A recuperação da indústria naval no Rio de Janeiro era a “menina dos olhos” de Lula e Dilma. A política de exploração do petróleo nas Bacias de Campos e de Santos, o início da exploração do pré-sal por meio das concessões para as companhias de petróleo privadas, que começou com a quebra do monopólio estatal do petróleo por FHC está começando a apresentar sua verdeira face.
A recuperação da indústria naval no Estado do Rio de Janeiro estava sendo a “menina dos olhos” dos governos tanto de Lula como o da Dilma. A política do governo de aumento da exploração do petróleo nas Bacias de Campos e de Santos, e o início da exploração do pré-sal por meio das concessões para as companhias de petróleo privadas (os leilões para a “partilha” dos campos de petróleo), política que começou com a quebra do monopólio estatal do petróleo iniciada pelo governo Fernando Henrique (PSDB) está começando a apresentar a sua verdeira face.
Sem o monopólio estatal do petróleo, a Petrobrás, que os tucanos do PSDB queriam “quebrar osso por osso”, acabou fragilizada pelo impacto que a crise econômica global do capitalismo vem provocando sobre a economia brasileira, mostrando toda sua vulnerabilidade em relação às oscilações do mercado mundial. O resultado vem sendo o enxugamento dos contratos da Petrobrás em relação aos seus fornecedores de todo tipo, prestadores de serviços, fabricante, empresas de reparo nas plataformas de petróleo e também os armadores (estaleiros). Em Macaé (RJ), conhecida como a capital do petróleo, esse “enxugamento” provocou uma onda de demissões generalizadas nas empresas “off-shore” e uma quebradeira com falências e fechamento de empresas. Centenas e centenas de trabalhadores perderam seus empregos e muitos estão sem receber seus salários, como é o caso da PCP Engenharia que até então era uma das maiores na prestação de serviço de reparo naval nas plataformas de petróleo.
A presidente Dilma declarou em 01/07, nas comemorações dos 500 mil barris diários que a Petrobrás está extraindo do pré-sal, que os “petroleiros são a pátria de capacete e macacão”. Patriotadas à parte, em tempos de Copa do Mundo, o fato é que a burguesia e os grandes monopólios capitalistas querem a privatização da Petrobrás em uma campanha sórdida levada a cabo pela mídia que se aproveita de uma operação errada (ou corrupta, não importa aqui), na compra de uma refinaria em Pasadena nos Estados Unidos. Agora, de dentro do Conselho de Administração da Petrobrás, Silvio Sinedino (que é presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás e eleito com o apoio dos diversos SINPETROS e do PSTU/CONLUTAS) que ocupa a vaga dos trabalhadores neste órgão da Estatal colocou sob suspeita que as reservas da Petrobrás tenham dobrado fazendo coro com a ala conservadora da empresa que deseja a sua privatização e tendo toda cobertura do Jornal Nacional e para deleite dos tucanos.
Essa gente em vez de fazer defesa do monopólio estatal do petróleo e de colocar a Petrobrás sob controle dos trabalhadores, democratizando a sua gestão, ficam fazendo fofoca com a mídia burguesa alimentando a boataria de que a Petrobrás “está falida”. É tudo o que os privatizadores querem.
A Petrobrás não está falida. O problema todo é que com a quebra do monopólio estatal do petróleo, política que foi mantida por Lula e agora por Dilma, exacerba a concorrência inter-capitalista. Não adianta o governo falar em parceria e fazer leilões de “partilha” com os monopólios privados do petróleo. O capitalismo visa lucro, acumular capital. Com o monopólio a Petrobrás poderia ditar as regras do setor e inverter a situação atual em que somos quase “autossuficientes” na exploração do petróleo mas dependemos da importação do petróleo refinado. O que permitiria retomar a industrialização.Hoje na área do petróleo quase tudo é importado. Mas com o modelo atual ficamos a mercê de uma politica econômica de exportação agro-mineral completamente vulnerável às oscilações do mercado que por sua vez está em baixa devido a crise prolongada que vem se arrastando desde 2008. O resultado são os ajustes e “enxugamentos” da Petrobrás que provocam um efeito cascata cujo resultado é quem paga a conta são os trabalhadores que perdem seus empregos ou ficam sem receber salários.
O fechamento do Estaleiro EISA
Esse efeito cascata já começa a ser sentido pela industria naval no Rio de Janeiro. O estaleiro Ilha S.A. (EISA).
O Estaleiro Ilha S.A. (Eisa), instalado na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, pode fechar nos próximos dias. A informação foi divulgada na imprensa pela deputada federal Jandira Feghali (PC do B) nesta segunda-feira, 14. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (Sindimetal-Rio), os trabalhadores foram colocados em férias coletivas há cerca dois meses e estão em licença remunerada, sem receber seus salários desde então. O Sindicato confirmou a possibilidade de encerramento das atividades do Eisa.
De acordo com a assessoria de imprensa do Sindimetal-Rio, cerca de 3 mil metalúrgicos podem ficar sem emprego. A data prometida pela empresa para quitar os vencimentos atrasados era esta segunda-feira, quando os trabalhadores voltariam ao serviço. Como a promessa não foi cumprida, os funcionários decidiram não retornar. Mais de 400 pessoas foram demitidas em massa e ainda não receberam a quitação dos seus contratos de trabalho. Os 3 mil trabalhadores da EISA estão a dois meses sem receber salários e vale refeição.
Na segunda feira, dia 14, cerca de 1500 a 2000 trabalhadores fizeram uma manifestação na Estrada do Galeão e foram reprimidos violentamente pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. A repressão foi violenta com o uso de bombas pesadas de gás lacrimogêneo e a pancadaria correu a solta para cima dos operários. O diretor do Sindmetal-Rio, Mauricio Ramos declarou que “nós somos todos trabalhadores, sem trabalho, tem gente com fome aqui. É um absurdo que a polícia aja assim nos dias de hoje”.
O estado possui cerca de 50 mil profissionais atuantes na indústria naval. Segundo a deputada Jandira Feghali, dez mil trabalhadores podem ser afetados indiretamente pelo fechamento do Eisa. Uma reunião no Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) nesta manhã discute as saídas que poderão ser tomadas para salvar os empregos em risco.
O estaleiro Eisa é propriedade do Grupo Synergy, um conglomerado nacional que atua no transporte aéreo, na exploração de petróleo, defesa e outros setores. Entre as empresas controladas pela organização, estão a Avianca, a Air Taxi Aéreo e os estaleiros Mauá e Eisa. Ao que tudo indica é uma manobra do grupo que controla o estaleiro para decretar “falência”, fechar as portas e não pagar nada aos trabalhadores e deixar o processo rolar na justiça trabalhista.?
E o que propôs a deputada Jandira Feghali do PC do B? Nada. O que o governo estadual fez? Disse que não sabia de nada e mandou a tropa de choque para cima dos operários. E o que o grupo empresarial vai fazer? Dar o calote nos operários. E o governo federal? Nada também!
O sindicato Sindimetal soltou uma nota denunciando toda a situação e propondo:
“Por isso, os metalúrgicos do Rio de Janeiro estão unidos para garantir a continuidade desses mais de três mil postos de trabalho no Eisa. Defendemos uma ampla articulação entre trabalhadores, empresários e governos para que seja encontrada uma solução que, em primeiro lugar, garanta todos os direitos dos funcionários; segundo, que a empresa continue funcionando para que os empregos sejam mantidos; terceiro, que possamos superar práticas arcaicas na relação capital e trabalho naquela planta industrial e que a indústria naval prospere e contribua com o continuo desenvolvimento do Brasil”.
Esse é o pior caminho possível para resolver o fechamento do EISA. Uma comissão tripartite entre sindicato, governo e empresários para achar uma solução “que supere práticas arcaicas da relação capital trabalho”. O governo estadual vai dizer que não pode resolver e vai empurrar a batata quente para o governo federal, os empresários vão dizer para os operários reclamarem seus direitos na justiça e o sindicato vai dizer que “fez de tudo mas…”
O único caminho possível para os trabalhadores do EISA é se reunirem em assembleia geral, constituir um Comitê de Empresa e fazer o que tem que ser feito: ocupar o estaleiro exigindo a sua estatização com controle dos trabalhadores. É ir a luta e confiar nas próprias forças.