Há mais de 300 anos era assassinado o líder da resistência contra a opressão colonial, Zumbi dos Palmares.
O Quilombo dos Palmares foi a realização possível de um pólo de resistência contra a opressão da escravidão e do sistema colonial português e resistiu por mais de cem anos na Serra da Barriga (atual estado de Alagoas). Ali se instalaram milhares de escravos foragidos, e apesar destes serem maioria no quilombo, ali também se abrigavam índios e brancos. Como diria a estrofe de um antigo samba enredo da escola de samba Nenê de Vila Matilde de São Paulo: “O negro se uniu ao índio e ao branco pobre, eram três povos a sorrir, era um Brasil mais nobre”.
O quilombo praticamente constituiu-se em estado à parte e resistiu por tanto tempo devido a dois fatores: a localização era de difícil acesso e o sistema de defesa muito bem organizado, além do comércio que se formou do quilombo com as cidades próximas.
Houve várias expedições que tentaram a destruição de Palmares, sem sucesso.
Uma expedição, chefiada por Domingos Jorge Velho, um experiente bandeirante, reuniu mais de dez mil soldados fortemente armados e derrotou Palmares. No dia 20 de novembro, finalmente aprisionaram e executaram Zumbi. Depois de décadas, finalmente destruíram o maior Quilombo constituído no Brasil.
Toda esta saga de luta por liberdade e contra a opressão e o papel que teve Zumbi, devem ser lembrados e resgatados. As elites dominantes desde aquela época trataram de “apagar” da história oficial a bravura e a coragem do povo explorado e oprimido contra a opressão e pela liberdade.
Muitas outras revoltas e resistências aconteceram: a Cabanagem, a Balaiada, a Farroupilha, a revolta dos Malês, Canudos, a Inconfidência Mineira, a luta pela Abolição, a Revolta da Chibata, etc.
Porém a história oficial só “relembra” a Inconfidência, uma rebelião que não teve adesão popular.
Não é objetivo deste pequeno artigo fazer um balanço, nem mesmo contar a história das lutas populares brasileiras de mais de 400 anos, mas relembrá-las para destruir o mito, imposto pela burguesia e pelos seus meios de propaganda, de que o povo brasileiro não luta. Essas revoltas e lutas populares nos dão toda a justificativa para que a saga de Palmares seja relembrada, contada e transmitida às novas gerações.
Por tudo isso, 20 de novembro deve ser comemorado como um dia de luta do povo explorado e oprimido e de unidade de todos, independententemente da cor da pele, na luta por igualdade, por uma sociedade justa, fraterna e igualitária.
O Movimento Negro Socialista que está na linha de frente da luta contra o racismo e o racialismo, se colocando dentre os que homenageiam um dos grandes heróis de todo o povo brasileiro: Zumbi.
Ao mesmo tempo, o Movimento Negro Socialista se coloca numa posição irreconciliável com aqueles que querem se utilizar do nome e da história de Palmares para reconstruir a história do Brasil e fomentar, independente da motivação, a divisão do povo trabalhador brasileiro como está expresso no Estatuto Racial e nas leis de Cotas Raciais.