Em julho, pela primeira vez, em mais de uma década, as principais capitais brasileiras perderam 11 mil postos de trabalho. Será preciso averiguar os dados de agosto que ainda não foram publicados, para verificarmos se isso representa o início de uma ascensão do desemprego nas regiões metropolitanas, ou se foi apenas um espasmo isolado que anuncia uma enfermidade mais à frente. Mas uma coisa é certa, como já vínhamos dizendo há muito tempo: o Brasil não está isolado; não existe capitalismo num só país; a crise mundial que aqui já chegou não é apenas uma “marolinha”.
Em julho, pela primeira vez, em mais de uma década, as principais capitais brasileiras perderam 11 mil postos de trabalho. Será preciso averiguar os dados de agosto que ainda não foram publicados, para verificarmos se isso representa o início de uma ascensão do desemprego nas regiões metropolitanas, ou se foi apenas um espasmo isolado que anuncia uma enfermidade mais à frente. Mas uma coisa é certa, como já vínhamos dizendo há muito tempo: o Brasil não está isolado; não existe capitalismo num só país; a crise mundial que aqui já chegou não é apenas uma “marolinha”.
A burguesia e o governo submisso a ela sabem disso. E por isso buscam – antes mesmo de ter que cortar na carne, fechando massivamente postos de trabalho – fazer aprovar uma série de leis, emendas, etc. para aprofundar a exploração do trabalho, minar a capacidade de luta da classe trabalhadora e com isso enfrentar em melhores condições (para eles) a luta de classes com a chegada mais forte da crise.
Este é o pano de fundo para a aprovação do Projeto de Lei nº 4330/04, o PL da terceirização de autoria do deputado-empresário Sandro Mabel (PMDB-GO) – quando fechávamos esta edição (3 de setembro), no Congresso Nacional foi lançada violenta repressão contra manifestantes que lá estavam. A seção foi suspensa e a votação adiada. A terceirização, como sabemos, não apenas permite a redução de direitos trabalhistas, redução de salário indireto, mas também dificulta a organização sindical e reduz a capacidade de mobilização dos trabalhadores numa fábrica ou categoria; quando terceirizados se encontram empregados em diversas empresas menores e, muitas vezes, considerados de outras categorias, sem sindicatos ou com sindicatos fracos.
Também faz parte da preparação da burguesia para a crise a “extinção gradual” da multa de 10% do FGTS em caso de demissão sem justa causa. Claro! Se o plano é aumentar as demissões no próximo período, a burguesia quer reduzir o custo das demissões, certo?
Num contexto onde ano após ano os grandes bancos e empresas nacionais e estrangeiros sangram o país desviando quase metade do orçamento anual da União para o pagamento de uma dívida pública fraudulenta que já foi paga várias vezes, a direção da principal central sindical do país (CUT) chamou um “dia nacional de lutas e paralisações” em 30 de agosto, mas não preparou e nem organizou nada, a não ser fracos atos! E por que fez isso? Simples: ela continua com sua política tripartite de colaboração de classes e de “ajuda ao desenvolvimento do capitalismo”.
Na véspera, o presidente da CUT dizia que a pauta da central era “a reeleição de Dilma em 2014”! Em que mundo vivem esses dirigentes?
No site da CUT, contradizendo as palavras de seu presidente, está publicada a pauta aprovada da Central, que não inclui a reeleição da Dilma em 2014, mas revela muitas contradições. O primeiro ponto fala contra o PL da terceirização. Mas, na prática, a cúpula cutista, junto a deputados petistas, busca emendar o PL de Sandro Mabel para “melhorar o texto”! Depois a pauta segue reivindicando questões corretas, mas não levanta a questão central que permitiria garantir o atendimento de todas as reivindicações colocadas: o fim do pagamento da dívida interna e externa!
Há ainda muitas outras contradições: Fala do “fim do fator previdenciário”, mas não exige a revogação de todas as contrarreformas da previdência; fala em transporte de qualidade, mas não levanta a exigência de gratuidade e garantia dos serviços públicos (mesmo depois dos milhões que saíram às ruas em junho com esta bandeira) e reestatização de tudo que foi privatizado; pede mais verbas para a saúde, mas não fala contra a sua privatização; se opõe aos leilões do petróleo, mas não exige o restabelecimento do monopólio estatal. Ou seja: uma pauta contraditória, rebaixada, que não vai até o fim, vacilante e que reflete o caráter da atual direção majoritária do movimento operário brasileiro.
Os trabalhadores estão dispostos a lutar. Onde foram chamados à luta, o fizeram! É preciso dizer: No dia 30/08 não houve lutas e paralisações generalizadas porque os dirigentes da maior central sindical do país e dos sindicatos não moveram uma palha, não fizeram assembleias nas fábricas e locais de trabalho, para construir isso. Assim, o chamado de um “dia nacional de lutas” foi “para inglês ver”.
Como já dizia Leon Trotsky há 75 anos no manifesto de fundação da 4ª Internacional, o Programa de Transição: “A crise da humanidade se resume à crise de direção do proletariado”. E completava: “A orientação das massas está determinada, de um lado, pelas condições objetivas do capitalismo que se deteriora; de outro, pela política traidora das velhas organizações operárias. Destes dois fatores, o fator decisivo é, sem duvida, o primeiro: as leis da História são mais poderosas que os aparelhos burocráticos”.
Isso segue válido para todo o mundo e salta aos olhos como absoluta verdade no Brasil. Com esses dirigentes o horizonte da classe trabalhadora será de derrotas. Contra isso os trabalhadores conscientes combatem para construir a organização revolucionária para ajudar a classe a superar esta direção. Esta é a tarefa do momento.