Um relato do congresso da seção norte-americana da Corrente Marxista Internacional (CMI)
Durante os dias 26 e 27 de maio cerca de 100 militantes marxistas entusiasmados com a situação mundial participaram do congresso da Socialist Revolution (Revolução Socialista), seção norte-americana da Corrente Marxista Internacional (CMI), em Pittsburgh, no estado da Pensilvânia.
Os dois dias de acalorados debates serviram para demonstrar que não há apenas uma conjuntura favorável para a aproximação dos jovens e trabalhadores das ideias socialistas, mas que é necessário e possível construir o partido revolucionário que poderá levar a classe operária à tomada do poder em suas mãos até mesmo no coração do principal império do capital, os Estados Unidos da América.
Um espectro ronda o império
A análise da conjuntura que permeou o congresso tratou da instabilidade política e econômica que também atinge os EUA. No país, 43% da população, cerca de 132 milhões de pessoas, não ganha o suficiente para bancar seus gastos com moradia, alimentação, assistência médica, transporte , enquanto a remuneração média dos principais 200 Diretores Executivos (CEO em inglês) foi de 17,5 milhões de dólares em 2017.
De acordo com John Peterson, dirigente da seção, foi essa situação que levou uma parte da classe trabalhadora, por um lado, a acreditar no discurso de Trump, quando foi eleito em 2016, através do seu slogan “Make America Great Again”. Mas por outro, as conclusões que esses mesmo trabalhadores estão chegando são de que há um problema com o sistema capitalista. O slogan de Trump refletiu a aspiração de uma camada de trabalhadores que queriam o pleno emprego, a segurança econômica do passado e foi justamente a contradição do “Sonho Americano” idealizado e a realidade da decadência do capital que contribuíram com a radicalização da sociedade. A onda de greves de professores, as recentes mobilizações que ocorreram por todo os EUA nos últimos três meses são sinais exemplos claros dessa análise.
A questão internacional foi abordada em dois aspectos importantes. Primeiro, por conta da inegável importância dos EUA no cenário mundial. Apesar de possuir apenas 4% da população mundial, o PIB dos EUA representa 24% do PIB nominal do mundo e 35% dos gastos militares. Segundo, tratou-se das diversas lutas travadas pelos trabalhadores do México, Nicarágua, Irlanda, Inglaterra, Espanha, França e demais países. O fato é que tanto nos EUA quanto no resto do mundo as ideias socialistas se tornam atrativas para a vanguarda que desperta para a luta, ao mesmo tempo em que o capitalismo é rejeitado por uma grande massa de jovens e trabalhadores que entendem que esse sistema falhou.
A atualidade do bolchevismo
Além das análises conjunturais, os relatos dos trabalhos nas diversas cidades norte-americanas e das várias seções da CMI na América Latina, Europa, África e Ásia ajudaram a elevar ainda mais o ânimo dos presentes. Isso não ocorreu por acaso, já que atualmente a Corrente Marxista Internacional se organiza em mais de 30 países e nossas análises, nossa atuação na luta de classes, têm se confirmado como acertadas não apenas pelo sucesso que alcançam nossas publicações, mas pelo crescimento real das seções. O nível elevado de convencimento dos camaradas norte-americanos resultou em uma coleta financeira de mais de 70 mil dólares e a busca pela teoria marxista pôde ser comprovada pelo resultado de três mil dólares arrecadados na banca que continha livros, brochuras, jornais etc.
Se compararmos o congresso do Socialist Revolution com o congresso da Esquerda Marxista, que teve relato publicado no Foice & Martelo 116, podemos notar uma semelhança muito grande quando se trata do clima, da aceitação das ideias marxistas e da instabilidade social em cada país. No ano em que comemoramos a unidade internacional da luta de classes ocorrida em 1968, podemos afirmar que os ventos que sopraram há 50 anos voltam a balançar as estruturas da sociedade capitalista. Não sabemos quando e como se dará esse processo de transformação social, mas a Corrente Marxista Internacional está se preparando e construindo as forças necessárias para atender à necessidade da classe trabalhadora quando for o momento. Como afirmaram nossos camaradas no artigo sobre o congresso nos EUA, “Nunca houve melhor época para ser marxista e lutar por ideias socialistas revolucionárias. O socialismo em nossa época não é apenas um slogan atrativo – é uma linha divisória no movimento e uma perspectiva que se tornará uma realidade se continuarmos a trabalhar corretamente e construirmos uma liderança revolucionária. Junte-se a nós!”.