Serge Goulart
Segundo informações da Agencia FEM-CUTSP (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT/SP) 70 mil metalúrgicos do ABC decidiram ir buscar um acordo coletivo igual ao conseguido pelos metalúrgicos das montadoras, que são multinacionais. Se conquistado um acordo igual será uma conquista importante. Mas …
A questão coloca dois problemas políticos para a Diretoria do Sindicato do ABC responder:
1ª: Porque a diretoria dividiu a categoria em duas e primeiro firmou um acordo com as grandes empresas, ou seja, onde estão localizados os batalhões mais pesados da classe. Seria muito mais lógico e teria mais força discutir unificadamente e se havia possibilidade de arrancar mais das montadoras exigir um acordo só arrastando as outras empresas.
O argumento que um bom acordo em separado com as montadoras ajudaria a “alavancar” um melhor acordo nas outras empresas é fraquíssimo. Afinal, a pressão sobre os outros patrões seria muito maior se as montadoras estivessem concedendo mais e portanto querendo evitar uma paralisação. Os outros em sua maioria são ligados ou fornecedores destas multinacionais. Seriam obrigadas a ir a reboque.
2º Problema é que as montadoras concederam o bom acordo firmado por que ele será pago por todo o povo brasileiro e não pelo caixa das multinacionais montadoras. O governo concedeu redução de IPI outra vez para estas multinacionais mas desta vez ele não foi e não será repassado aos preços, como em 2008 e 2009. Agora esta redução de IPI (impostos para serviços públicos) será repassada aos salários dos metalúrgicos do ABC. Isto se chama cumprimentar com o chapéu alheio.
E politicamente aparece como um excelente acordo “arrancado” pela combativa diretoria quando na verdade significa que com dinheiro público se tiram os metalúrgicos do ABC de combate nos próximos três anos.
Justamente no período em que a crise deve atingir forte o Brasil o governo que já anunciou cortes e austeridade (leia-se ataques aos salários, direitos e conquistas), terá muitos problemas para enfrentar.
Leia abaixo as informações da Agenhcia FEM-CUTSP.
“Os metalúrgicos do ABC decidiram entrar em estado de greve a partir desta quinta-feira, 15. A medida, que atinge mais de 70 mil trabalhadores da base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi aprovada no início da noite desta quarta-feira (14), por unanimidade, em assembleia realizada em frente à Regional do Sindicato de Diadema.
Nova assembleia já está marcada para a próxima terça-feira (20), a partir das 18h, no mesmo local. Caso não haja propostas das bancada patronal ou elas não contemplem o que a categoria reivindica, será decretada greve geral por tempo indeterminado. Até terça-feira, os trabalhadores farão protestos, manifestações, assembleias, paralisações pontuais e outras ações nas fábricas.
“A categoria exige um acordo igual ao conquistado pelos trabalhadores nas montadoras – 10% de reajuste, abono e avanços nas cláusulas sociais”, afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, que comandou a votação de ontem. Segundo ele, o que os sindicatos patronais dos grupos 2, 3, 8, 10, Fundição e Estamparia ofereceram até agora está longe do que a categoria reivindica. “Por isso, entregamos aviso de greve empresa por empresa”, disse. O aviso de greve cumpre exigência legal para evitar que os grupos patronais peçam à Justiça julgamento de uma eventual greve geral.
Até agora, o único grupo que fechou acordo na campanha salarial deste ano foi o das montadoras. O reajuste salarial aos trabalhadores das montadoras ficou assim: em 2011, total de 10%, sendo 7,39% da recomposição da inflação (INPC) do período mais 2,55% de aumento real. Para 2012, o reajuste será composto pela inflação do período + a diferença dos 5%, que é 2,39%. O abono de R$ 2.500,00 também será reajustado pelo INPC do período mais o aumento Também foi conquistada licença-maternidade de 180 dias, avanço social que está sendo reivindicado aos demais grupos.
Grupos sem Acordo
Fundição
Estamparia
Grupo 2 (máquinas e eletrônicos)
Grupo 3 (autopeças, forjaria, parafusos)
Grupo 8 (trefilação, laminação de metais ferrosos; refrigeração, equipamentos ferroviários, rodoviários entre outros)
Grupo 10 (reúne os sindicatos patronais dos setores de lâmpadas equipamentos odontológicos, iluminação, material bélico entre outros). (Agência FEM-CUTSP, 15/09/2011)
Mesmo sem a participação dos operários das montadoras, 70 mil metalúrgicos em greve no ABC será importante para desenferrujar e começar a aquecer os músculos.
Estamos de acordo. Todo passo progressivo já é um bom começo. Mas teria muito mais força se fosse com toda a categoria unida e se o aumento fosse arrancado do lucro dos patrões.
Unidade de todos na greve!