Os ataques contra a deputada Renata Souza e o bonapartismo de Witzel

Após denunciar na ONU a participação do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, em uma operação da Polícia Civil e com a Polícia Militar em Angra dos Reis, a deputada federal Renata Souza, do PSOL, sofreu um pedido de cassação do seu mandato por “quebra de decoro” vinda do PSC, partido do governador. Ações militares onde helicópteros da polícia disparam em áreas pobres altamente povoadas são frequentes no estado do Rio de Janeiro, transformando essas áreas em zonas de exceção. No dia 6 de maio, oito pessoas morreram em uma delas na favela da Maré.

O partido do governador decidiu prosseguir com o processo de cassação mesmo após ele ser rejeitado pelo presidente da Alerj. O processo agora segue para a Comissão de Ética. A iniciativa liderada pelo governador contra a deputada só demonstra o caráter bonapartista que toma o Poder Executivo do Estado burguês apodrecido. Os agentes desse Estado se comportam como verdadeiros “heróis” acima das leis.

No Rio de Janeiro, o Estado opera em certos territórios com ditaduras policiais-militares que fariam “inveja” no regime ditatorial iniciado com o golpe civil-militar de 1964. Em determinados momentos, os agentes do Estado entram nestes lugares como sócios em milícias mercenárias ou no tráfico de drogas. Em outros momentos, atacam seus próprios sócios para tentar manter intacto o teatro da farsa democrática que vivemos no Brasil. Quando o Estado não é levado a entrar em guerra com seus sócios por conflitos entre eles próprios, é por pressão das denúncias da mídia burguesa.

Apesar do processo de cassação de um mandato ser previsto por lei, a atitude reativa do governador é muito mais uma revanche, onde os instrumentos legais valem mais para fazer valer seus interesses e tentar dissuadir opositores, do que uma defesa da Constituição ou da democracia que a deputada pode ter ameaçado levando a denúncia à ONU. Afinal, se não há nada a temer contra a denúncia da deputada, por que o governador não se defende na ONU?

Em vídeo amplamente divulgado da participação do governador na operação em Angra dos Reis, ele diz que vai colocar “ordem na casa” e “acabar de vez com a bandidagem que aterroriza Angra dos Reis”. Que tipo de ordem se coloca com tiros de helicóptero?

https://www.youtube.com/watch?v=KlkJopxBm-0

Sobre a acusação de incentivar o genocídio, o governador respondeu:

“A definição do crime de genocídio está muito longe de ser aquilo que nossa política de segurança pública tem desenvolvido. Esses policiais não estão aqui para atirar em pessoas de bem, e não estamos procurando o confronto.”

De fato, não estão buscando confronto, estão buscando executar quem eles consideram os inimigos do momento. Se estivessem dispostos a ir até o fim e acabar com a “bandidagem”, teriam que criar confrontos não só de fuzis contra fuzis, mas dentro do próprio quintal de casa, já que o crime organizado não se sustenta sem a colaboração de funcionários públicos. Witzel, nesse sentido, com sua ação midiática e performática, não só não ataca a raiz do problema, como incentiva crimes dos agentes do Estado nos bairros pobres e favelas.

Defender o mandato e a Deputada Renata Souza hoje é defender as liberdades democráticas e ser contra o assassinato de pobres e negros por todo o país.

ASSINE O MANIFESTO EM DEFESA DA DEPUTADA ESTADUAL RENATA SOUZA