Na segunda-feira (20/5) foi realizado um encontro, divulgado pelo jornal O Estado de SP, em que se reuniram líderes de 10 partidos de oposição a Bolsonaro, dentre eles políticos do PSDB, do PSB, do PDT, do PV, da Rede, do Cidadania (ex-PPS) – todos partidos burgueses – aos quais se somou a vergonhosa participação de dirigentes do PT e do PCdoB e a ainda mais vergonhosa presença de Boulos e de dirigentes do PSOL. O objetivo da reunião foi organizar o lançamento de um movimento: “Direitos já, Fórum pela Democracia”.
PT e PCdoB, depois de toda a colaboração de classes levada a cabo nos governos Lula e Dilma, seguem a tentativa de unidade com setores da burguesia para defender a democracia. Democracia burguesa, obviamente, o chamado Estado Democrático de Direito, que não passa de uma forma de dominação da burguesia para a exploração do proletariado. Desta aliança sem independência de classe participam Boulos e a direção do PSOL, aprofundando assim a adaptação política do partido, que se expressou fortemente já na campanha eleitoral do ano passado.
Outro meio de comunicação informa: “No mesmo dia [20/5], líderes do PT fizeram uma videoconferência na qual foram debatidas orientações de Lula, como descartar um “Fora, Bolsonaro” por resistência ao vice Hamilton Mourão e investir em uma “oposição propositiva””. A orientação de fundo é buscar confundir que agitar “Fora Bolsonaro” teria algo a ver com ser a favor de Mourão, quando as mobilizações por “Fora Bolsonaro” tem a vocação de abrir uma situação de questionamento do conjunto das instituições e do regime burguês. Este foi o sentido das mobilizações do Fora Collor, que foram bloqueadas pela legitimação da posse do vice (Itamar Franco) pelo próprio Lula e o PT.
Já o site da ISTOÉ, relata outra reunião, no dia 22/5, esta com representantes de 5 partidos:
Dirigentes dos cinco principais partidos de oposição – PT, PSB, PCdoB, PDT e PSOL – avaliaram que não é o momento de pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Segundo eles, que se encontraram na quarta-feira, 22, não existe motivo formal para o afastamento, apesar do desgaste sofrido pelo governo em apensas cinco meses de gestão.
“Não é hora de tomarmos nenhuma iniciativa neste sentido. O terreno é o da luta política com mobilizações e ações conjuntas no Congresso”, disse o presidente do PSOL, Juliano Medeiros.
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No PT, sobretudo, a ordem é para não repetir com o atual governo o “golpe” contra a presidente afastada Dilma Rousseff.
Mais à frente na matéria é revelada a pressão da base sobre os dirigentes:
Nenhum deles [líderes dos partidos] chegou a colocar em pauta o pedido de impeachment de Bolsonaro, mas o assunto foi tratado em função da pressão feita pelas bases das legendas de centro-esquerda. Por meio das redes sociais, militantes têm cobrado uma postura mais incisiva dos partidos. Nas manifestações do dia 15 em defesa da educação, o grito “fora Bolsonaro” foi ouvido em diversas cidades.
Não estamos de acordo com a argumentação petista da necessidade de existência de justificativas legais para se colocar a luta política pela derrubada do governo Bolsonaro, nem que as massas nas ruas derrubando um governo reacionário seria um “golpe”. Não! As massas derrubarem Bolsonaro seria um passo à frente para a revolução proletária.
A Esquerda Marxista lançou a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” porque ela está conectada com a necessidade das massas de pôr abaixo este governo já. Essa palavra de ordem, como relatado pela própria matéria da ISTOÉ citada acima, foi entoada massivamente por vários atos ocorridos no dia 15 e obrigou os 5 partidos a se reunirem para bloquear o avanço deste combate. Não conseguiram impedir que a palavra de ordem “Abaixo a Ditadura!” ganhasse as massas no final dos anos 70 e início dos 80, não conseguiram impedir o “Fora Collor!” e não vão conseguir bloquear o avanço do combate por “Fora Bolsonaro!”. Na realidade, nos sentimos honrados pelos dirigentes dos 5 partidos terem se reunido com o objetivo central de combater a palavra de ordem que lançamos.
Nossas iniciativas nesse combate podem ser conferidas:
- Na capa de nosso jornal Foice&Martelo 133, lançado em 29 de março, que trazia o “Fora Bolsonaro”.
- Nas discussões políticas de nossa Conferência, que reafirmaram a posição de levantar o “Fora Bolsonaro” como tarefa central no próximo período: ver relato da conferência
- Nos atos de 1º de Maio, nos quais levamos faixas com o “Fora Bolsonaro”, assim como o panfleto distribuído nos atos: ver fotos da intervenção no 1º de Maio
- No dia 15 de Maio, em que o panfleto da Liberdade e Luta defendia o “Fora Bolsonaro” e faixas foram levadas com esta palavra de ordem nas grandes manifestações que ocorreram neste dia: ver avaliação do 15 de Maio
É possível barrar a Reforma da Previdência, é possível reverter os cortes na educação, e sim, – apesar das direções – é possível derrubar Bolsonaro e abrir caminho para derrotar a burguesia e avançar na constituição de um verdadeiro governo dos trabalhadores.