Duas explosões e um morto: o próprio terrorista, ao que parece usando um colete cheio de bombas, e o seu carro, que explodiu parcialmente. Segundo os jornais, o terrorista era Francisco Wanderley Luiz, ex-candidato a vereador pelo PL em 2020. Nesta manhã (14/11), a polícia encontrou um trailer trazido por ele de Santa Catarina, que também continha explosivos. Além disso, a casa alugada por ele em Brasília também tinha explosivos e artefatos para fabricação de bombas.
Um único deputado admitiu conhecer Francisco: Jorge Goetten, do partido Republicanos – SC, que era seu amigo há 30 anos. Em Brasília, Francisco visitou este deputado.
Os últimos atentados a bomba no Brasil que podem ser comparados são a bomba enviada para a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 1980 e a bomba no Riocentro em 1981. A bomba na ABI matou a sua secretária, já a do Riocentro matou um dos terroristas (um sargento) e feriu gravemente o outro (um capitão do exército).
Os bolsonaristas mais “esclarecidos” já estão comentando em suas redes sociais que o projeto de anistia aos que invadiram o Supremo, o Palácio do Planalto e o Congresso em 8 de janeiro de 2023 será engavetado. Mas, qual o significado e as consequências deste ato?
Em primeiro lugar, os comunistas não se compadecem nem se vangloriam pela incompetência do homem que fez um atentado fracassado. Muito menos comemoram o atentado pela possibilidade do projeto de anistia ser enterrado. Os comunistas entendem que:
- Um atentado terrorista perpetrado por um integrante da extrema direita significa uma elevação da temperatura política e do que a extrema direita está fazendo. A eleição de Trump aumentou a disposição desse setor burguês de ir para o confronto com “a esquerda” (todos que não concordam com eles). Desse modo, o que podemos dizer no momento é que o ato terrorista foi inspirado pelas posições políticas da extrema direita e de seus líderes.
- O atentado mostra que a divisão da burguesia está aumentando, apesar de todas as tentativas do governo Lula-Alckmin de “unificar” todos os contrários, de construir um governo de unidade nacional. A incapacidade do governo de fechar o “pacote” de medidas de corte dos gastos com o proletariado para pagar os bancos e os bilionários não consegue avançar no governo; a extrema direita faz andar no Congresso um pacote “anti-MST” e retoma o PL do Estupro, tentando fazer com que ele passe na surdina. Do outro lado, a pressão do movimento social faz explodir a luta contra a jornada 6X1 e leva a que as centrais sindicais, pela primeira vez tenham que apoiar esta luta, enquanto os ministros de Lula se dividem sobre a proposta de fim da escala 6X1. Lula calado estava e mais calado ainda fica.
- Se a temperatura da luta de classes aumenta, inclusive da disputa entre setores da burguesia, uma consequência poderá ser o aumento da repressão. Lula vai pressionar para que os governadores e os congressistas apoiem o seu projeto de “segurança” cujo centro é a constituição de uma polícia de intervenção federal, apoiada nos quadros da hoje PRF (Polícia Rodoviária Federal), famosa por sua truculência e pela infiltração bolsonarista entre seus quadros.
A Comissão Executiva da OCI repudia o ataque terrorista. Lembramos também que uma consequência dos atos de 08 de janeiro de 2023 foi a proibição de toda e qualquer manifestação “não autorizada” na Esplanada dos Ministérios. Ou seja, eventuais medidas “de segurança” podem ser utilizadas para atingir a luta do proletariado. E conclama todas as organizações sindicais de trabalhadores e jovens e os partidos que se reclamam da classe trabalhadora a estarem alertas para combaterem qualquer tentativa de aumento da repressão por parte do Estado contra o movimento popular e qualquer ação da extrema direita contra a luta dos trabalhadores.
Somente a organização independente do proletariado, separada da burguesia e de suas instituições (sejam elas “democráticas” ou “do centro”) pode garantir a defesa dos trabalhadores e da juventude contra a barbárie burguesa. Chamamos todos aqueles que desejam lutar por um mundo novo, um mundo socialista, que interrompa a caminhada da humanidade em direção à barbárie, a integrarem as fileiras da OCI e ajudarem o combate do proletariado pela sua liberação.
CE da OCI,
14 de novembro 2024