A educação está doente no Brasil

Há uma campanha para jogar a culpa pela má qualidade da educação nas costas dos professores.

Em todo o mundo trilhões de dólares saíram dos cofres públicos na tentativa de estancar a crise econômica. No Brasil, apesar de termos um presidente do Partido dos Trabalhadores, a receita seguida foi a mesma de Obama, Gordon Brown e de tantos outros governantes empenhados em salvar o capitalismo.

Estima-se que em nosso país, mais de 300 bilhões de reais já foram parar nas mãos de banqueiros, empresários e multinacionais. Essa conta precisa ser paga, e já está sendo paga pelos trabalhadores. A destinação de dinheiro público para os capitalistas significa diretamente cortes de verbas para educação, saúde, moradia, cultura, etc. Cortes naquilo que os trabalhadores conseguiram arrancar do Estado com sua luta.

Façamos os cálculos: em pouco mais de um ano já foram destinados aos capitalistas, no Brasil, mais de 300 bilhões de reais, enquanto o orçamento previsto para a educação em 2009 é de 41,5 bilhões e o da saúde 59,5 bilhões. Educação e Saúde juntas somam menos de um terço do que foi dado para a burguesia! Os fatos demonstram que a velha desculpa de que não existe dinheiro para investir em saúde e educação é uma grande mentira.

Analfabetismo

O analfabetismo no Brasil continua alto, o IBGE calcula a taxa de analfabetismo e constata que 9,8% da população com mais de 15 anos é analfabeta (dados de 2008), em 2007 a taxa era de 9,9%, uma diminuição insignificante. Em números absolutos o total de analfabetos aumentou de 14,14 milhões para 14,25 milhões de adultos entre 2007 e 2008. A região nordeste é a que mais sofre com o problema, taxa de 19,4%.

Os analfabetos funcionais – segundo os critérios do IBGE, pessoas com mais de 15 anos de idade e menos de 4 anos de estudos completos – chegam a 21% da população no Brasil.

Dinheiro, muito dinheiro para os banqueiros e migalhas para a educação – esse é o resultado. A Venezuela, um país mais pobre que o Brasil, conseguiu erradicar o analfabetismo em 2005. A Bolívia, um país muito mais pobre que o Brasil, anunciou em 2008 que está livre do analfabetismo.

Os profissionais da educação estão adoecendo

Os profissionais da educação sofrem em todo o Brasil com os baixos salários, uma jornada excessiva, e ausência de estrutura para que possam desenvolver um bom trabalho.

São inúmeros os casos na categoria de depressão, pânico, problemas nas cordas vocais, LER (Lesão por Esforço Repetitivo), etc. Os professores, peça fundamental para a qualidade da educação, a cada dia estão mais doentes.

Os governos e a imprensa, de uma forma cruel, fazem uma campanha para jogar a culpa pela má qualidade da educação pública nas costas dos professores.

O governo Lula, ao invés de ir contra essa lógica e defender os trabalhadores da educação, institui em 2008 um Piso Salarial Nacional do Magistério de R$ 950,00 para uma jornada de 40 horas semanais. Um valor que não contribui em nada para a valorização do educador (veja mais sobre o Piso na edição 26 do Jornal Luta de Classes).

Lutar por mais verbas para a educação

Sem um investimento maciço do Estado na educação, o sucateamento que aflige todo o sistema público de ensino vai se aprofundar. Isso só favorece os donos de escolas particulares, que teriam seus lucros fortemente reduzidos se a educação pública fosse de qualidade.

O FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) apresenta-se como um formato insuficiente para garantir as verbas necessárias à educação. Ao vincular
a receita do Fundo a porcentagens de arrecadação de impostos de municípios e estados, fica sujeito às flutuações da economia. A crise econômica, por exemplo, provocou um corte de 10% no valor previsto para o Fundo. Além dos cortes já impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Hoje o Brasil investe, no total, 4,6% do PIB em educação, a própria UNESCO recomenda ao país que invista 8% do PIB neste setor. Um bom passo adiante seria o que alguns sindicatos e parlamentares defendem: os 10% do PIB para a educação, o que teria significado 290 bilhões de reais em 2009.

Mas para virar o jogo, é preciso que o governo rompa com a burguesia e seus partidos, apóie-se no povo para atender as nossas reivindicações. Essa é a nossa luta para a educação pública viver dias mais felizes.

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