Imagem: Débora Ertel, PMNH

Novo Hamburgo à beira do abismo cultural: O legado de Finck

Após as enchentes devastadoras que inundaram cidades do Rio Grande do Sul, a população já sofria com a negligência e a falta de infraestrutura, e agora, a falta de verbas para a recuperação e o fechamento de serviços essenciais revelam a verdadeira face da administração pública. Em Novo Hamburgo (RS), a ex-prefeita Fátima Daudt (MDB), sem pudor, decretou estado de calamidade pública até 30 de outubro de 2024 e cortou os recursos destinados à cultura. Agora, com a chegada de Gustavo Finck (PP) à prefeitura, a situação se agrava ainda mais, pois ele teve a audácia de estender o decreto até junho de 2025.

As atividades culturais, que são a alma da cidade, foram sistematicamente excluídas do orçamento municipal. Entre os maiores absurdos estão o cancelamento da 40ª Feira do Livro, da Virada Cultural, do Natal dos Sinos e, agora, a última facada: o cancelamento do carnaval de rua. E, como se não bastasse, um patrimônio histórico da cidade — a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo (OSNH), com 72 anos de tradição — será destruído pela falta de repasses. Trinta e quatro músicos profissionais ficarão desempregados, 75 crianças perderão o acesso gratuito a aulas de música, e três núcleos de ensino musical terão de encerrar suas atividades. O que já foi referência cultural na cidade, algo que marcou a história de milhares de hamburgueses, será deixado de lado como se fosse um estorvo.

E o que faz o prefeito diante disso? Ele tem a cara de pau de declarar: “Temos que priorizar os serviços essenciais, não trazer shows nacionais para meia dúzia de pessoas.” Um insulto direto aos trabalhadores da cultura, àqueles que, com suor e dedicação, se sacrificam para manter a arte viva e acessível à população. Para ele, cultura não é essencial, como se fosse um mero luxo descartável. A ironia é que o prefeito, que afirma não precisar de dinheiro público para se eleger, recebeu R$ 300 mil de fundo partidário e gastou mais de R$ 1 milhão em sua campanha — praticamente o valor que receberá em salário durante os quatro anos de mandato. Ele se coloca como salvador da pátria, mas é um farsante que se sustenta em promessas vazias e nos bolsos dos poderosos.

Não é de hoje que a família Finck se envolve em escândalos de desvio de dinheiro público. Seu irmão, Carlos Antônio Finck (PTB), ex-vereador e ex-secretário municipal, tem um débito superior a R$ 2 milhões com o Estado em razão de sua gestão fraudulenta na Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul (Fundergs). É esse o modelo de gestão que ele implementará em Novo Hamburgo: uma gestão que, em vez de investir no bem-estar da população e na preservação da cultura, escolhe privilegiar os interesses dos ricos e poderosos.

O orçamento de 2025 foi aprovado pela Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo, totalizando R$ 2,4 bilhões, sendo que apenas R$ 31 milhões (1,6%) foram destinados à Secretaria da Cultura. O orçamento da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo é de R$ 1,2 milhão — um valor irrisório que mal representa 0,05% do orçamento do município, o equivalente a 1 km de rua asfaltada. Não existe justificativa plausível para esse descaso! Onde está o dinheiro que deveria ser destinado à nossa cultura?

Na verdade, a questão não é orçamentária, mas ideológica. No capitalismo, tudo é mercadoria. Na era digital, a todo momento as grandes indústrias estão competindo pelo seu tempo, por extrair o máximo de lucro de cada indivíduo, marcas como Netflix, Amazon, Google, a grande mídia, os rádios e jornais se unem para expandir seu império enquanto moldam a maneira como consumimos cultura, homogeneizando cada vez mais nossas diferenças a um padrão aceito, descartando a individualidade.

Não podemos mais ficar em silêncio diante dessa pilhagem! Finck está sacrificando a cultura, que é um direito do povo, para garantir que seus aliados e sua própria família continuem engordando suas contas bancárias.

É hora de nos unir! Chega de ser passivos diante da destruição de nossa cultura e de nossos direitos! Não podemos permitir que esse governo continue a destruir a alma de nossa cidade. Vamos lutar para garantir que a arte e a cultura, que fazem de Novo Hamburgo um lugar único e especial, não sejam apagadas pela ganância e pelo descaso!

Diante desse cenário, a Organização Comunista Internacionalista (OCI) expressa total apoio à luta dos agentes culturais de Novo Hamburgo e chama toda a comunidade acadêmica, trabalhadores da cultura, artistas e toda classe trabalhadora a se solidarizarem e somarem nessa luta pela cultura brasileira, que é ferozmente atacada pelas engrenagens do capitalismo. Organize-se na OCI para derrubar o capitalismo e construirmos uma cultura para todos.

Trabalhadores da cultura de Novo Hamburgo, uni-vos!