Trabalhadores da Flaskô estiveram presentes na cidade de Bauru (SP), para conhecer melhor a realidade de duas fábricas que ameaçam fechar, a Ajax e a Sukest.
Trabalhadores da Flaskô estiveram presentes na cidade de Bauru (SP), para conhecer melhor a realidade de duas fábricas, a Ajax e a Sukest.
Os representantes da Flaskô participaram de uma reunião contando com a presença do Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Bauru e com um representante da comissão de trabalhadores da empresa Ajax, além do mandato do vereador Roque Ferreira (Esquerda Marxista).
Primeiramente, ouvimos atentamente o histórico recente da fábrica Ajax, as manobras patronais e os ataques aos trabalhadores. Mais uma vez se repete a história de tentar fazer com que os trabalhadores “paguem a conta”. Direitos trabalhistas não pagos, impostos sonegados, desvios financeiros para outras empresas, as histórias sempre são bastante similares com o que ocorreu na Cipla e Interfibra, em Joinville/SC, na Flaskô, em Sumaré/SP, Flakepet, em Itapevi/SP, Ellen Metal, em Caieiras/SP, fábricas propulsoras do Movimento das Fábricas Ocupadas, movimento impulsionado pela Esquerda Marxista a partir de 2002 na luta pela estatização sob controle operário. Por conta da lógica do capital, da situação econômica, das decisões da burguesia, os patrões se preparam para fechar as fábricas, não se preocupando com as consequências sociais de milhares de demissões.
Após a apresentação das informações, discutimos possíveis caminhos a seguir, objetivamos garantir a defesa dos postos de trabalho, a continuidade da atividade industrial e pagamento dos direitos trabalhistas. Apresentamos o histórico do Movimento das Fábricas Ocupadas, narrando a tática de ocupação das fábricas para manter os postos de trabalho ameaçados. Trata-se de uma primeira conversa, mas que ajudou a compreendermos melhor o quadro concreto, com as particularidades existentes. Ao mesmo tempo, reforçamos a solidariedade e aprovamos alguns importantes encaminhamentos: uma visita na Fábrica Ocupada Flaskô, relatórios e mapeamentos das situações jurídicas, além de uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores, por meio do mandato de Roque Ferreira, com o objetivo de mostrar o impacto social de eventual fechamento das empresas.
Após a conversa, fomos até as fábricas para conversar com os trabalhadores. Constatamos, primeiramente, uma importante disposição de luta para defender os postos de trabalho. Vimos, uma vez mais, a expressão nos olhos de insegurança, angústia, frustração, revolta, indignação, que podem se transformar em uma ação concreta e organizada para garantir a dignidade da classe trabalhadora contra o desemprego. Vimos também que ambas possuem uma estrutura grande, complexa, moderna, com enorme potencial de produção.
O caso Ajax
Histórica fábrica de baterias, a Ajax existe há mais de 50 anos. A primeira paralisação da empresa, nesse ano, ocorreu no mês de Junho, quando ela demitiu 340 trabalhadores sem dar uma posição concreta sobre o pagamento dos direitos trabalhistas e, ainda, não efetuando o depósito do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço nem o repasse dos valores descontados referente à previdência social de trabalhadores que possuem de 5 a 10 anos de tempo de serviço.
No ano de 2013, a fábrica entrou em recuperação judicial, sendo essa a justificativa por parte da empresa para realizar as demissões, antes a fábrica possuía 1400 trabalhadores em quatro turnos.
Para complicar a situação econômica da Ajax, a conta de energia da CPFL do mês de Agosto/2014, que estava no valor de R$ 474 mil, passou para R$ 1,8 milhão em Setembro. Pelo fato da fábrica estar em recuperação Judicial, a CPFL não aceita o valor anterior da conta, pois conforme as regras da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o valor a ser cobrado é o valor do mercado cativo, sendo desligada do mercado livre, que permite a compra de energia a preços mais baixos.
Um corte de energia foi realizado no dia 09/12 e a empresa conseguiu uma liminar para religar a energia, que foi restabelecida dia 11/12, porém, os trabalhadores continuam demitidos e os que ainda integram o quadro funcional da empresa estão incertos quanto ao destino de seus postos de trabalho, o pagamento dos salários e o 13º em atraso.
O caso Sukest
Na Sukest empresa do ramo alimentício que fabrica sucos e chicletes, os primeiros problemas financeiros aconteceram no ano de 2012, quando os salários começaram a atrasar e houve a interrupção do depósito do FGTS. Em 2013, a empresa foi autuada pelo Ministério Público do Trabalho por não realizar o recolhimento previdenciário.
Segundo o sindicato da categoria, a fábrica é economicamente viável e tem patrimônio para o pagamento dos salários, mas a direção da empresa não negocia com os trabalhadores, ela entrou em decadência administrativa com a má gestão do filho que assumiu a administração após o falecimento do pai, Moussa Tobias.
Um dos erros de administração foi investir em produtos mais caros que não encontraram aceitação no mercado. Os 161 trabalhadores que integram o quadro da empresa estão em greve e não há previsão para que voltem ao trabalho até que sejam realizados os pagamentos dos salários que estão dois meses em atraso.
Assim como na Ajax, os trabalhadores da Sukest pressionam o patrão para pagar os direitos e não aceitam o fechamento da fábrica.
O significado e o caminho dessas lutas
É preciso contextualizar que este dois casos ocorrem junto com o aprofundamento da crise do capitalismo no Brasil, que traz o aumento do desemprego em diferentes setores e em diferentes regiões do país.
Não devemos esquecer também que o governo de Dilma, reeleito com o voto de jovens e trabalhadores para barrar a vitória de Aécio Neves, do PSDB, utilizou em diferentes momentos de sua propaganda eleitoral o discurso de defesa de empregos e direitos para se diferenciar do adversário. Estas fábricas que demitem, não pagam os direitos trabalhistas e impostos, devem ser estatizadas com a garantia de todos os postos de trabalho. Essa é a responsabilidade do governo. As fábricas são viáveis economicamente e a estatização sob controle operário garantiria, além dos empregos, a propriedade pública das empresas para seu uso em benefício das necessidades da sociedade.
Os trabalhadores devem buscar as melhores táticas nessa luta. Por isso, foi apresentado o exemplo das fábricas ocupadas, em especial da Flaskô, que permanece ocupada e produzindo. Sob o controle dos trabalhadores, apesar dos ataques do mercado e dos governos, a Flaskô segue resistindo e lutando pela estatização, baseando-se na democracia operária, com assembleias e eleição de um conselho de fábrica, evidenciando dessa forma a inutilidade dos patrões em uma fábrica e em toda a sociedade.
Vamos continuar acompanhando a luta dos trabalhadores da Ajax e da Sukest mantendo nossa pauta de luta.
Pelo direito ao trabalho! Contra as demissões! Contra a ameaça de fechamento da AJAX e da SUKEST! Todo apoio à luta dos trabalhadores da AJAX e da SUKEST!