Desde que a pandemia se intensificou, em março de 2020, a educação teve que interromper suas atividades presenciais. Nesse processo, o trabalho dos educadores mais que duplicou. Tivemos que nos adaptar a uma nova forma de trabalho, sob condições precárias. A maioria dos trabalhadores em educação não tinham, e não têm, condições materiais para trabalhar no que ficou conhecido como ensino remoto.
Isso não quer dizer que aceitaríamos que instituições da burguesia, que dizem querer “educação para todos”, caso fizessem doações dos meios materiais, como, por exemplo, notebooks, tablets etc. No mínimo, isso seria uma obrigação dos governos, no entanto, antes mesmo da pandemia a educação já sofria com o sucateamento constante organizado pelo governo Bolsonaro e por seus antecessores. A falta de investimento e cortes na educação resultam na incapacidade do Estado de ofertar o mínimo necessário para professores e estudantes e abrem as portas para a entrada da iniciativa privada no ensino público, ameaçando um direito básico dos trabalhadores.
Uma outra estratégia da burguesia, que está nos parlamentos de todos os municípios é transformar a educação em “serviço essencial”. A Câmara dos Deputados, no dia 13 de abril, aprovou o requerimento de urgência para o projeto que declara essencial as aulas presenciais na educação básica e no ensino superior nas redes públicas e privadas, inclusive durante a pandemia.
Seguindo essa mesma trilha, de ataques aos trabalhadores em educação, em Barra Mansa, a câmara municipal, no dia 14 de abril, aprovou o projeto que passa a considerar a educação como serviço essencial nessa cidade.
Seja em que município for, a classe dominante tem a mesma estratégia: ceder aos interesses dos donos de escolas para mantê-las funcionando, com aulas presenciais, pois na visão desses os educadores estão em casa sem fazer nada. Qualquer professor, pai, mãe e responsável sabe que isso é uma mentira.
O que está bem claro, na fala do vereador, que chamou os professores de “vagabundos e baderneiros” é o escárnio em relação a classe trabalhadora e a necessidade de manter as escolas particulares abertas, para justificar as mensalidades. A concepção de educação, para a patronal, é de uma grande linha de produção, com a única finalidade de abastecer o mercado de trabalho. A vida dos trabalhadores é o que menos importa. Escolas abertas significam mais gente circulando nos transportes públicos, mais pessoas que fornecem serviços as escolas se deslocando, mais contaminação. Devemos encaminhar moções de protesto para a câmara de Barra Mansa. Não bastasse isso, a direção do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ (SEPE), afirmou que as declarações do vereador, não corresponde à altura do cargo. De que cargo? A direção do SEPE, por acaso, “esqueceu” que o parlamento burguês se esgotou historicamente, como alternativa para os trabalhadores?
Os educadores, em Itabirito, Minas Gerais, por exemplo, se organizaram e, dessa mobilização, fizeram o prefeito recuar da mesma intenção de voltar às aulas presenciais. Isso mostra a força que tem a organização da classe trabalhadora. Nossa luta é em defesa da educação pública, gratuita e para todos.