Publicamos abaixo o panfleto que nossos camaradas do Rio Grande do Sul estão distribuindo aos trabalhadores da saúde que são submetidos a escalas extenuantes em regimes 6×1, 7×1, 10×1 e até 15×1.
No auge da pandemia de Covid-19, o heroísmo dos profissionais da saúde foi exaltado pela população e amplamente divulgado na imprensa. Enquanto uma parte da população permanecia em casa para proteger a si e à sua família dessa doença até então praticamente desconhecida, os trabalhadores arriscavam sua própria segurança e a de suas famílias para salvar as vidas das vítimas da doença, com muita dedicação e coragem.
Mas poucas pessoas conhecem verdadeiramente as condições de trabalho extremamente degradantes às quais os trabalhadores da saúde estão diariamente expostos nos hospitais, clínicas e demais estabelecimentos de cuidado à saúde. Equipes de trabalho extremamente reduzidas e recebendo baixos salários vivem em condições desumanas de sobrecarga, muitas vezes não dispondo de tempo sequer para satisfazer as necessidades fisiológicas. Enquanto isso, os “administradores” dos hospitais reduzem cada vez mais as equipes, por meio de demissões ou simplesmente não repondo as vagas de trabalho, sob o pretexto da “horizontalização de processos” e de “reestruturações organizacionais” — tudo em nome da “redução de custos”. Isso agrava a evidente exploração dos trabalhadores que permanecem em seus postos e configura flagrante negligência quanto à sua saúde e segurança, assim como à segurança dos pacientes (que depende de equipes adequadamente dimensionadas).
Além disso, situações de assédio moral e sexual por parte das chefias são habituais, tornando o ambiente de trabalho extremamente opressivo aos trabalhadores que já suportam a carga física e mental da responsabilidade pelo cuidado aos pacientes. Nesse sentido, cabe destacar que as direções dos hospitais são coniventes com os casos de assédio, porquanto estimulam as chefias diretas a pressionar por “resultados” e “fazer mais com menos”, encorajando-os a agir como verdadeiros déspotas. É comum no capitalismo, que os hospitais, formalmente instituições sem fins lucrativos, adotem tais métodos de “gestão” do trabalho tão focados em “resultados financeiros” e tratem os trabalhadores — que são os que realmente prestam a assistência aos pacientes — como meras “mercadorias” e “custos”.
Os famigerados “bancos de horas” tornaram-se instrumento legalizado para coagir os profissionais a aceitar trabalho extra sem qualquer compensação financeira, levando muitos à exaustão, desde a assistência até os setores administrativos. Já nas áreas de apoio, como manutenção e afins, são comuns escalas de trabalho extenuantes em regimes 6×1, 7×1, 10×1 e até 15×1! Os trabalhadores da limpeza, cozinha e lavanderia são sistematicamente discriminados e se sentem “invisíveis”, marginalizados e desvalorizados, embora exerçam atividades que são indispensáveis para o funcionamento hospitalar.
Este quadro dramático de exploração e opressão, aliado ao baixíssimo investimento em adequadas condições de trabalho, repercute em elevado número de acidentes, rotatividade e absenteísmo — este último principalmente em função de problemas osteomusculares vinculados à sobrecarga física no trabalho e de problemas mentais ligados à sobrecarga mental e psicológica, como estresse, burnout, depressão e até suicídio.
Diante desse cenário de exploração sistemática, é urgente que nós, trabalhadores da saúde, reconheçamos o nosso papel central na luta de classes. Enquanto a exploração se acirra sob a falsa máscara da “gestão eficiente”, doamos nosso sangue e suor pela nobre missão de cuidar da saúde da população, à custa dos próprios corpos e mentes exaustos e adoecidos. A contradição entre a saúde como direito humano e sua mercantilização capitalista jamais será resolvida por reformas paliativas, mas sim pela união de nossa classe trabalhadora por um novo sistema econômico e político, livre de classes sociais! Precisamos começar essa luta nos unindo contra a precarização e denunciar a violência e o assédio no ambiente de trabalho hospitalar. Nossa força está na solidariedade de classe — e só com ela construiremos um sistema de saúde público, gratuito e para todos!
Organize sua indignação e some-se à luta na Organização Comunista Internacionalista, sessão brasileira da Internacional Comunista Revolucionária!
- Pela redução das jornadas de trabalho sem redução dos salários!
- Por equipes dimensionadas de acordo com as demandas de trabalho!
- Por condições adequadas de saúde, segurança e conforto no trabalho!
- Basta de assédio moral e sexual nos hospitais!
- Por hospitais públicos e gratuitos para toda a população!
- Saúde como direito do povo e dever do Estado!
- Abaixo o capitalismo! VIVA O COMUNISMO!