Wanderci Bueno
Na semana que passou os jornais divulgaram que a Dívida Pública Federal (interna e externa) cresceu 3,39%. Isso pode parecer irrisório, mas se olharmos por outro ângulo de maio a junho a divida aumentou 59,14 bilhões de reais, perfazendo R$1.805 trilhão.
Esse aumento da Dívida Pública Federal ocorreu porque foram emitidos papeis no valor de R$ 43,31 bilhões que se soma a um aumento de R$ 15,84 bilhões decorrente dos encargos de juros sobre o endividamento. No mês de junho a divida acelerou porque o Tesouro também emprestou 30 bilhões ao BNDES que “pagou” o empréstimo com títulos, ou seja, o Estado emitiu mais papéis.
E nós com isso? Simples. Só com o valor pago relativo aos juros e encargos, 15,84 bilhões, daria para construir 316.800 moradias no valor de R$ 50.000,00 cada, ou ainda comprar 316.8 milhões de cestas básicas de alimentos no valor de R$ 500,00 cada.
Os investidores estrangeiros estão adorando toda essa situação. Com a crise nos EUA e Europa, fazem a farra aqui, ganhando dinheiro a rodo com a especulação. E é sempre bom lembrar que o BNDES está ajudando várias obras. As construtoras amigas logicamente alegremente agradecem. Até quando a farra vai durar? Fiquemos atentos para o que acontece nos EUA e na Europa. Se quebrar a Alemanha e os EUA der o calote, o maremoto será de grandes proporções.
Bicalho em seu artigo de 12 de julho que está na página www.marxismo.org tem razão quando diz: “…uma parte da burguesia americana, entre ela muitos democratas e republicanos, joga com a possibilidade de não renovar a dívida e dar um calote no mundo inteiro. Afinal, este tipo de coisa já foi feito de forma diferente nos anos 30 e a emissão indiscriminada de dólares esta levando exatamente a isto: os diferentes países emprestaram dólares a um determinado valor e como foi emprestado em dólares (a moeda do mercado mundial) ao emitir moeda, levando a desvalorização geral do dólar, temos simplesmente um calote parcial, tal qual está sendo recomendado à Grécia, e todo mundo esta pagando o déficit dos EUA. Ou seja, a guerra e a crise entre os diferentes capitalistas ampliam e aumentam as guerras entre os países”.
Os EUA devem uma fortuna para a China e na semana passada as autoridades financeiras do governo chinês imploraram aos espertos homens que manipulam as finanças norte-americanas para que façam de tudo para proteger os interesses dos investidores. Há um temor, uma verdadeira psicose entre os financistas do mundo todo frente à possibilidade de que as negociações sobre o orçamento estadunidense se prolonguem por muito mais tempo e que acabem por não ser aprovado o aumento no teto de endividamento, que é hoje de 14,29 trilhões de dólares.
Há o temor de que a situação norte-americana, se não conseguir saldar as dívidas, leve a uma situação de instabilidade no mercado financeiro internacional.
O New York Times divulgou que o presidente do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), senhor Ben S. Bernanke havia alertado o mundo inteiro que uma calamidade enorme ocorreria se Obama e os parlamentares conservadores não fizessem rapidamente um acordo sobre a elevação do teto da dívida. O impasse continua nos EUA entre Obama e conservadores. Se o calote dos EUA vier, quebra a economia chinesa, quebra o mundo todo.
Ao lado desses problemas existe outro não menos grave na Europa onde a quebradeira ameaça toda a zona do Euro e o próprio Euro. O mundo está à beira de grandes acontecimentos. Os poderosos devedores querem jogar o pesado fardo das dívidas nas costas dos mais fracos e já perceberam que se apertam muito, revoluções explodirão em vários cantos do planeta.
*Nota:
Dívida pública é aquela contraída por organismos do governo, seja ele, federal, estadual ou municipal, tanto no mercado interno como no mercado externo. Além disso, as empresas estatais e todo e qualquer outro organismo público, quando endividam, os seus débitos também constam do total da dívida pública.