Ao nos aproximarmos da Plenária Estatutária Nacional da CUT o camarada Faustão escreveu esta contribuição ao debate, colocando em seu centro a necessidade da construção de um plano de mobilização para arrancar as reivindicações.
A CUT sem sombra de duvidas é um poderoso instrumento de defesa e luta das reivindicações da classe operária. Ao longo dos seus vinte e oito anos de existência nossa central esteve presente em vários momentos importantes da história da classe operária do País. Isso lhe conferiu enorme audiência e autoridade junto aos trabalhadores. Isso lhe coloca para sua direção enorme responsabilidade para exigir da presidente Dilma, que ele atenda as reivindicações da classe trabalhadora. Afinal das contas os trabalhadores e a Central foram os grandes responsáveis para a sua eleição.
A CUT não nasceu para ser correia de transmissão e nem para se ligar ao aparelho de Estado, por isso estamos de acordo com a Executiva Nacional da CUT quando afirma que no governo: “persiste o discurso de solução para a crise baseada na política neoliberal que a gerou, buscando-se a redução da relação dívida/PIB com políticas recessivas e aperto fiscal, reduzindo a capacidade de planejamento e ação dos Estados. Na esteira da redução dos gastos públicos vem a pressão pelas reformas previdenciária e trabalhista para retirar direitos e desregulamentar as relações de trabalho, com arrocho salarial e diminuição dos investimentos em políticas públicas”.
A resposta que a classe trabalhadora pode e deve dar à crise e aos ataques contra ela dirigidos, foi o tema principal nos debates realizados nas Plenárias Estaduais Estatutárias de agosto na preparação da Plenária Estatutária Nacional. A desoneração da folha, o Plano Brasil Maior, a contenção de despesas, os cortes no orçamento da União, a política de arrocho para salvar o capitalismo em crise não serve aos trabalhadores. A Plenária Nacional da CUT deve de fato elaborar um plano de lutas que organize a classe na direção do atendimento das reivindicações.
Mais uma vez citamos a resolução da Executiva da Central: “Crise econômica não se combate com ajuste fiscal (sem qualquer mudança da estrutura tributária regressiva e injusta), privilégios à especulação, recessão e criminalização dos salários”. Sim isso é verdade, mas há que passar das palavras para a ação, pois como a CUT identificou corretamente que: “(…) na contramão, a política macroeconômica brasileira mantém as altas taxas de juros, o câmbio valorizado, com implementação de cortes nos gastos públicos e elevação do superávit primário. E tenta transformar o salário em vilão da inflação”.
Mas quem é responsável pela aplicação dessa política é o governo de coalizão com a burguesia que tem à sua frente a presidente Dilma. Passa a ser crucial para o movimento dos trabalhadores, e, portanto para Plenária Nacional da CUT, responder às perguntas: é possível ir na direção da qualquer avanço no governo Dilma se ela continuar tendo sua base de apoio sustentada pela burguesia e seus partidos? Ou se é possível aos trabalhadores avançarem em suas conquistas e se defenderem da crise se eles se juntam e se coligam com aos patrões e seus partidos, coligando, por exemplo, a CUT à FIESP, ou se subordinam a CUT ao governo? Qualquer trabalhador negará estas possibilidades.
Os trabalhadores sabem que mais que nunca é necessário um plano de lutas no qual eles possam se apoiar para se protegerem dos ataques que o governo e os patrões estão lançando sobre suas cabeças.
Estamos com a CUT quando ela diz: “A CUT conclama o conjunto de sua militância a ampliar e fortalecer as campanhas em curso, como as greves dos/as trabalhadores/as da educação. Nesta quinta-feira, 15 de setembro, completa-se 100 dias de greve liderada pelo Sind-Ute contra a truculência do governo tucano Anastasia-Aécio de Minas Gerais. A CUT convoca suas entidades e todas as categorias a apoiarem a greve do Sind-Ute com mobilizações e solidariedade.
A CUT continuará a apoiar a greve da Fasubra e as lutas em curso dos/as servidores federais
contra o arrocho imposto pela redução dos investimentos públicos, à greve dos/as trabalhadores/as dos Correios lideradas pela Fentect, às campanhas salariais dos/as bancários/ as, dos/as petroleiros/as e dos/ as químicos/as, entre outras.
A CUT convoca sua militância a mobilizar caravanas de Norte a Sul do país para participar ativamente do dia 26 de setembro, Dia de Mobilização pela aplicação do Piso Nacional dos trabalhadores em educação em conjunto com a CNTE. E nos dias 27 e 28 no movimento Primavera na Saúde.
Realizaremos, ao final da 13ª Plenária da CUT, em Guarulhos, no dia 7 de outubro, um ato publico pelo Trabalho Decente, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários!”
Sim, não somos contra essas medidas, mas não tenhamos ilusões. Para derrotar os patrões e o imperialismo será necessário que o movimento vá muito mais além destas jornadas. Que a direção da CUT prepare um plano de mobilizações para impor as reivindicações, que poderia começar pela exigência da implantação do gatilho salarial para proteger os salários contra a alta da inflação.
Faustão É membro Direção Nacional da CUT