Movimento Negro Socialista (MNS) prepara atividade do dia 13 de Maio

No último sábado, dia 24 de abril, nós do MNS de São Paulo, realizamos um rico debate de formação online interna sobre as revoltas que conquistaram a abolição, abordando os principais motivos do porquê a data de 13 de maio deveria ser considerada importante e qual o seu verdadeiro significado.

Diferentemente do que ensinam nas escolas, a abolição não foi um ato “generoso” da princesa Isabel, muito menos um simples ato de assinar um documento chamado Lei Áurea. Reduzir os acontecimentos a isso, é diminuir a história de mais de 300 anos de lutas e resistência que os negros travaram contra a escravidão.

As revoltas como a Conjuração baiana, do Malês, Cabanagem, Balaiada, Farrapos, resultaram no Movimento Abolicionista, o primeiro movimento social nacional, composto por comerciantes, escravos, intelectuais, trabalhadores como sapateiros, ferroviários, tipógrafos, jangadeiros, negros e brancos e com apoio da população que se somaram ao coletivo para fortalecê-lo, pois concordavam com as ideias abolicionistas.

Aos poucos, o regime cedia algumas leis que estavam contra os interesses dos escravagistas, como a Lei do Ventre Livre (que consistia em que todo filho de escravo que nascesse seria livre a partir daquela data) ou a Lei dos Sexagenários (que dava liberdade aos escravos após os 60 anos de idade).

Todas essas medidas eram feitas para tentar conter o movimento abolicionista que tinha um caráter revolucionário.

Há uma ideia revisionista do dia 13 de maio que não contribui em nada para a luta ou para o movimento negro, aceitar essa ideia é negar o seu verdadeiro significado, é negar a resistência dos quilombos e Zumbi dos Palmares.

Sabemos que mesmo após a Lei Áurea, a população negra foi negligenciada, totalmente desamparada, sem terra, sem trabalho, foi jogada no mundo do crime e humilhada, os negros saíram da escravidão e passaram a ser cidadãos de segunda categoria, inferiores perante a sociedade, e o resultado dessas ações racistas possuem reflexos até hoje.

A categorização do negro como um povo de 2ª categoria trouxe e continua trazendo grandes vantagens ao grande capital, instituindo o racismo que joga a população negra nas piores condições de vida, seja pela falta de infraestrutura como emprego, moradia, saúde, educação e serviços públicos em geral, seja pelo encarceramento e assassinatos pelas mãos das forças de repressão.

Assim, os negros foram obrigados a formar um exército de mão de obra barata, o que levou a um aumento da pressão sobre o conjunto da classe trabalhadora em sua luta por melhores condições de vida e salário.

Desde há muito tempo os negros são incriminados pela polícia racista pelo simples fato de serem negros. Por isso lançamos a Campanha “Ser negro não é crime”, pela condenação da juíza racista de Curitiba, que condenou um rapaz negro pela sua raça, escrevendo explicitamente isso na sentença.

Dizemos que “Racismo e capitalismo são as duas faces da mesma moeda”, como disse Steve Biko, líder da luta antirracista na África: o capitalismo não pode existir sem seus sistemas de opressão e por isso se utiliza dessa ideologia racial para dividir, oprimir e explorar mais a classe trabalhadora.

Sabemos que ainda temos uma longa caminhada para percorrer, principalmente porque o racismo não terá fim enquanto estivermos em um sistema podre como o capitalismo, que promove a barbárie e é segregacionista. É preciso continuar na construção da luta, da resistência como Zumbi e outros que tombaram nesse combate, como os abolicionistas que uniram a classe trabalhadora e impuseram o fim da escravidão. É tarefa central daqueles que não se renderam à ordem escravocrata e racista!

Para verdadeiramente a classe trabalhadora conquistar a sua emancipação, negros e brancos, e se livrarem de todas as opressões deste sistema capitalista, temos que pôr abaixo as instituições burguesas racistas, transformar essa sociedade doente e de morte numa sociedade socialista livre de exploração e de opressão. Foi com muito ânimo que saímos desse debate fortalecidos para a luta!

Este debate interno que realizamos foi uma preparação para uma atividade pública que realizaremos no dia 13 de Maio, às 19h30 e para a qual convidamos todos que queiram participar! Inscreva-se aqui.

Para acabar com o racismo e conquistar a emancipação é preciso revolução!