O PSOL precisa ter um candidato à presidência capaz de exprimir o sentimento de indignação, de revolta da população com o conjunto deste regime e suas instituições. Um candidato contra o sistema e toda a dor e sofrimento que ele causa.
O capitalismo faliu e só os dirigentes reformistas ou adaptados não perceberam e continuam tentando dar face humana ao monstro devorador da humanidade. Os reformistas e burocratas buscam desesperadamente aliar-se com burgueses para continuar comendo as migalhas que lhes são atiradas do banquete do Capital.
Revolucionários adaptados estão atrás de simpáticos pretendentes a campeão de votos sem se importar com que programa. Como avançar para a revolução socialista com candidatos sem programa ninguém explica. E não falamos aqui de um programa marxista revolucionário. Falamos de um impulso, um programa transitório capaz de colocar as massas em movimento e transformar seu ódio ao sistema em força de mudança, de organização e mobilização.
Para sermos claros, estamos falando de como as massas entendem o que dizem seus candidatos e se agarram neles se esses partem de questões concretas e abrem uma perspectiva transformadora. Falamos do movimento que criou Syriza na Grécia, PODEMOS na Espanha, que criou Corbyn na Grã-Bretanha, Melènchon na França e mesmo Bernie Sanders nos EUA.
Na Grécia as massas levaram Syriza ao governo num esforço extraordinário. A traição posterior de Tsipras colocou outro obstáculo no caminho revolucionário das massas e de seu movimento, mas o que começou não para tão fácil. Tsipras foi apenas uma etapa vencida na batalha pela revolução grega. Outras virão.
Os programas de PODEMOS, Corbyn, Melènchon e Bernie Sanders, muito diferentes entre eles mesmos, são em geral incoerentes e incapazes de fazer uma verdadeira mudança, de derrotar o capitalismo e instaurar um mundo novo. Mas, eles captaram o estado de espírito da classe trabalhadora e da juventude e assim ajudaram as massas a se colocar em movimento. Eles estão expressando um estado de espírito que é uma mescla de revolta e tentativa de se defender, que é resultado da traição dos velhos partidos que as massas abandonaram e da tentativa de se reorganizar sobre um novo eixo de independência de classe. É óbvio que isso inclui confusão política, hesitação e desconfiança. E como seria de outro modo depois do que fizeram os partidos que elas construíram e reconheciam como seus?!
Quem pode negar que essa é a situação no Brasil? Que esse é o estado de espírito das massas? Aqui o que falta é um instrumento que elas possam agarrar e chamar de seu. Esse tem que ser o objetivo do PSOL.
Lula e o PT não são mais isso, mesmo que ainda sobrevivam como uma máquina eleitoral e buscando se apoiar na população mais pobre, na sua base “bolsa família” e num setor ultra reformista da pequena-burguesia.
A expressão política do sentimento das massas precisa ser encontrada, construída. O PSOL tem a possibilidade de ser esse instrumento. O que lhe falta, neste momento, é um candidato a presidente da república e um programa classista que fale de revolução, que seja capaz de mobilizar ativistas e atingir as massas.
O atraso do PSOL em lançar candidato à presidência da república permitiu até agora que Lula apareça como a única alternativa para enfrentar os candidatos da burguesia. O que, de fato, é uma ironia, já que Lula é candidato com um programa tão burguês como o que ele aplicou desde 2003. Essa única opção “de esquerda” até agora quer um novo governo com Renan, Kátia Abreu, Collor e Sarney, no mínimo. Ou seja, não é uma opção para os socialistas.
O PSOL se fortaleceu nos últimos anos, mas ainda está longe de ser o partido das massas trabalhadoras. E sem isso nenhum partido pode pretender governar nenhum país. Seu programa tem que falar com essas massas, para a classe trabalhadora nas fábricas, escolas, locais de trabalho, nos bairros. O programa não pode ser uma coleção de reivindicações de setores marginais da sociedade. A partir de uma posição de classe, o programa certamente defenderá melhor os direitos e liberdades individuais e coletivas.
Partindo da necessidade de varrer este regime, defenderá melhor as mulheres trabalhadoras, a juventude, os negros e todos os oprimidos pela sociedade capitalista. Combater o racismo e a violência contra as mulheres, impor o respeito ao direito individual e privado sobre orientação sexual, isso tudo só é consequente se parte do fato de que a sociedade está dividida em classes e que tudo isso é criação do capitalismo para dividir, oprimir e explorar as classes trabalhadoras.
Além disso, as necessidades do PSOL, as necessidades imperiosas das massas, não podem estar sujeitas a caprichos e cálculos pessoais. É um grave erro aceitar com naturalidade que potenciais candidatos à presidência da república, ou a outros cargos, sobreponham seus objetivos pessoais, ou de grupos, aos interesses do partido.
Além do fato de que sem candidato o PSOL deixa a porta aberta para a consolidação da candidatura Lula, ou em caso de impedimento legal, para que o PT lance um candidato alter ego de Lula. Sem falar daqueles que tendo perdido o rumo e apavorados com Temer e seu Congresso Nacional já falam pelos corredores de apoiar Lula como única chance de “barrar a direita”.
Também não é razoável ou sério cortejar dirigentes de movimentos para que eles venham para o partido para serem candidatos. Isso é o que fazem os partidos burgueses de aluguel ou os partidos degenerados. Um partido sério como o PSOL deve escolher seus candidatos entre seus quadros e de seu próprio programa.
Patinando sobre essa questão, o PSOL vai chegar ao seu Congresso Nacional em dezembro. Nesse congresso está previsto finalmente lançar um candidato para as eleições de 2018. Mas, que programa deve ter o candidato do PSOL?
O candidato deve expressar esse programa na sua atividade prática desde agora ou primeiro se encontra um candidato e depois se arruma um programa? O PSOL não é um partido com centralismo democrático onde qualquer candidato vai expressar o programa integral do partido. Não é assim que funciona.
Nossa convicção é de que o candidato e seu programa devem estar conectados com a revolta da juventude e da classe trabalhadora contra o sistema, suas instituições e suas “Reformas” contrarrevolucionárias. O PSOL para ser o partido da liberdade e do socialismo deve dizer que vai revogar todas as “Reformas” de Temer, de Lula e de FHC, que vai reestatizar tudo o que foi privatizado, que vai estatizar os bancos e o sistema financeiro, que não vai pagar a dívida interna e externa porque todo o dinheiro irá para saúde, educação, transporte e moradia. E evidentemente anunciar bem alto que não se alia e nem faz acordos com nenhum dos partidos deste sistema que oprime, explora e mata.
É por tudo isso que recebemos com entusiasmo a pré-candidatura do companheiro Nildo Ouriques com sua “Carta aberta à militância do PSOL”. Essa carta é uma excelente base para a plataforma que o PSOL precisa para falar à vanguarda militante e às massas brasileiras.
Massas trabalhadoras que estão constantemente sob a pressão da ideologia da classe dominante, ideologia reacionária e desagregadora. Ideologia que conduz as massas para as mãos de vigaristas políticos, demagogos e bandidos políticos, como se vê hoje na maioria do Congresso Nacional e nos estados e municípios.
Para enfrentar e dissolver a ideologia reacionária das diversas igrejas a que se agarram multidões de desesperados, o que precisa o PSOL é um programa que fale com essas massas e que não pode ser apresentado nem por pastores reacionários nem por fascistóides tipo Bolsonaro.
Setores importantes das massas buscam os pregadores do além porque querem mitigar seu sofrimento ou para buscar um milagre na Terra. Outros se voltam para Bolsonaro porque, já que “os outros” só espalharam o caos, quem sabe ele “ponha ordem na casa”. Estes, como aqueles, também não sabem que o programa dos religiosos, qualquer que seja a religião, ou o programa de Bolsonaro, são apenas duas diferentes formas de continuar a atual exploração e opressão, porque ambos defendem este sistema podre que goteja lama e sangue por todos os poros. São duras caras da mesma moeda.
Para derrotar esses programas é preciso um programa classista, que fale com os sentimentos mais profundos das massas, com suas necessidades mais prementes e que abra uma perspectiva de “mudar a vida” de verdade. De varrer o lixo e começar uma nova sociedade. Ou não se aprendeu nada com a derrota para o bispo Crivela no Rio de Janeiro?
Despertar novamente a esperança, a compreensão de que podemos lutar e podemos vencer, parte de conectar, integrar-se com a real luta de classes e os mais caros, mais profundos anseios do povo trabalhador e da juventude revolucionária que desperta neste país.
Convidamos a todos a conhecer e a apoiar a pré-candidatura do companheiro Nildo Ouriques e sua plataforma. Se você está de acordo com este movimento pelo socialismo, pela liberdade, pela revolução, faça contato e vamos ajudar milhares de lutadores a se coordenar e transformar essa batalha em uma força material para transformar.