de Gotcha irão fazer?
Trabalhadoras de Gotcha: como já esgotamos todas as vias administrativas e conciliatórias possíveis, as trabalhadoras de Gotcha temos claro que as injustiças e a exploração das quais somos vítimas, não só as trabalhadoras de Gotcha, mas toda a classe operária mundial, sabemos que a única saída é a eliminação da propriedade privada dos meios de produção e como solução é nacionalização das empresas sob controle operário, como única saída para a construção do verdadeiro socialismo bolivariano.
FRETECO: De onde receberam apoio e o que pedem ao Estado?
Trabalhadoras de Gotcha: Temos que reconhecer a solidariedade da FRETECO, da Corrente Marxista Revolucionária (CMR), das empresas recuperadas e tomadas, como INAF, Transporte MDS, INVEVAL, Sindicato Venirauto, Seravian, Iberia, Giralda, Laboratórios Murfi… E fazemos um chamado de apoio aos demais sindicatos da UNT Aragua e UNT nacional.
As trabalhadoras de Gotcha solicitamos a expropriação (declaração de utilidade pública a serviço da nação do meio de produção) das empresas ocupadas INAF, MDS e Gotcha, as quais devem servir de exemplo e modelo ao resto da classe trabalhadora de Venezuela e do mundo, que tem claro o que quer, mas lamentavelmente não têm um modelo a seguir porque os reformistas e burocratas atuam para trancar e frear as lutas dos trabalhadores, como por exemplo, no caso da Sidor, onde o antigo ministro do Trabalho estava freando a luta.
Sim à expropriação de INAF, MDS, Gotcha sob controle operário!
Sim ao socialismo, não ao capitalismo!