O 12º CONCUT realizou-se de 13 a 16 de outubro, em São Paulo. Foi um congresso de crise para a toda poderosa direção. Ele mostrou que uma vaga de resistência e luta se prepara no movimento operário contra as direções sindicais que capitularam aos capitalistas e ao governo, abandonando a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora.
Esse foi um congresso de crise para a toda poderosa direção. Ele mostrou que uma vaga de resistência e luta se prepara no movimento operário contra as direções sindicais que capitularam aos capitalistas e ao governo, abandonando a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora.
O 12º CONCUT realizou-se de 13 a 16 de outubro, em São Paulo, com a presença de aproximadamente 2.300 delegados. O congresso elegeu uma nova executiva com 46 membros (38 da ArtSind, 3 da CSD, 2 de O Trabalho e 2 da AE e 1 da EPS).
A Esquerda Marxista elegeu o companheiro Ulrich Beathalter, presidente do Sinsej, de Joinville, para a Direção Nacional. Foi um congresso profundamente burocrático e dedicado a defender o governo, fazer críticas inócuas e ignorar todas as lutas em curso no Brasil.
Apesar de formalmente existirem teses e contribuições, defendidas em plenário, somente uma questão política foi a voto: sim ou não ao Plano de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz salário e jornada e é bancado com dinheiro do governo, jogando no lixo a posição histórica da CUT de luta por redução da jornada sem redução de salário.
Lula e Dilma, convidados para a abertura, fizeram um teatro, cada um a seu modo. Após a fala de Dilma, a maioria dos delegados conduzidos pela ArtSind, CSD e OT gritavam “Não vai ter golpe!”.
Dilma defendeu as medidas adotadas de ajuste e austeridade, segundo ela, para ter equilíbrio fiscal, diminuir a inflação e voltar a crescer. Falou da necessidade da defesa do seu mandato e dos milhões de votos que recebeu. Saiu logo após seu discurso e não ouviu Lula. Ele, por sua vez, fez uma defesa política do governo, reconhecendo as dificuldades. Disse que em todos os países o problema é o mesmo, na China, nos EUA e na Alemanha, e que existe miséria em todo o mundo.
Porém, Lula fez um jogo duplo. Elogiou Dilma e depois criticou-a, dizendo que a impressão de todos é que ela fez um discurso para se eleger e está aplicando a política de Aécio. Afirmou que está difícil aos apoiadores de Dilma, aos apoiadores do governo, defender essas políticas, que nós queremos a Dilminha que fez o discurso de hoje, não o de Aécio que ela parece repetir todo dia. E continuou, afirmando que Dilma disse hoje que veio para governar para os mais pobres. Essa é a Dilma que todos queremos.
Lula criou a Dilma, elegeu e montou o ministério com Levy, Kátia Abreu, Monteiro e outros burgueses, defende o ajuste e a austeridade, mas critica tudo e diz que quer outra coisa. Inacreditável!
A direção da CUT faz o mesmo jogo sem organizar nenhuma resistência real contra a política de austeridade. Ao contrário, participa da maracutaia de paralisar os trabalhadores e desmontar as lutas. Para isso, tem a ajuda não só da CSD (DS) como de OT.
Eles se empenharam na defesa do PPE, que é uma traição à classe trabalhadora e uma colaboração de classes descarada para salvar os lucros das multinacionais, dos patrões. A defesa do PPE foi feita por Júlio Turra (OT) e João Felício (ArtSind). Turra foi entusiasticamente aplaudido por Wagner, presidente da CUT e outros dirigentes (ver foto ao lado). Ele pediu que fosse feita uma “experiência com o PPE para ver se daria certo”. Falou que “Temos de ter responsabilidade como CUT. Essa resolução não prejudica quem é contra o PPE, como eu (…). Legitima a continuidade do debate (…). O debate contraditório será garantido (…). Não podemos dividir nossas fileiras nesse momento crítico”. Como se alguém pudesse impedir a continuidade do debate nos sindicatos.
A capitulação ao aparato da CUT leva a isso: “sou contra, mas quero que aprovem”. O texto da executiva da CUT é exatamente a defesa da proposta do governo: “A CUT autoriza as confederações da indústria a negociar (…) proposta experimental e limitada no tempo a um ano de duração (…). A CUT acompanhará a experiência negociada com o governo Dilma”. Enquanto todos eles acompanham os patrões e o governo, a classe trabalhadora vai sendo desarmada e imersa no desespero do desemprego, da retirada de conquistas e de direitos.
A Esquerda Marxista encabeçou a luta contra essa aberração desde a preparação do congresso e, no plenário do 12º CONCUT, o companheiro da Esquerda Marxista, Alex Sandro dos Santos, presidente do Sintrasem, de Florianópolis, e da direção da Confetam, enfrentou a proposta.
Muitos delegados da ArtSind, inconformados, abandonaram o plenário apenas para não votar contra seus dirigentes. O resultado surpreendeu a todos, com cerca de 30% do plenário, centenas de delegados, votando contra o PPE defendido por 98% da Direção da CUT.
Essa questão é tão importante que provocou divergências sobre a composição da direção da CUT dentro da ArtSind. A ala majoritária excluiu o setor ligado a Jaci Afonso (bancário) da executiva porque ele não aceitou apoiar o PPE. Isso teve um impacto importante no plenário e terá desdobramentos.
Foi nesta questão que toda a política de tripartismo e de colaboração foi concentrada. O resultado dessa votação demonstra como estão errados todos aqueles que abandonaram a CUT nos últimos anos ao invés de resistir e preparar a vitória. A linha sectária de “todos fora da CUT” é o caminho para deixar o controle dos batalhões pesados da classe nas mãos dos burocratas sindicais da ArtSind, CSD ou OT.
Agora, animados por esse resultado, é preciso continuar o combate na perspectiva de “Todos juntos contra a colaboração de classes! Todos juntos contra a política de austeridade!”.
A tarefa é reunir e ampliar a base dos que querem resistir, preparando a retomada da CUT para defender a independência e a luta de classe, as reivindicações e a luta pelo fim do regime da propriedade privada dos grandes meios de produção, pelo socialismo.
Sindicalistas que votaram contra o PPE estão organizando reuniões e debates visando construir uma nova corrente sindical no interior da central. Uma corrente que quer a CUT pela base, democrática, independente e socialista, e que luta pelo reagrupamento unitário do movimento sindical na CUT.