O Brasil se aproxima das 250 mil mortes provocadas pela Covid-19, sendo o segundo país a registrar mais óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos. Esses dados sobre a quantidade de pessoas vitimadas pela Covid-19 se dão num momento em que o país ultrapassa os 10 milhões de casos de contaminação, ficando atrás apenas de Estados Unidos e da Índia, e no qual a média móvel de óbitos tem sido superior a mil mortes ao longo de sucessivas semanas.
Esses dados apenas seriam suficientes para deixar qualquer pessoa estarrecida, mas, no Brasil de Bolsonaro, a coisa pode ser ainda pior. Os números mais recentes mostram que o desemprego chegou a 14,3%, atingindo 14,1 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE. Soma-se a isso o número de desalentados, ou seja, pessoas que desistiram de procurar trabalho, cujo número também cresceu, chegando a 5,8%.
Aprofunda-se também a crise econômica, que teve uma queda de 4% em 2020. O anúncio de Ford e de outras empresas de fechamento de fábricas apontam para uma piora na situação de emprego. Soma-se a isso o conjunto de ataques do governo federal, como as reformas tributária e administrativa que, além de atacar direitos dos trabalhadores, devem levar a uma piora nos serviços públicos.
Para os capitalistas, a solução para reverter a crise é manter todos trabalhando, sem se importar com quem vive ou quem morre (e sabendo que existe um cada vez maior exército industrial de reserva). Os trabalhadores se veem obrigados a se aglomerar em fábricas ou em outros locais dos seus empregos e têm de enfrentar diariamente um lotado transporte público. A imprensa ou mesmo os governos tentam hipocritamente colocar a responsabilidade pelo aumento de casos da Covid-19 em festas e outros tipos de aglomeração, mas se calam em relação aos ônibus lotados e locais de trabalho em que as pessoas estão mais expostas à contaminação.
Caso o trabalhador se contamine, corre o risco de não ter o tratamento adequado. Em todo o país várias cidades vêm enfrentando a lotação de leitos. O caso mais recente amplamente noticiado pela mídia se deu em Chapecó, no oeste de Santa Catarina, que teve de transferir parte de seus pacientes para cidades que tinham leitos vagos. Além disso, também em Santa Catarina, a cidade Florianópolis, capital do estado, chegou a 99% de ocupação dos leitos no dia 18/02.
Contudo, o problema não é apenas a falta de leitos, mas também a escassez de materiais básicos para o tratamento das pessoas adoentadas. Manaus, que ano passado foi a primeira capital a sentir os efeitos do colapso do sistema de saúde, nas últimas semanas voltou a ser notícia, devido à falta de tubos de oxigênio. Ou seja, mesmo conseguindo vaga em um leito, as pessoas corriam o risco de não ter o tratamento adequado.
E a vacina? Apesar de toda a publicidade tanto do governo Bolsonaro como de seu antigo apoiador, o governador João Doria (PSDB), até o momento foram vacinadas cerca de 2,65% da população brasileira. O fato de ter iniciado os encaminhamentos do plano nacional de vacinação somente em dezembro e de ter demorado na aprovação das primeiras vacinas fazem com que a imunização da população esteja bastante lenta. Os grandes laboratórios concentram a distribuição de grande parte das doses das vacinas nos países centrais, que negociaram a compra de milhões de doses ainda em 2020. Com a escassez de doses, algumas cidades foram obrigadas a suspender a vacinação até mesmo do grupo prioritário, inclusive em capitais como Salvador, Cuiabá, Campo Grande, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba.
Para piorar, cresce a pressão para o retorno às aulas presenciais em cidades e estados, colocando em risco a vida não apenas dos trabalhadores em educação, mas também das crianças e de suas famílias. Diante disso, a base dos trabalhadores em educação vem se mobilizando, em diferentes estados, para construir greves e paralisações, apesar da política traidora das direções sindicais, como ocorre no estado de São Paulo.
Os capitalistas e seus governos fantoches são os responsáveis pela morte de milhões de pessoas em todo o mundo, com a exploração do trabalho, guerras e pandemias. No Brasil é fundamental organizar os trabalhadores para derrubar o governo Bolsonaro agora e lutar por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais. Essa luta deve ter no horizonte e necessidade de destruir o capitalismo e seu Estado e construir uma nova sociedade, o socialismo.