Imagem: Felipe Couri

Contra o projeto que quer tirar o carnaval das ruas de Juiz de Fora

Nesta terça-feira, reuniram-se em frente à Câmara Municipal de Juiz de Fora representantes dos blocos de carnaval da cidade, em protesto contra um projeto de lei da vereadora Roberta Lopes, do PL. O projeto tem caráter antidemocrático e excludente.

Nós, militantes comunistas da OCI em Juiz de Fora, saudamos essa mobilização e colocamo-nos lado a lado dos que lutam para manter o carnaval popular nas ruas. Frente a esse ataque conservador e hostil aos direitos democráticos mais elementares, reafirmamos que é papel das organizações da classe trabalhadora defender as manifestações culturais populares e a ocupação livre dos espaços públicos. A repressão cultural e o cerceamento à livre expressão não podem ser normalizados. Ao contrário: devem ser enfrentados com unidade e mobilização.

O capital e seus representantes tentam restringir toda forma de expressão e organização cultural que foge ao seu controle. A repressão cultural anda lado a lado com a repressão política e policial. Impedir o carnaval de rua é também impedir a livre circulação do povo em espaços públicos.

Em Juiz de Fora, isso se traduz no projeto de lei da vereadora Roberta Lopes, que busca impor uma série de restrições burocráticas e autoritárias:

  • obriga os blocos a se cadastrarem com antecedência;
  • exige autorização prévia para os desfiles;
  • restringe os horários e itinerários dos blocos;
  • impõe condições financeiras e burocráticas que inviabilizam os blocos populares e independentes.

Na prática, essas medidas expulsam os blocos populares das ruas e inviabilizam sua existência autônoma. Defender o carnaval de rua é, nesse contexto, defender os direitos democráticos mais elementares.

O carnaval de rua é uma forma histórica de expressão da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre. Os blocos não são apenas festa: são espaços de encontro, arte e, muitas vezes, ligados à crítica social — e já foram, em diversos momentos, alvo da repressão e censura do Estado burguês.

Não podemos nos calar diante da repressão cultural. Cabe aos jovens e trabalhadores exigir das direções de suas organizações, entidades e sindicatos uma postura combativa para garantir os seus direitos — não só para defender o carnaval, mas para defender o direito do povo de ocupar as ruas com suas cores, sua voz e sua história.

Chamamos os ativistas, os setores mais conscientes da juventude, das escolas de arte, dos blocos de carnaval e dos movimentos sociais a discutirem conosco um programa que ligue a luta pela cultura popular à luta mais geral pela emancipação da classe trabalhadora.