No Congresso da Nação argentino, no dia 25 de outubro, os deputados se dispuseram a aprovar parcialmente o fraudulento orçamento do FMI e dos capitalistas e, assim, aprofundar violentamente o ajuste. Com a servil ajuda dos deputados do PJ[1], corresponsáveis pelo ajuste, o oficialismo conseguiu o quórum necessário para o funcionamento da sessão.
A aprovação e execução deste orçamento significa uma declaração de guerra para trabalhadores e setores populares.
Por sua vez, a resposta das massas não tardou em esperar e uma multidão se mobilizou em todo o país. Na cidade de Buenos Aires a mobilização se deu com a força da base dos sindicatos que a chamaram e, inclusive alguns, como os docentes, convocaram greve também. Novamente a direção da CGT[2] mostrou sua face reacionária e pavimentou o caminho para Macri ao não convocar nenhum tipo de ação ou plano de luta para confrontá-lo.
A resposta do governo também foi a habitual. Por meio da repressão com gás lacrimogênio, porretes e balas dispersou a mobilização, impedindo que centenas de milhares de trabalhadores permanecessem à frente do Congresso. Novamente os encapuzados de sempre, enviados pelos serviços de repressão, foram os encarregados de ascender a fagulha de uma repressão planificada pelo macrismo e justificada pelos meios de comunicação.
Combinando a repressão seletiva com as violentas detenções correntes, tentou-se amedrontar trabalhadores e juventude que lutam contra o ajuste de Macri. Até o momento de escrita deste artigo, 31 companheiros estavam detidos, incluindo o companheiro Nacho Levy, da Garganta Poderosa[3], que, literalmente, foi caçado a 15 quadras da Praça do Congresso, assim como aos trabalhadores do Estaleiro Río Santiago.
Mesmo assim, nas imagens transmitidas pela Crónica TV[4], pode-se ver ao vivo como um efetivo da polícia batia com uma barra um companheiro da Garganta que estava algemado no chão.
Nós da Corriente Socialista Militante (CMI) exigimos a imediata liberação de todos os detidos e responsabilizamos o governo por suas integridades físicas.
Por sua vez, chamamos a redobrar as medidas de luta para frear o saque em curso e derrubar Macri, assim como discutir medidas de autodefesa do movimento popular diante dos reiterados ataques das forças repressivas de Patricia Bullrich[5], que repetem o modus operandi sistematicamente marcha após marcha.
A burguesia e a oligarquia estão dispostas a ir fundo com o ajuste. Precisam sustentar sua taxa de lucro diante da crise capitalista mundial.
Não podemos esperar 2019, a luta é hoje, aqui e agora. A fome é hoje, aqui e agora. A saída não são as eleições dentre do marco da democracia burguesa.
Não precisamos de outro governo reformista, precisamos de uma Revolução.
A única saída possível em termos satisfatórios para os trabalhadores e o povo pobre passa por construir um partido de trabalhadores que seja capaz de reivindicar uma nova legalidade por fora do ajuste permanente que o capitalismo oferece. O ano de 2001 nos ensinou que em sequência ao “que se vão todos” devia ter: por um Governo dos Trabalhadores.
- Não é Macri – é o Capitalismo!
- Fora FMI!
- Não ao Parlamento do Ajuste!
- Por um Governo dos Trabalhadores!
[1] Partido Justicialista, fundado por Juan Domingo Perón em 1946, de caráter reformista e social-democrata (Nota do Tradutor – N.T.).
[2] Confederación General del Trabajo de la República Argentina – Confederação Geral do Trabalho da República Argentina, fundada em 1930 (N.T.).
[3] Revista mensal de cultura de periferia ou villera (em referência às villas ou, em tradução livre, favelas), editada por uma das cooperativas da organização social La Poderosa (N.T.).
[4] Emissora de televisão aberta argentina (N.T.).
[5] Ministra de Segurança do governo de Macri (N.T.).
Artigo publicado originalmente em 25 de outubro de 2018, no site “El Militante”, sob o título: “¡Abajo el presupuesto del hambre! ¡Libertad a los detenidos!“. Tradução de Nathan Belcavello de Oliveira.