Começa a ocorrer nos EUA manifestações de jovens, movimentos por melhores condições de vida, por moradia. Contudo ainda são movimentos confusos, mas representam algo de novo, que poderá frutificar se ligarem-se às lutas dos trabalhadores
Aos corajosos manifestantes, militantes e simpatizantes do Movimento Ocupar a Wall Street.
Sua ousada ação, inspirada pelos movimentos no Egito, Grécia e Wisconsin é um grande esforço na tentativa de atingir a imaginação de milhões de trabalhadores e jovens que em todo o mundo estão insatisfeitos com as suas condições de vida. Isso mostra que há neste país uma camada de ativistas de esquerda comprometidos, que estão prontos para enfrentar as injustiças da sociedade capitalista. Como aliados do movimento, gostaríamos de lhes apresentar nossas perspectivas.
A prosperidade temporária pós-guerra apenas atrasou a inevitável crise capitalista. A consciência de muitos trabalhadores hoje ainda está atrasada, mas ela irá avançar aos trancos e barrancos, de acordo com os acontecimentos de sua própria experiência de vida sob este sistema.
Infelizmente, a maioria dos grupos de esquerda concentra-se inteiramente no ativismo, com pouca clareza de análises ou táticas. Ou então gastam toda sua energia debatendo as causas da fraqueza da esquerda e tentando reinventar a roda em busca de um ainda não-descoberto “agente revolucionário”. A Liga Internacional dos Trabalhadores,(Seção norteamericana da Corrente Marxista Internacional, sua sigla é WIL e jornal é o Socialist Apeel) acredita que o agente revolucionário hoje é o mesmo que havia quando Karl Marx estava vivo nos anos de 1880: a classe trabalhadora. Nós também acreditamos firmemente que as ações devem estar combinadas com a teoria e as análises.
A grande mídia e muitos grupos de esquerda nos dizem que a Primavera Árabe é um modelo “voluntarista” e “tecnocentrista” de revolução. Parece que estamos imitanto isso aqui em Nova York hoje. Mas temos que perguntar: esta abordagem pode, por si só, levar à derrubada do sistema capitalista? Esta tática sozinha pode realmente acabar com a dominação das grandes empresas sobre a política e economia? Na verdade foi uma onda de greves massivas de trabalhadores que preparou o caminho para a revolta egípcia. Foi o poder da classe trabalhadora, e não a mídia social em si, que derrubou os tiranos do mundo Árabe. E ainda, apesar destes movimentos heróicos, os velhos regimes continuam, em grande parte, de pé e com eles, o sistema capitalista, que é a raiz causadora do desemprego, austeridade e miséria que todos nós enfrentamos. É necessário realizar algo mais.
A parcela mais rica (1%) possui mais riqueza do que os 95% da população mais pobre. Eles não abrirão mão de seu poder econômico e político sem lutar, incluindo uma luta ideológica. Aqueles que entre nós desejam ganhar essa luta devem enfrentar não apenas o sistema capitalista, mas também a ideologia de seus defensores. Devemos explicar o que o socialismo realmente é, não o que os ricos dizem o que ele é! Ao contrário das mentiras e propaganda da classe dominante, as idéias do Marxismo são um recurso vital que utilizamos na analise da sociedade com o propósito de mudá-la para melhor. Os governantes deste país estão sempre demonizando, desqualificando e condenando o Marxismo. Só isso já é uma prova de que deve ter algo que eles não querem que as pessoas saibam. Nós dizemos: vejam por si mesmos!
Não é suficiente exigir a reintegração da Lei Glass Steagall (Lei Bancária de 1933 que separava a banca comercial dos negócios imobiliários). Há ligações orgânicas entre capital financeiro e industrial, o sistema não pode ser meramente regulamentado. Reformas como as do trabalho e proteções ambientais conquistadas no passado pelos trabalhadores devem ser defendidas e expandidas, mas não podemos nos limitar a meras reformas dentro do mesmo quadro do sistema vigente. Devemos ousar exigir uma revisão completa; uma sociedade nova e racional, baseada na democracia dos trabalhadores: o socialismo.
A crise é o resultado inevitável do próprio capitalismo, e não apenas de sua corrupção. Nós do WIL acreditamos que enquanto a classe capitalista tem poder político, ela vai usá-lo para manter seu controle sobre o poder econômico. Só o socialismo e a democracia dos trabalhadores, baseado na propriedade pública e na administração coletiva dos postos de comando da economia, podem resolver os problemas enfrentados pela humanidade.
Manifestações são importantes na medida em que atraem a atenção, são muito necessárias para nossos objetivos. Mas enquanto os ricos continuarem explorando os trabalhadores diariamente, o sistema deles continuará funcionando. Eles ganham dinheiro à custas dos trabalhadores. Mas os trabalhadores – e especialmente aqueles trabalhadores organizados em sindicatos – têm o poder de parar as máquinas. Se estamos seriamente dispostos a realizar mudanças, devemos nos unir com o movimento dos trabalhadores. Nenhuma roda gira, nenhuma luz acende, e nenhum centavo de riqueza é criado sem a classe trabalhadora!
A ação direta, não importa o quão heróica, se isolada da grande classe trabalhadora, não é suficiente para levar à vitória. Para ganhar esta luta é necessário o poder e ação coletiva da classe trabalhadora. Então qual o papel dos ativistas? Devemos estar organizados e orientados para a classe trabalhadora e a juventude, apelando para as camadas mais avançadas. Devemos levar estas manifestações e as idéias do socialismo revolucionário de volta às nossas escolas de ensino médio, universidades, locais de trabalho e vizinhança.
Nós entendemos que poucas pessoas hoje vêem a necessidade de construir uma organização socialista. Algumas pessoas acreditam honestamente que o capitalismo americano pode ser reformado em um sistema mais “generoso e gentil”. Mas com o desenrolar da crise, se tornará gradativamente mais claro que isto não é possível. Enquanto isto for acontecendo, mais e mais pessoas e trabalhadores se interessarão pela política. Porque, longe de se absterem da política, jovens e trabalhadores precisam tem mais participação na política, não menos! Não na “política” dos Republicanos e Democratas, porque ambos representam os interesses dos capitalistas, mas sim na política que possa realmente desafiar o domínio destes dois partidos. É por isso que lutamos pelas idéias socialistas. É por isso que chamamos os sindicatos a romperem com os dois partidos das grandes empresas e para formar um partido de massa dos trabalhadores que possa dirigir a tremenda energia do movimento dos trabalhadores e da juventude na direção de uma mudança política real.
Muitos no movimento rejeitam ter qualquer tipo de liderança. Outros querem “construir o movimento” sem primeiro se armar com um programa político. Nós acreditamos que liderança é de fato necessária, mas que não pode ser autonomeada ou nomeada de cima pra baixo. Dever ser diretamente eleita, responsável, revogável, e representar a vontade democrática da maioria. Quanto à construção do movimento, nós acreditamos que o movimento pode ser construído apenas se propuser um conjunto claro de idéias que podem unir e entusiasmar as pessoas ao seu redor. Um movimento pelo movimento acabará se dissipando como o vapor sem um pistão. No entanto, um programa básico, exigindo empregos para todos, plano de saúde e educação universal, moradia, e exigindo que os ricos paguem pela crise do sistema deles, ajudaria a canalizar toda esta energia para fins produtivos.
Vamos assegurar que alcancemos a mudança à qual viemos aqui tentar conquistar. Um sério problema exige sérias soluções. A Liga Internacional dos Trabalhadores está ansiosa para discutir com cada um que queira aprender mais sobre socialismo e Marxismo, como podemos trabalhar juntos para levar este movimento para frente.
Entre em contato e participe conosco da luta por um mundo melhor!
Traduzido por Marcela Anita