Entrevista da Frente Revolucionária de Trabalhadores em Empresas Ocupadas e em Co-gestão (FRETECO) com trabalhadoras da fábrica têxtil Gotcha. (http://www.controlobrero.org/).
Trabalhadoras de Gotcha: foi tomada na segunda-feira, 22 de setembro de 2008, como medida de ação definitiva, já que não é a primeira vez que tomamos a empresa como medida de pressão, frente as arremetidas do Sr Wilson Balaquera, patrão da empresa. Em 2006, nos vimos na necessidade de permanecer nas instalações da empresa durante quatro meses. Isso ocorreu porque, como se sabe, o problema da fábrica Flanelas Gotcha é que tem como norma a mudança de denominação (mudança de razão social – NT) a cada 6 ou até 3 meses, desde o ano de 1999 e, portanto, as trabalhadoras têm que mostrar juridicamente a fraude trabalhista ou a unidade econômica (isto é, que trabalham na mesma fábrica – NT).
FRETECO: O que o patrão violou para que vocês tomarem essa decisão?
Trabalhadoras de Gotcha: primeiramente, o fato da mudança de denominação servir com o fim de evasão de impostos e não pagamento de benefícios, tais como férias e vales-alimentação, prêmio por anos trabalhados… Em 2005, no momento da legalização de nosso sindicato, foram despedidas todas as trabalhadoras, o que gerou a ocupação em 2006. Em junho de 2006, tendo em vista os trâmites burocráticos para poder conseguir uma providência administrativa de um dos tantos nomes da empresa e posteriormente reivindicar nos tribunais trabalhistas os direitos retidos, tivemos que suspender a ocupação e chegar a um acordo com uma das empresas para retomar as atividades, o pagamento dos salários atrasados, a discussão para um contrato de trabalho e mais algum benefício. Acordos que a empresa não cumpriu em nenhum momento. Venceu o projeto de convenção coletiva e tivemos que introduzir um novo projeto em 2007, com o qual a empresa tampouco quis sentar para discutir. Esgotamos toda a via conciliatória, ao contrário do patrão que atacou os trabalhadores com demissões injustificadas, violando garantias trabalhistas por discussão de contrato de trabalho, por decreto presidencial, entre outras. O que nos obrigou a retomar as ações de luta revolucionárias, não pelas reivindicações e sim pelo controle total da empresa, já que não queremos seguir sendo enganados e explorados por um patrão sem consciência.
FRETECO: o que as trabalhadoras de Gotcha irão fazer?
Trabalhadoras de Gotcha: como já esgotamos todas as vias administrativas e conciliatórias possíveis, as trabalhadoras de Gotcha temos claro que as injustiças e a exploração das quais somos vítimas, não só as trabalhadoras de Gotcha, mas toda a classe operária mundial, sabemos que a única saída é a eliminação da propriedade privada dos meios de produção e como solução é nacionalização das empresas sob controle operário, como única saída para a construção do verdadeiro socialismo bolivariano.
FRETECO: De onde receberam apoio e o que pedem ao Estado?
Trabalhadoras de Gotcha: Temos que reconhecer a solidariedade da FRETECO, da Corrente Marxista Revolucionária (CMR), das empresas recuperadas e tomadas, como INAF, Transporte MDS, INVEVAL, Sindicato Venirauto, Seravian, Iberia, Giralda, Laboratórios Murfi… E fazemos um chamado de apoio aos demais sindicatos da UNT Aragua e UNT nacional.
As trabalhadoras de Gotcha solicitamos a expropriação (declaração de utilidade pública a serviço da nação do meio de produção) das empresas ocupadas INAF, MDS e Gotcha, as quais devem servir de exemplo e modelo ao resto da classe trabalhadora de Venezuela e do mundo, que tem claro o que quer, mas lamentavelmente não têm um modelo a seguir porque os reformistas e burocratas atuam para trancar e frear as lutas dos trabalhadores, como por exemplo, no caso da Sidor, onde o antigo ministro do Trabalho estava freando a luta.
Sim à expropriação de INAF, MDS, Gotcha sob controle operário!
Sim ao socialismo, não ao capitalismo!