A classe trabalhadora reage

Nove mil demissões na Varig e nada. Seis mil demissões previstas na Volks e as medidas do governo se revelaram ineficazes. Nesta situação, é evidente que a classe só pode contar com suas próprias forças para mudar.

Era mais uma assembléia da Volks no ABC. O formato, igual ao de sempre: o sindicato fala, os operários escutam, quem é contra não pode falar. A votação, entretanto, mostrou que as coisas estão mudando: segundo a própria direção do sindicato, mais da metade votou por aceitar o acordo. E o presidente do Sindicato, significativamente, saiu da assembléia rodeado por uma comissão de segurança.

A empresa conseguiu, depois da intervenção do governo Lula, depois de o sindicato jurar mil vezes de pés juntos que não aceitaria demissões, que as demissões fossem aceitas. Mas o preço que a direção do sindicato pagou foi alto: a desconfiança cresce na base dos metalúrgicos, os operários entendem que precisam confiar em suas forças para garantir os seus direitos. No México, mais de um milhão de delegados de assembléias realizadas nos bairros, no campo, nas fábricas, decidiram nomear Lopez Obrador Presidente do México e continuar a mobilização para impedir que o outro candidato (que fraudou as eleições) tomasse posse. E os jornais daqui só tratam das eleições, dos escândalos. E, para a classe trabalhadora, vai mudar algo nestas eleições? Na eleição passada, em 2002, Lula prometeu 10 milhões de empregos, prometeu dobrar o salário mínimo, prometeu fazer a Reforma Agrária. Concretamente, nada disso foi feito e hoje Lula nada promete. Heloisa Helena declara que vai ter “metas para inflação”, programa econômico igual ao de Fernando Henrique, igual ao que Lula aplicou… a mesmice nas eleições reflete-se na falta de entusiasmo que se sente nas ruas.

Este jornal explicou várias vezes que se Lula não mudasse a sua política, se o governo não atende as reivindicações mais sentidas da classe trabalhadora, se o governo não garante empregos para os trabalhadores da Varig e da Volks, se o governo não se dispõe a estatizar e garantir os empregos dos trabalhadores das fábricas ocupadas, se o governo não faz a Reforma Agrária e permite a continuidade da barbárie nos campos, então os trabalhadores não teriam em quem votar.

Nove mil demissões na Varig e nada. Seis mil demissões previstas na Volks e as medidas do governo se revelaram ineficazes. Nesta situação, é evidente que a classe só pode contar com suas próprias forças para mudar. Nada pode esperar dessas eleições. Nesta situação, nós continuamos a construir os Núcleos Socialistas de Base, para ajudar a classe a fazer as mudanças necessárias, mudanças que esta eleição não trará. A classe não tem em quem votar para presidente, mas sabe que a sua luta continuará.

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